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Estado de Minas SAÚDE

Descobertos possíveis biomarcadores para infarto e outras doenças graves

Isso faz parte de uma pesquisa realizada na UFMG


postado em 12/03/2019 08:59 / atualizado em 12/03/2019 09:08

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Equipe de pesquisadores da UFMG, coordenada pelo professor Rodrigo Ribeiro Resende, descobriu biomarcadores que podem estar ligados ao infarto agudo do miocárdio, ao acidente vascular encefálico isquêmico, à pré-eclâmpsia, à hipertrofia cardíaca e à esquizofrenia. São doenças que, até o momento, não podem ser diagnosticadas na fase inicial por exames laboratoriais, como o de sangue. A descoberta gerou cinco pedidos de patente ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

O professor Rodrigo Resende, que trabalhou em parceria com os pesquisadores Valéria Sandrim, da Unesp (SP), e José Luiz da Costa, da Unicamp, (SP), afirma ao Boletim da UFMG que, apesar de apresentarem altos índices de mortalidade ou incapacidade, essas doenças ainda não têm nenhum biomarcador, e outras, como o acidente vascular encefálico, dependem de métodos diagnósticos caros, como tomografia e ressonância.

"A descoberta, além de tornar acessível o diagnóstico dessas doenças, propicia condições para monitorar a progressão da doença [prognóstico] e acompanhar a resposta dos pacientes aos tratamentos", diz o cientista.

As análises foram feitas com cinco classes de metabólitos extraídas de amostras de soro e plasma de pacientes hospitalizados. Segundo a pesquisadora Vânia Aparecida Mendes Goulart, da UFMG, que participou do estudo, os resultados surpreendem por terem sido encontrados logo na primeira análise. "Fizemos varredura de 187 metabólitos, mas não esperávamos que, logo de cara, os resultados apresentassem sensibilidade e especificidade tão típicas de biomarcadores. Existem estudos similares para outras doenças, mas nenhum com resultados capazes de oferecer o diagnóstico e prognóstico", afirma a cientista ao jornal universitário.

Foram traçados três painéis para acidente vascular cerebral isquêmico, que possibilitam diagnosticar o paciente na fase hiperaguda, acompanhá-lo na progressão da doença e monitorar o resultado do tratamento. Um painel foi traçado para infarto agudo do miocárdio, capaz de diagnosticar a doença nas primeiras horas após sua ocorrência. Segundo Goulart, esse painel pode complementar as informações obtidas pelo eletrocardiograma e auxiliar na escolha da melhor forma de tratamento.

As alterações metabólicas dos pacientes com esquizofrenia também surpreenderam a pesquisadora. "Percebemos que o metabolismo deles é totalmente diferente do de indivíduos que nunca tiveram a doença. Isso nos ajuda a conhecer as diferenças entre as doenças psiquiátricas e a monitorar o paciente, contribuindo para reduzir agravantes colaterais, como doenças cardiovasculares causadas pelo uso de antipsicóticos", diz a cientista ao Boletim da UFMG.

Biomarcadores

O aumento ou a diminuição de lipídios [tipo de gordura] nos perfis metabólicos é atribuído a processos inflamatórios decorrentes da progressão da doença e de outros processos, explica  Vânia Goulart. No caso do acidente vascular encefálico e do infarto agudo do miocárdio, assim que uma interrupção abrupta do fluxo sanguíneo para um êmbulo ou para um tronco provoca a privação de glicose e oxigênio no cérebro, a região afetada começa a sofrer um processo bioquímico que culmina com a morte de células. O organismo ativa a resposta inflamatória que pode levar ao aumento da ativação de enzimas, que, por sua vez, atuam degradando esses lipídios da membrana celular. Esses lipídios podem cair na circulação colateral e se apresentar como sangue periférico, tornando possível identificá-los como biomarcadores.

(com Boletim da UFMG)

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