
A narrativa acompanha três crianças – Malu, Nina e Cadu – que se conhecem pelas janelas de suas casas e, pouco a pouco, aprendem a se comunicar à distância, lidando intuitivamente com as diferenças. Malu, interpretada por Elizândra Souza, observa a vizinhança com um binóculo e narra os acontecimentos, descrevendo a cena para quem não enxerga. A personagem convida ainda o público a se autodescrever e a repetir, em Libras, a frase “Você quer ser meu amigo?”. Já Nina, vivida pela atriz surda Mariana Siciliano, ensina a Cadu (Alain Catein) formas de comunicação que dispensam a fala. A atriz e intérprete de Libras Thamires Ferreira completa o elenco no papel de síndica, dialogando em Libras com a plateia sobre os acontecimentos da vila.
O projeto nasceu da pesquisa do diretor Marco dos Anjos sobre como teatralizar recursos de comunicação assistida. Em vez de tratar a audiodescrição e a tradução em Libras como elementos paralelos à cena, o diretor buscou incorporá-los organicamente à dramaturgia. “Eu quis experimentar os recursos de acessibilidade desde o primeiro ensaio. O desafio era estar organicamente na dramaturgia, é ser acessível sem recursos extras e de maneira divertida. Então, os atores não traduzem o texto em Libras na sua forma tradicional. Eles levam a plateia para dentro do espetáculo, em uma narrativa que inclui a comunicação assistida dentro da cena, de forma lúdica”, explica o diretor, que já soma mais de 50 prêmios com a companhia Trupe do Experimento, da qual é fundador e diretor artístico há 18 anos.
Para construir a montagem, Marco contou com a consultoria de Vanessa Bruna, da Incluir pela Arte, e de Christofer Allex, consultor de Libras, além da participação de atores e atrizes com deficiência. O processo de criação incluiu desde os ensaios até a finalização, garantindo que a acessibilidade fosse pensada como parte da linguagem artística. Além disso, o espetáculo oferece fones abafadores para pessoas com sensibilidade auditiva, acessibilidade para cadeirantes e monitores especializados para o público.
“Da Janela” estreou em julho de 2024 no Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro, onde cumpriu temporada de um mês e seguiu em circulação pelo estado. Foi apresentado em festivais como a Festa Internacional de Angra dos Reis, em que foi indicado a Melhor Espetáculo Infantil. Em 2025, iniciou turnê nacional passando por Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza, com patrocínio da BB Seguros, além de 29 cidades pelo projeto Palco Giratório, do Sesc Nacional. Até agora, já percorreu 22 cidades e alcançou cerca de 14 mil espectadores.
Com sua proposta de unir dramaturgia e acessibilidade em uma mesma linguagem, “Da Janela” convida crianças e adultos, com ou sem deficiência, a experimentarem novas formas de comunicação e de encontro através do teatro.
Espetáculo “Da Janela”
Local: Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte- CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Temporada: de 6 a 15 de setembro de 2025.
Datas e horários: sessões aos sábados e domingos, às 15h e às 18h, e segundas, às 15h.
Acessibilidade: todas as sessões com Libras, narração poética e monitoria
Ingresso: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
Venda: no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH.