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Estado de Minas SAÚDE

Excesso de sal causa inflamação no intestino

Isso foi comprovado por um estudo da UFMG


postado em 22/10/2018 09:55 / atualizado em 22/10/2018 10:25

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo diário de menos de dois gramas de sódio (ou cinco gramas de sal de cozinha). Esse tempero, muito comum nas casas dos brasileiros e nas mesas dos restaurantes, ativa células inflamatórias no sistema imunológico do intestino, podendo agravar quadros como os da doença de Crohn (que afeta o revestimento do trato digestivo) e da colite ulcerativa. A descoberta foi feita pela nutricionista Sarah Leão Fiorini de Aguiar em estudo realizado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De acordo com a orientadora do trabalho, professora Ana Maria Caetano de Faria, em entrevista ao Boletim da UFMG, camundongos submetidos por três semanas à dieta rica em sal apresentaram inflamação no cólon do intestino. Ela explica que o teor testado "não está fora do padrão de consumo da população brasileira, que ingere ao menos duas vezes mais sal do que o recomendado pela OMS e pelo Ministério da Saúde".

"Os resultados obtidos em nosso estudo representam um alerta para os efeitos inflamatórios na mucosa intestinal provenientes do consumo em excesso desse componente dietético essencial", afirma Sarah Aguiar ao jornal universitário, lembrando que, em pessoas com predisposição genética, esse pode ser um gatilho para o início ou o agravamento de doenças inflamatórias intestinais.

Como a mucosa do intestino é repleta de células do sistema imune, que têm a função de proteger o corpo contra infecções, liberam a substância intitulada citocina IL-23, que acabam sendo ativadas de forma exacerbada quando há excesso de sódio e levam ao recrutamento de neutrófilos, células inflamatórias que destroem os tecidos e provocam inflamação.

No experimento, animais que não tinham o gene para codificar a citocina IL-17 apresentaram inflamação mais branda. "A tese conclui que essa dieta tem efeito imunológico direto, pois, ao induzir a secreção de mediadores inflamatórios no intestino, faz o sistema imune trabalhar mais ativamente", explica a professora Ana Caetano. Segundo ela, a tendência é que o indivíduo viva cronicamente com uma inflamação subclínica que pode agravar outras eventuais inflamações no organismo. "E se esse indivíduo tiver propensão para o desenvolvimento de doenças inflamatórias do intestino, a dieta pode acelerar ou antecipar o processo", alerta a pesquisadora.

Sarah Aguiar lembra que a introdução de alimentos industrializados elevou drasticamente o índice de consumo diário de sódio que, na maioria dos países, é de nove a 12 gramas por pessoa. "As quantidades mínimas estimadas para a manutenção adequada das funções do sódio no organismo são de 200 a 500 mg por dia. No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009, do IBGE, constatou que cada brasileiro consumia 4,46 g de so%u0301dio por dia, o correspondente a 11,38 g de sal. Ou seja, o brasileiro estaria consumindo mais do que o dobro do que recomenda a OMS", destaca a nutricionista.

(com Boletim da UFMG)

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