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Estado de Minas

Eu voltei, agora para ficar...


postado em 09/04/2012 10:59

O engenheiro Carlos Carneiro Costa,  em um das obras da construtora na capital(foto: Junia Garrido)
O engenheiro Carlos Carneiro Costa, em um das obras da construtora na capital (foto: Junia Garrido)

No mercado de construção civil mineiro há alguns nomes que são verdadeiros ícones do setor. Gente que desbravou o cidade e, a partir dos idos de 60, quando teve início o processo de verticalizaçao de BH, lançou novidades e empreendeu edifícios que marcaram uma época.  No topo desta lista figuram três nomes até hoje atuantes e referência para o setor: Ney Bruzzi, da Caparaó; Ítalo Gaetani, da Castor; e Carlos Carneiro Costa, da Líder.

 

Este último, vive um momento particularmente motivador: aos 74 anos, depois de desfazer uma sociedade com a paulista Cyrela Brazil Realty, a maior companhia incorporadora do Brasil, ele volta a liderar sua firma e a fazer, pessoalmente, aquilo de que mais gosta: construir e incorporar terrenos.

 

A partir de 2008, quando a Líder associou-se à Cyrela, a figura de Carlos Carneiro Costa e de sua construtora distanciaram-se do mercado consumidor na medida em que deixaram de empreender com o vigor e dinamismo, que sempre foram sua marca. Companhia de capital aberto e de atuação nacional, à Cyrela interessava apenas projetos grandiosos, bilionários. Pequenos e médios empreendimentos, ainda que fossem ótimos negócios, não estavam na mira da nova sócia da Líder que, sendo assim, deixou de fazer vários. E isso aconteceu justamente no momento em que o mercado imobiliário mineiro (como aconteceu em quase todo o Brasil) viveu seu período de apogeu.

 

Para aproveitar o momento de expansão, os grandes e médios construtores da cidade lançaram-se em múltiplos projetos, de olho nas oportunidades que surgiam. Enquanto isso, a Líder se continha com os  empreendimentos grandiosos, como o Grand Olympus, complexo de nove torres de alto luxo erguido em terreno de 50 mil m2 em Nova Lima, na região metropolitana.

 

“A inovação sempre foi uma marca da Líder”, diz um empresário do setor de construção que conhece bem a empresa mineira. “Com a Cyrela, a construtora ficou lenta e perdeu essa característica”. De fato, Carlos Carneiro Costa sempre foi notabilizado por sua atuação arrojada. Muitas vezes pagou caro por isso. Um exemplo é o Life Center, empreendimento inédito, lançado por ele na zona sul da cidade, que compreendia um hospital, com clínicas, consultórios, shopping e hotel integrados. De tão inovador, o mercado teve dificuldades de absorver o projeto e parte do negócio teve de ser vendido para um fundo de pensão, a fim de viabilizá-lo.

 

“Ele tem espírito desbravador”, diz Joel Ayres, da Jam Engenharia, uma das mais conceituadas empresas de climatização do Brasil. “Sua maior motivação é garimpar nichos”.

 

Foi assim quando Carlos Carneiro Costa decidiu construir o Minas Casa,  o Minas Shopping e um condomínio de apartamentos de alto padrão, na região norte da capital mineira, área considerada inóspita à época e hoje o novo eldorado da construção. “O condomínio foi construído para se evitar que ali fosse feita uma ocupação que pudesse desvalorizar a região”, diz Carlos Carneiro.

 

Também foi assim em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde a Líder construiu  pelo menos 10 prédios, antecipando-se ao crescimento da cidade. Uma leva de outras construtoras perceberam a oportunidade e seguiram a ela em direção à cidade fluminense.

 

Por fim, ele percebeu que a região do Beldevere estava praticamente toda ocupada e resolveu avançar rumo a Nova Lima. Lançou ali o condomínio Grande Atlas, que praticamente inaugurou a verticalização na região do Vila da Serra e, em seguida, o megaprojeto do Grand Olympus, em 2006.

 

De lá para cá, Carlos Carneiro Costa era visto em festas e nas rodas. Mas seu espírito desbravador andava adormecido. Foi só a sociedade terminar, e já veio a novidade: o Ramada Minas Casa Hotel, que está sendo construído dentro do shopping Minas Casa. “Ele está a apenas uma passarela do futuro centro de convenções da cidade e em frente ao único ponto de parada do ônibus especial que vai para o Aeroporto de Confins”, diz o construtor, vislumbrando sucesso.

 

Nascido em Dores do Indaiá, na região central de Minas, esse mineiro de fala mansa, o mais velho dos homens entre os nove filhos de um gerente de banco que foi prefeito algumas vezes e de uma dona de casa dedicada e tradicional, Carlos Carneiro aportou em Belo Horizonte em meados da década de 1950. Encontrou uma jovem cidade efervescente de oportunidades, onde havia muito a se construir; era o cenário de que ele precisava para atuar. Foram surgindo os primeiros trabalhos, em parceria com um colega do antigo curso primário, até que, em 1969, decidiu fundar a Construtora Líder. Já na década de 1970, o foco escolhido foi o mercado de luxo, pois ali vislumbrou a possibilidade de inovar, de fazer edifícios nos quais ele teria orgulho de deixar sua assinatura.

 

“Eu cheguei a Belo Horizonte quando a cidade era do tamanho de Governador Valadares. O desenvolvimento que a capital viveu, desde então, é surpreendente”, diz. Os prédios de luxo criados pela Líder fizeram com que a construtora se tornasse uma espécie de grife no mercado. A assinatura da marca se tornou reconhecida, e o Grupo Líder agigantou-se e se diversificou com a construção de hotéis e shopping centers (veja arte). “É uma pessoa que tem paixão pelo que faz. Ele não pode ver um pedaço de papel, até um guardanapo, que começa a desenhar um projeto”, diz Liliane Carneiro Costa, filha do empresário.

 

Carlos Carneiro faz questão de visitar as obras e avaliar com os próprios olhos cada terreno em prospecção. Sem o veredito dele, ninguém bate o martelo. Tambem é comum vê-lo negociando diretamente com clientes. “O potencial de Belo Horizonte e entorno ainda é imenso”, diz.

 

A julgar pelo histórico e pelo ânimo do construtor, preparem-se. Porque a Construtora Líder está de volta e com  o mesmo rosto de sempre, o de Carlos Carneiro Costa. Afinal, “eu voltei, agora pra ficar. Porque aqui, aqui é meu lugar...”

 

 

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