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Estado de Minas

Velhinhos e felizes


postado em 29/02/2012 07:51

O Dachshund Nick e o dono Raymond Souza de Paula: após mês de tratamento, cão apresenta recuperação(foto: Emmanuel Pinheiro, Júnia garrido)
O Dachshund Nick e o dono Raymond Souza de Paula: após mês de tratamento, cão apresenta recuperação (foto: Emmanuel Pinheiro, Júnia garrido)

Quando recebeu o diagnóstico de que Nick, um Dachshund de 11 anos ‒ o que equivale a quase 60 anos humanos ‒ deveria ser sacrificado em consequência de uma hérnia de disco e bico de papagaio (doenças que causam paralisia), o servidor público Raymond Souza de Paula não se conformou. Decidiu ouvir outras opiniões e correr atrás de tratamento. “De repente, em apenas três dias, ele ficou tetraplégico", conta Raymond. "O susto foi grande, mas eu jamais poderia matar um companheiro que me deu tantas alegrias.” Hoje, Nick faz acupuntura e fisioterapia para recuperar os movimentos e apenas um mês após iniciar as sessões, já move sutilmente as patinhas e gira o corpo sozinho.“É uma evolução e prova que muitos animais, até mesmo os mais idosos, podem ter a saúde restabelecida”, diz o veterinário Flávio M. de Oliveira Filho.

 

Para amenizar as consequencias do peso da idade, os donos de animais devem ficar atentos a alguns sinais. Após os seis anos de vida é comum o surgimento de tumores, doenças cardiovasculares, renais, endócrinas e articulares. As mais comuns são artrose, diabetes e o mal de Alzheimer, além do câncer. A boa notícia é que, em sua maioria, as doenças podem ser controladas, ou até mesmo evitadas, por meio de uma simples medida: prevenção. “Para que os animais envelheçam com saúde, os cuidados devem ser iniciados desde o seu nascimento, por meio das vacinas, vermífugo, alimentação balanceada e check-up anual”, orienta o veterinário Manfredo Werkhauser. “Eles têm as mesmas doenças que os seres humanos, e mais algumas que nós não temos”, afirma.

 

A nutricionista Celina Costa Dias não mede esforços para cuidar do cão Ballack , da raça Golden Retriever: "Meu filho brinca que sei onde está o cartão de vacina do meu cachorro, mas o dele, não"
 

 

Felizmente, tanto a medicina voltada para os pets, assim como os proprietários de animais, têm desenvolvido nova consciência sobre como lidar com os bichos, especialmente os senis. Mudança que gradativamente vem acabando com a temível eutanásia e com o abandono. “É uma metamorfose cultural mesmo. Em tese, ninguém abandona um parente porque ele está doente. Por isso, hoje, ao invés de descartar o animal debilitado, os donos optam por tratá-los”, diz o veterinário Rodrigo Rabelo.

 

A receita dos especialistas tem dado certo e pode ser observada em bichinhos como a gata Kitty, que aos 20 anos – a média de vida de um gato doméstico é de 16 anos ‒ esbanja vitalidade. “Ela sempre foi muito saudável e tenho certeza de que parte disso se deve ao carinho e cuidado que lhe dispensamos”, diz a empresária Sueli Brugnara Poni. Mesmo tratando de uma tireoide há dois anos e tendo perdido um pouco da audição e mobilidade, Kitty leva uma vida normal. “Não poupo tempo e nem dinheiro para melhorar sua qualidade de vida”, diz Sueli.

 

A empresária Sueli Brugnara com a gata Kitty, que já completou 20 anos de idade: "Ela sempre foi saudável"
 

 

Na opinião de Fernando Bretas, professor de farmacologia e terapêutica em animais da UFMG, a geriatria nos bichos está sendo levada a sério. “Hoje, os profissionais da área investem em tratamentos preventivos, o que antes nem se cogitava. Com isso, o bicho não precisa estar doente para ir ao médico”.

 

O check-up periódico salva cada vez mais vidas. Foi em um exame rotineiro que Sara ‒ poodle de 13 anos – recebeu o diagnóstico: infecção do útero. Após a retirada do órgão, outros problemas como catarata e obesidade também surgiram. Mas as visitas constantes ao veterinário e os cuidados dos donos garantiram sua sobrevivência, e o melhor, sua qualidade de vida. “Ela adora brincar e, ciumenta, não deixa nenhum estranho se aproximar de mim”, orgulha-se sua dona, a servidora pública Joana Brant.

 

A servidora pública Joana Brant com a poodle Sara, de 13 anos: "Como descobrimos a doença a tempo, a cirugia de retirada do útero foi um sucesso"
 

 

Outra apaixonada por animais, a nutricionista Celina Costa Dias atravessa a cidade para levar o cão Ballack - golden retriever de sete anos – ao médico. “Moro no Jardim Canadá, em Nova Lima, e levo o Ballack a uma clínica no bairro de Lourdes. Cuido tanto dele que meu filho brinca que sei onde está o cartão de vacina do meu cachorro, mas o dele, não”, diz. Submetido a uma cirurgia do fêmur em julho passado, Ballack faz sessões de fisioterapia e acupuntura. “Faço questão de acompanhá-lo e vejo sua evolução a cada dia”.

 

Os especialistas alertam que, com o passar dos anos, mudanças de comportamento e o surgimento de doenças são quase inevitáveis nos bichinhos de estimação, por isso é bom estar consciente dos riscos na hora da compra ou adoção de um animal. “O proprietário consciente não desiste de seu cão ou gato quanto ele precisa de maiores cuidados, principalmente os idosos”, pondera o veterinário Rodrigo Rabelo. Já os donos compartilham de uma mesma opinião: independente da idade, os animais merecem ser felizes.

 

 

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