
A fama gastronômica não é recente. Décadas atrás, essa tradição teve início com restaurantes frequentados pela sociedade da época, como Tip Top e Bar do Primo, que tinha entre seus clientes empresários e políticos como Juscelino Kubitscheck. O cinquentão Tizé foi outro que ajudou no boca a boca e alicerçou o caminho boêmio até os dias atuais. Mas foi o surgimento de restaurantes sofisticados que impulsionou o cardápio gastronômico do bairro.

"Aqui tem um charme e energia que eu nunca vi em outro lugar", resume o empresário Matheus Mourthé, um dos caçulas do bairro. Seu maior empreendimento, o Olga Nur, que ocupa a disputada esquina das ruas Curitiba com Tomás Gonzaga, incorporou-se à constante efervescência de sabores da região. No restaurante, não é somente o que chega no prato que chama atenção. A coquetelaria esmerada é atrativa, mas fica difícil competir com o teto, que exibe 80 mil pendentes de madeira com ondulações. Por isso, a freguesia investe bastante nas selfies. "O Lourdes é o coração da cidade. É um bairro fantástico, não consigo achar um defeito sequer", diz o empolgado proprietário, que mora a poucos metros do restaurante. Há motivos de sobra para tanto êxtase, afinal, desde que Matheus fincou os pés no bairro, em dezembro de 2013, seus negócios só prosperam. A primeira aposta foi arrematar o Tizé, um dos bares mais citados naquelas ruas e destino de uma turma na faixa dos 30 anos. Pouco mais de um ano depois nascia ali em frente o já citado Olga Nur. Atualmente, Matheus mantém também um empório de hortifrútis. "É um bairro de oportunidades que atrai um público cheio de referências internacionais."

A mesma serenidade exibe Marise Rache, a chef que comanda o bistrô D’Artagnan, fundado em 2001. "Não quero inventar nada. Privilegio a qualidade dos produtos. Minha praia é fazer comida benfeita", revela Marisa. Trata-se de humildade em exagero para quem serve delícias que fazem os comensais salivar e sempre retornar, como as famosas costeletas de cordeiro com cuscuz marroquino. É essa união entre clientes de paladares exigentes, chefs competentes e empresários compromissados, todos convivendo em um ambiente dos mais amistosos, que rende ao Lourdes a alcunha de o bairro mais apetitoso da capital mineira.