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Estado de Minas

Não será mais um drive-in


postado em 28/03/2012 13:02

Carros com casais ocupam o mirante durante a noite: espaço transformado em local de encontros(foto: João Carlos Martins, Geraldo Goulart, Divulgação)
Carros com casais ocupam o mirante durante a noite: espaço transformado em local de encontros (foto: João Carlos Martins, Geraldo Goulart, Divulgação)

A placa na avenida Agulhas Negras, na altura do número 670, no Mangabeiras, indica o caminho para se chegar ao mirante, um dos pontos turísticos da capital mineira. Para quem ainda não o conhece, a sinalização dá a entender que o espaço tem um viés turístico. Ledo engano! O visitante encontrará pela frente sujeira e odores desagradáveis, que contrastam com a bela paisagem de BH, que pode ser apreciada do local tanto durante a noite, quanto à luz do dia. Isso sem falar que bastou anoitecer para que o mirante seja tomado por carros e casais mais animados e audaciosos, que transformam o espaço em verdadeiro drive-in. Prova disso são as inúmeras embalagens de preservativos encontradas por lá. Contudo, a situação está com os dias contados. A Fundação de Parques e Jardins da prefeitura da capital anunciou para março o início de obras de revitalização do local.

 

Amontoados de latinhas de refrigerante e cerveja estão espalhados por toda parte: sujeira é um dos maiores problemas
 

 

Não é difícil encontrar justificativas para o projeto. Para início de conversa, faltam banheiros. Segundo uma moradora vizinha ao mirante, que preferiu não se identificar, em muitas ocasiões ela se sentiu envergonhada por ter de indicar a turistas estrangeiros um matagal mais afastado, normalmente utilizado como banheiro. “É urgente uma estrutura melhor", diz a moradora do Mangabeiras.

 

Os bancos do local estão pichados e não faltam amontoados de latinhas de refrigerante e de cerveja. Na parte inferior, onde funcionaram duas emissoras de rádio, o chão é o símbolo do abandono, com várias rachaduras, poças de água e muita sujeira espalhada por todo canto, como papéis de bala, biscoitos e copos descartáveis.

 

Adriana Chaves e os filhos Luísa, Julia e Rômulo, na primeira visita ao mirante: “Poderia ter uma lanchonete e mesas"
 

 

Conforme o projeto da PBH, a obra irá consumir R$ 600 mil do orçamento municipal e tem o objetivo de transformar o mirante do Mangabeiras num atrativo turístico, de olho na Copa do Mundo de 2014. “Hoje não há controle no mirante e nem segurança”, explica Luiz Gustavo Fortini, presidente da fundação de Parques e Jardins da prefeitura. A obra deve durar de três a seis meses. Com a revitalização, o espaço vai ganhar uma portaria, além dos tão aguardados banheiros. Segundo Luiz, o mirante terá horário de funcionamento, que ainda está sendo definido.

 

Michele Cristina e o namorado, Marco Antônio, gostam de admirar a vista: "Se reformar, voltaremos mais vezes"
 

 

Para os visitantes apreciarem a vista, será construído um deck panorâmico de madeira de aproximadamente 120 metros quadrados. A área vegetal degradada será reconstituída, e um gramado será implantado atrás do deck para um descanso ou piquenique. Suzana Athayde Montandon, arquiteta responsável pela supervisão do projeto, explica outras melhorias: “Vamos revitalizar a área em termos paisagísticos, além de disponibilizar acesso aos portadores de necessidades especiais. A ideia é explorar a vocação natural de lazer de contemplação do mirante. A cidade só tem a ganhar”, diz.

 

A farmacêutica Adriana Rodrigues Chaves, de 38 anos, e os filhos Luísa, de 16; Julia, de 14; e Rômulo, de 13, conheceram pela primeira vez o mirante. Eles moravam em Divinópolis e há um mês se mudaram para a capital. “Poderia ter uma lanchonete e mesas para curtir a vista”, sugere Adriana. Porém, o projeto municipal não contempla a instalação desse tipo de estabelecimento. “Não foi previsto espaços de lanchonete ou restaurante porque, além de onerar o projeto, trata-se de um local que tem restrições de leis ambientais e do patrimônio”, avisa a arquiteta Suzana. O casal de namorados Michele Cristina dos Santos, de 31, e Marco Antônio Oliveira, de 27, admiram a bela vista do local: "Com certeza, se reformar, voltaremos mais vezes”, avisa Michele. Com certeza, não serão apenas eles.

 

 

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