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Estado de Minas ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS

Usar o próprio sangue para tratar doenças como a covid-19 funciona?

Textos que circulam no WhatsApp afirmam que sim, porém não existem evidências científicas atestando que a técnica possua qualquer eficácia


postado em 14/04/2020 00:52 / atualizado em 14/04/2020 00:52

A auto-hemoterapia, que vem sendo divulgada na internet como uma possível cura para a covid-19 não possui eficácia comprovada contra nenhum tipo de enfermidade. A doação de plasma convalescente, outra técnica baseada no sangue, mas bem diferente, é que está em teste científico contra a doença causada pelo novo coronavírus(foto: Pixabay)
A auto-hemoterapia, que vem sendo divulgada na internet como uma possível cura para a covid-19 não possui eficácia comprovada contra nenhum tipo de enfermidade. A doação de plasma convalescente, outra técnica baseada no sangue, mas bem diferente, é que está em teste científico contra a doença causada pelo novo coronavírus (foto: Pixabay)
Uma técnica chamada auto-hemoterapia, que consiste na retirada do sangue do paciente e na aplicação deste mesmo sangue no músculo do braço ou nas nádegas está sendo divulgado em grupos de WhatsApp e redes sociais como uma das possíveis curas para a covid-19, doença casuada pelo novo coronavírus. Entretanto, não há qualquer evidência sobre a eficácia disso. Ou seja, trata-se de mais uma fake news (notícia falsa) baseada na pandemia.

Há cerca de cinco anos, devido a boatos que circulavam na internet dando conta de que auto-hemoterapia poderia curar diversas doenças, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo alertou que a técnica não tem fundamento científico e pode provocar efeitos colaterais graves, como infecção generalizada, e, até mesmo, levar o paciente à morte.

A instituição destacou, à época, que, além de se tratar de uma mentira, havia uma incoerência na técnica, já que ela consiste em retirar o sangue de uma pessoa para aplicá-lo novamente no mesmo indivíduo. O que não faria sentido, pois o exatamente o mesmo sangue já estava circulando no organismo.

Doação de plasma convalescente

O que talvez tenha levado muita gente a acreditar na fake news sobre a auto-hemoterapia é que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa autorizou os hospitais Albert Einstein, das Clínicas e Sírio Libanês, em São Paulo, a utilizar uma técnica conhecida como doação de plasma convalescente em pacientes com covid-19. Ela também é baseada na utilização de sangue para tratar doenças, mas de uma forma bem diferente da auto-hemoterapia.

A doação de plasma convalescente consiste em retirar o plasma do sangue de pessoas que foram curadas da covid-19 e injetá-lo em paicentes que sofrem com a doença em estado grave. O plasma é a parte líquida do sangue que resta a após a retirada das plaquetas, e é nela que ficam os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico quando alguém se cura de uma doença.

Deste modo, quando essa subtância é injetada em uma pessoa com a mesma enfermidade esses anticorpos passam a integrar o organismo do doente e podem ajudar a acelerar o processo de recuperação.

A doação de plasma convalescente já foi utilizada em epidemias como as de H1N1 e SARS com resultados animadores, entretanto, pesquisadores afirmam que a técnica não é sinônimo de cura e são necessárias mais pesquisas e testes práticos em humanos para entendê-la melhor. No caso da covid-19, essa terapia foi utilizada na China, apresentando bons resultados.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu, recentemente, uma nota técnica, orientando médicos quanto ao procedimento: "Estudos e testes anteriores são insuficientes para a comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do tratamento, requerendo uma avaliação mais aprofundada na forma de estudos clínicos", diz o texto.

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