Publicidade

Estado de Minas

Pragas urbanas


postado em 11/10/2011 08:00

O professor Norivaldo dos Anjos, especialista no combate a pragas de madeira, como cupins(foto: UFV-MG / Divulgação)
O professor Norivaldo dos Anjos, especialista no combate a pragas de madeira, como cupins (foto: UFV-MG / Divulgação)

Eles são quase invisíveis e agem sorrateiramente. Com a chegada do verão infestam as casas, especialmente nos lugares onde estão concentradas as madeiras, do piso ao teto. Os insetos xilófagos – cupins, traças e carunchos – são pragas que dão dor de cabeça em todo mundo e causam grandes prejuízos, inclusive ao meio ambiente: cada porta, cadeira, piso, viga de telhado de madeira, descartado por conta do ataque dessas pragas representa mais árvores que serão cortadas para reposição.

 

Não é à toa que antigos forros de madeira de casas tipicamente mineiras estão dando lugar ao concreto das lajes, já que o custo da madeira é maior do que a alvenaria. “Como a extração está cada vez mais difícil, a madeira está ainda mais cara, e os antigos telhados estão sendo substituídos por material metálico ou pela laje”, afirma o engenheiro civil Rogério Labriola. Para evitar a infestação de insetos nos empreendimentos da Privilege Construtora, ele opta por madeiras tratadas e certificadas, além de submetê-las a tratamento especial assim que chegam à empresa.

 

Cuidados que são necessários, já que as pragas de madeira vivem em grandes colônias, se reproduzem rapidamente e buscam locais onde haja abundância de papel, matéria orgânica vegetal e substâncias ricas em proteínas, do que se alimentam. Por isso é comum sua presença em peças de artesanato, altares, forros e mobiliários de igrejas barrocas, tapeçarias, estofados e livros.

 

Especialista no manejo integrado de pragas, o engenheiro Norivaldo dos Anjos, professor de entomologia florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), explica que para combatê-las não basta utilizar inseticida comum, e afirma que os venenos vendidos sem receita em supermercados normalmente são de ação geral. “O tratamento correto requer veneno apropriado de acordo com cada caso. É preciso tratar cada espécie de forma específica”, diz Norivaldo.

 

O combate feito por empresas especializadas em descupinização é o mais indicado. “Ao menor sinal, contrate equipe capacitada. Eles irão injetar veneno adequado em cada orifício encontrado, atacando diretamente o ninho”, orienta o entomólogo Ângelo Machado, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Como os insetos são atraídos pela umidade e se locomovem pelas paredes, o professor sugere colocar livros afastados do fundo de estantes, deixando uma camada de ar de no mínimo dois centímetros de distância.

 

O problema é tão sério que em Belo Horizonte um jatobá de 20 metros desabou em janeiro deste ano no Parque Municipal, localizado na região central, devido ao ataque ostensivo de cupins, causando a morte de uma pessoa que passava pelo local na hora da queda. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) fechou o parque à visitação por dois meses e solicitou o corte de 284 árvores por apresentarem os mesmos sintomas.

 

Especialistas da Universidade Federal de Lavras (Ufla) foram encarregados de diagnosticar mais de 300 mil árvores espalhadas pela cidade, em investimento de R$ 3 milhões. O relatório de pesquisa já foi concluído, segundo Ricardo Camargos, gerente de comunicação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

 

Outra novidade é a criação, no Centro Tecnológico de Viçosa da UFV, de uma empresa voltada para o estudo do combate ao ataque de pragas em madeira, especialmente em patrimônios históricos. Uma das propostas do grupo de engenheiros florestais é orientar sobre o uso de madeiras adequadas e imunizadas, e a importância da desinfestação nessas edificações. A empresa já está funcionando, mas será liberada e transferida para a iniciativa privada apenas em 2012.

 

 

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade