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Estado de Minas

Os 40 anos da Família Corleone


postado em 23/04/2012 12:49

Marlon Brando deixou sua marca no personagem de Don Vito Corleone(foto: Divulgação)
Marlon Brando deixou sua marca no personagem de Don Vito Corleone (foto: Divulgação)

No final da década de 1960, a Paramount atravessava a fase mais aguda de uma grande crise, que havia se instaurado nas finanças do estúdio. Ao mesmo tempo, seus poderosos executivos comemoravam euforicamente a aquisição dos direitos de filmagem do livro que era o maior sucesso de vendas e críticas daquele período.

 

Nascido em Nova York, de origem italiana, o escritor Mario Puzo retratava a máfia em sua obra de uma forma inovadora, a partir da influência e do poder de uma família, mais precisamente na figura carismática de seu patriarca, nomeado carinhosamente por todos como “o padrinho”. A hercúlea empreitada seria entregue ao jovem e inquieto diretor Francis Ford Coppola, cheio de ousadas ideias na cabeça, o que atiçava bastante os “senhores” da Paramount. Esse projeto se revelaria a maior saga da história do cinema: O Poderoso Chefão (The Godfather), que no mês passado comemorou os 40 anos de seu lançamento nos cinemas da América do Norte.

 

O começo não foi fácil. Muito pelo contrário. A primeira impressão deixada por Coppola havia rapidamente se desfeito. O diretor passou a ser vigiado dia e noite, e a produção estourou seu orçamento inúmeras vezes. Os atrasos também aconteciam. Para piorar, os nomes de Marlon Brando (Don Vito Corleone) e de Al Pacino (Michael Corleone) não passavam no crivo dos produtores.

 

Mas, para resumir o longo processo: Coppola venceu. Conseguiu, a duras penas, fazer exatamente o filme que tanto idealizara. Já em sua primeira exibição para os executivos em Hollywood, uma sentença unânime: aquele seria o longa metragem que salvaria de uma vez por todas a Paramount, e ainda resgataria sua grandeza.

 

A trama se inicia na festa de casamento de Connie (Talia Shire, irmã do diretor), única filha de Don Vito Corleone (Marlon Brando). No escritório da mansão, onde a cerimônia acontecia, o poderoso capo exibe sua ascendência, explorando atividades ilegais, nos anos de 1940/50, centradas principalmente no contrabando. Na família Corleone existe uma certeza: o herdeiro natural do manda-chuva seria seu impetuoso filho Sonny (James Caan). 

 

O estrondoso sucesso, que arrebatou forte bilheteria, além dos principais prêmios da Academia, fez com que Mario Puzo e Francis Ford Coppola providenciassem com impressionante rapidez um roteiro para a continuação. Assim, em 1974, portanto apenas dois anos depois do filme original, estreava O Poderoso Chefão – Parte II (o título escrito dessa forma, em algarismos romanos, aparecia pela primeira vez desde então).

 

E o que parecia pouco provável ou impossível, aconteceu. A sequência da história foi considerada, de pronto, superior à primeira parte, um fato espantoso e inédito. Coppola, que, enfim, havia conseguido carta branca da Paramount, recebeu de seus colegas a chancela de “gênio da sétima arte”.

 

A comemoração dessas quatro décadas permite que se faça, muito oportunamente, uma defesa justa da terceira parte da saga, que tanto a crítica linchou quando de seu lançamento, em 1990. Coppola sempre preferiu encarar como um epílogo, chamando de A Morte de Michael Corleone. A sequência proposta em plena ópera Cavalleria Rusticana já é suficiente para sua associação a uma obra-prima. Sem deixar de lado o doloroso arrependimento de Michael. Sua pretendida redenção era fundamental na trajetória desse apaixonante e imortal personagem.

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