A veterinária Camila Iani Godinho Rosa atua na área de fisioterapia, acupuntura e ozonioterapia em animais de estimação. Grávida de seis meses do primeiro filho, chega a atender 20 gatos por semana. Mesmo tendo contato direto com os felinos, exames periódicos de sangue comprovam que é negativa para a toxoplasmose. "Nunca tive contato com o protozoário Toxoplasma gondii, responsável pela transmissão da doença", diz. A toxoplasmose pode ser de origem infecciosa, congênita ou adquirida. O parasita intracelular é capaz de infectar pássaros, roedores, animais silvestres e vários mamíferos, entre eles os seres humanos, podendo acometer o feto ainda no útero e desencadear graves consequências. Contudo, o gato é tido como o vilão, mesmo não sendo nem de longe o principal responsável pela contaminação de pessoas.
Segundo os especialistas, na grande maioria dos casos a doença é adquirida via oral, por meio da ingestão de carnes cruas ou malpassadas de hospedeiros que contêm os oocistos (ovos) do parasita em seu organismo. A transmissão também se dá pelo consumo de água, frutas e verduras ou mesmo pela manipulação de utensílios de cozinha contaminados.
Com 38 gatos em casa, a cantora Keilla Jovi é sempre muito cuidadosa. Ainda mais agora, que está prestes a dar à luz seu primeiro filho. Ela relata que, por causa do preconceito, mudou de médico por três vezes durante a gestação. "Tenho convicção de que o contágio vem muito mais da falta de higienização dos alimentos do que do contato com os animais", diz. Para a nutricionista Luciana Angelini Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose comendo alimento contaminado é infinitamente maior do que o risco que os felinos oferecem. "Animais saudáveis, vacinados, em ambiente devidamente higienizado, não oferecem riscos", diz.

Em indivíduos que tenham o sistema imunológico fortalecido, a toxoplasmose pode ser assintomática, ou seja, a pessoa pode ser portadora a vida toda sem que tenha ciência da doença. Alguns, entretanto, podem apresentar sinais discretos da infecção, com sintomas de dor no corpo e na cabeça, febre, cansaço e linfonodos inflamados. Nos casos mais graves, o tratamento é indispensável para evitar complicações e até mesmo o óbito do paciente.
Como deve ser a prevenção
- Não ingerir carne crua ou malpassada e vegetais in natura sem que tenham sido higienizados corretamente. Se for retirar a casca, é fundamental lavar o alimento primeiro
- Lavar as mãos com água e sabão depois de ter manipulado carne crua ou malcozida e vegetais
- Cuidar da higiene dos utensílios de cozinha (facas, tábuas, colheres, escorredores) utilizados no preparo dos alimentos
- Evitar contato direto com as fezes de gatos ou de outros felinos. Usar luvas quando for mexer no jardim ou em vasos com terra
- Não permitir que as crianças brinquem em tanques de areia que permanecem ao ar livre em áreas de recreação, pois podem abrigar resíduos de fezes de animais infectados
- Acostumar o gato a comer somente ração e castrá-lo para que fique apenas no ambiente doméstico e não saia à caça de roedores ou pássaros que possam estar infectados
- Limpar diariamente as caixas de areia e manter o animal limpo e saudável