Quem vive em BH há mais de 40 anos lembra de quando o entorno do estádio do Mineirão, na Pampulha, era palco de disputas de velocidade. Milhares de pessoas se reuniam para assistir a pilotos como os irmãos Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno e o mineiro Toninho da Matta. As corridas de carro eram rotina numa cidade que ainda estava sendo erguida e que, por isso, dispunha de áreas que se transformavam em pistas, como acontecia também no bairro Cidade Nova, região Nordeste. O tempo, como os carros de corrida, voou baixo e aquela época apenas alimenta os saudosistas. Contudo, parte do clima está de volta. E um dos motivos para este flashback é o autódromo do Mega Space, em Santa Luzia, cidade na região metropolitana, que virou point dos amantes da velocidade.

Mas não são apenas os mineiros que estão curtindo essa nova fase do automobilismo no estado. O piloto Elson Nishimura, o Juba, de 32 anos, é piloto de drift, mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, e esteve no desafio. Para quem não sabe, drift é aquela manobra na qual os pilotos têm de esbanjar habilidade ao conduzir o veículo em alta velocidade e “andando” de lado. Ainda não entendeu? Então assista ao filme Velozes e Furiosos. Para Juba, o autódromo mineiro é o melhor do país para a modalidade graças à geografia. “Como o drift popular nasceu no Japão e nas montanhas, aqui é a pista mais top do país”, diz o piloto, monstrando a inclinação do traçado.

Para Pedro Sereno, presidente da Federação Mineira de Automobilismo (FMA), exceto a fórmula Truck (caminhões), o autódromo do Mega Space com os seus 2,6 mil metros de extensão, pode receber qualquer competição de automobilismo. Pedro ressalta a importância do espaço para descobrir talentos mineiros. “Estamos iniciando uma nova fase de formação de pilotos”, diz.
Gisele Calixto, diretora do Mega Space, lembra que quando o espaço foi aberto em 2003, praticamente, não existia carros de manobras ou de arrancada em BH. “Começamos com apenas uma reta de arrancada. Em 2005 aumentamos a pista para 1.500 m e ano passado houve novamente uma expansão para 2.600 m”, diz. Atualmente, cada evento automobilístico atrai cerca de 2 mil pessoas. Quem quiser sentir o gostinho de dirigir numa pista de automobilismo tem a opção de alugá-la e levar o próprio carro.

Curvelo, a 127 quilômetros de Belo Horizonte, vai sediar o maior complexo automobilístico da América Latina. O audacioso projeto, denominado AI Curvelo – Cidade Motor, está a pleno vapor: deve começar a sair do papel em novembro deste ano e ser inaugurado em 2015. Um dos pontos altos, sem dúvida, será o autódromo, que terá capacidade de receber todas as competições automobilísticas internacionais, entre elas, a cobiçada e milionária Fórmula 1. O custo da obra gira em torno de R$ 60 milhões, que serão custeados por empresários mineiros e até do exterior, como afirma Flávio Bergmann, empresário e idealizador da empreitada. “Será um projeto inovador, executado numa área de quase 3 milhões de m²”, diz Flávio. Apenas para comparar, o autódromo de Interlagos, em São Paulo, fica numa área de um milhão de m². O complexo deve contar ainda com condomínio residencial, hotel e galerias de lojas.