Publicidade

Estado de Minas PET | SAÚDE

Gatos não são os principais responsáveis pela toxoplasmose

Ao contrário do que muitos acreditam, o perigo não mora nos felinos, mas em alimentos contaminados e ambientes não higienizados


postado em 20/09/2017 14:21 / atualizado em 21/09/2017 14:15

Prestes a ter o primeiro filho e com 38 gatos em casa, a cantora Keilla Jovi é sempre muito cuidadosa:
Prestes a ter o primeiro filho e com 38 gatos em casa, a cantora Keilla Jovi é sempre muito cuidadosa: "Tenho convicção de que o contágio vem muito mais da falta de higienização dos alimentos do que do contato com os animais" (foto: Bianca Rabelo/Divulgação)
A veterinária Camila Iani Godinho Rosa atua na área de fisioterapia, acupuntura e ozonioterapia em animais de estimação. Grávida de seis meses do primeiro filho, chega a atender 20 gatos por semana. Mesmo tendo contato direto com os felinos, exames periódicos de sangue comprovam que é negativa para a toxoplasmose. "Nunca tive contato com o protozoário Toxoplasma gondii, responsável pela transmissão da doença", diz. A toxoplasmose pode ser de origem infecciosa, congênita ou adquirida. O parasita intracelular é capaz de infectar pássaros, roedores, animais silvestres e vários mamíferos, entre eles os seres humanos, podendo acometer o feto ainda no útero e desencadear graves consequências. Contudo, o gato é tido como o vilão, mesmo não sendo nem de longe o principal responsável pela contaminação de pessoas.

Segundo os especialistas, na grande maioria dos casos a doença é adquirida via oral, por meio da ingestão de carnes cruas ou malpassadas de hospedeiros que contêm os oocistos (ovos) do parasita em seu organismo. A transmissão também se dá pelo consumo de água, frutas e verduras ou mesmo pela manipulação de utensílios de cozinha contaminados.

Com 38 gatos em casa, a cantora Keilla Jovi é sempre muito cuidadosa. Ainda mais agora, que está prestes a dar à luz seu primeiro filho. Ela relata que, por causa do preconceito, mudou de médico por três vezes durante a gestação. "Tenho convicção de que o contágio vem muito mais da falta de higienização dos alimentos do que do contato com os animais", diz. Para a nutricionista Luciana Angelini Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose comendo alimento contaminado é infinitamente maior do que o risco que os felinos oferecem. "Animais saudáveis, vacinados, em ambiente devidamente higienizado, não oferecem riscos", diz.

Para a nutricionista Luciana Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose via alimentos é grande:
Para a nutricionista Luciana Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose via alimentos é grande: "Animais saudáveis, vacinados, em ambiente devidamente higienizado, não oferecem riscos" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Em se tratando dos gatos, o contágio só ocorre em situações específicas. Para se contaminar por meio de suas fezes a grávida teria de ingerir os ovos nelas contidos, que só se tornam infectantes depois de 48 horas expostas ao meio ambiente, o que varia de acordo com a temperatura e a umidade. A veterinária Bárbara Peconick convive com gatos há mais de 15 anos e explica que apenas 1% dos bichanos transmite a doença, e somente no período de uma semana, durante todo o seu ciclo de vida. "Por isso, seguramente, o gato não é a principal fonte de transmissão da doença", diz. Após este período, o animal não elimina mais o oocisto, pois desenvolve imunidade contra o protozoário. "Sempre sugiro às grávidas que têm gatos que façam o exame no animal para confirmar a presença ou não do protozoário, o que evita sofrimento desnecessário", diz. A grávida também deve fazer exames laboratoriais periódicos.

Em indivíduos que tenham o sistema imunológico fortalecido, a toxoplasmose pode ser assintomática, ou seja, a pessoa pode ser portadora a vida toda sem que tenha ciência da doença. Alguns, entretanto, podem apresentar sinais discretos da infecção, com sintomas de dor no corpo e na cabeça, febre, cansaço e linfonodos inflamados. Nos casos mais graves, o tratamento é indispensável para evitar complicações e até mesmo o óbito do paciente.

Como deve ser a prevenção

  • Não ingerir carne crua ou malpassada e vegetais in natura sem que tenham sido higienizados corretamente. Se for retirar a casca, é fundamental lavar o alimento primeiro
  • Lavar as mãos com água e sabão depois de ter manipulado carne crua ou malcozida e vegetais
  • Cuidar da higiene dos utensílios de cozinha (facas, tábuas, colheres, escorredores) utilizados no preparo dos alimentos
  • Evitar contato direto com as fezes de gatos ou de outros felinos. Usar luvas quando for mexer no jardim ou em vasos com terra
  • Não permitir que as crianças brinquem em tanques de areia que permanecem ao ar livre em áreas de recreação, pois podem abrigar resíduos de fezes de animais infectados
  • Acostumar o gato a comer somente ração e castrá-lo para que fique apenas no ambiente doméstico e não saia à caça de roedores ou pássaros que possam estar infectados
  • Limpar diariamente as caixas de areia e manter o animal limpo e saudável

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade