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Estado de Minas ESPORTE

Sérgio Sette Câmara segue sonhando com a Fórmula 1

O piloto mineiro conquistou sua primeira vitória na Fórmula 2, último estágio antes de alcançar a mais cobiçada categoria do automobilismo


postado em 19/09/2017 16:36 / atualizado em 21/09/2017 14:33

O piloto Sérgio Sette Câmara:
O piloto Sérgio Sette Câmara: "Não me deixo abalar por pressões. Tenho meus próprios sonhos e objetivos" (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro)
A Praça da Liberdade fica ainda mais bela numa tarde de inverno. Muitos jovens aproveitam para jogar conversa fora, caçar Pokémons ou namorar. O belo-horizontino Sérgio Sette Câmara, aos 19 anos, bem que poderia estar entre eles. Mas não. "Minha única diversão é a Fórmula 2. O que pode ser melhor que isso?", diz Serginho, sentado em um dos bancos da praça, durante rápida passagem pela capital mineira. Ele garante que não perde o foco.

O jovem mora há quatro anos em Sant Cugat del Vallès, a 30 minutos de Barcelona, e está acelerando rumo à Fórmula 1, a principal categoria do automobilismo. Competindo pela F2,  ele é considerado o substituto natural do brasileiro Felipe Massa. No último dia 27 de agosto, teve sua primeira vitória na categoria e levantou a taça no circuito Spa-Francorchamps, na Bélgica. "Não me deixo abalar por pressões. Tenho meus próprios sonhos e objetivos", diz. O piloto nunca escondeu o desejo de representar o Brasil na mais famosa categoria de velocidade. A meta vem desde os tempos em que corria de kart na antiga pista do Serra Verde - atual Cidade Administrativa.

Ele entrou pela primeira vez em um kart - o início natural de qualquer piloto - aos 6 anos de idade. Ir ao kartódromo, segundo ele, era uma premiação por notas boas na escola. Quando a coisa ficou séria? Nem o Serginho sabe. "Não achei que fosse alcançar tão rápido as competições de Fórmula", afirma. Ele sabe que para chegar a F1 precisa mostrar serviço em outras etapas da Fórmula 2. Para Pedro Sereno, presidente da Federação Mineira de Automobilismo, no entanto, o atual carro, da equipe MP Motorsport, é um empecilho. "É uma pena não ter um equipamento bom nas mãos. O Serginho cresceu muito rápido. Ele tem o pé no chão e muito potencial", diz.

Serginho levanta, no dia 27 de agosto, a taça do GP Spa-Francorchamps, na Bélgica, depois de ter largado na terceira posição do grid: primeira vitória veio na oitava corrida da temporada(foto: Sebastian Rozendaal/Dutch Photo Agency/Quick Comun/Divulgação)
Serginho levanta, no dia 27 de agosto, a taça do GP Spa-Francorchamps, na Bélgica, depois de ter largado na terceira posição do grid: primeira vitória veio na oitava corrida da temporada (foto: Sebastian Rozendaal/Dutch Photo Agency/Quick Comun/Divulgação)
Sérgio, atualmente o mais novo do grid, acredita que deva ficar mais dois anos na Fórmula 2, cujo bólido é bem mais potente e robusto que o da F3, categoria que disputou em 2014, 2015 e 2016. Para o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Waldner Bernardo, o mineiro tem todas as credenciais para chegar à F1. "Ele já mostrou sua perícia em um teste no ano passado. Contra tempos não há argumentos", diz Waldner. Na ocasião, Serginho entrou pela primeira vez em um carro de F1. Foi com a equipe Toro Rosso, em Silverstone, na Inglaterra. O piloto fechou 82 voltas e o melhor tempo foi 1min34s040, ficando poucos segundos atrás de Kimi Raikkonen, da Ferrari, com seus 1min30s665. Ele conseguiu outra proeza: ser o piloto brasileiro mais novo a entrar num carro da categoria, feito até então registrado por Nelsinho Piquet.

Em torno de Serginho há uma equipe de 10 profissionais, entre coaching, preparador físico, nutricionista e manager. Mas seu pai, o advogado Sérgio Sette Câmara, amante e profundo conhecedor do mundo da velocidade, continua sendo o grande tutor. "Decidimos sair do kart, olhamos para frente e vimos quais eram os pilotos brasileiros que poderiam ser os nossos concorrentes no futuro. Foi aí que vimos que poderíamos avançar", diz Sérgio pai.

Depois de quase nove temporadas no kart, competindo no Brasil e na Europa, Serginho pulou para a Fórmula 3, em 2014.  No ano passado, contratado pela Red Bull, ficou em oitavo na competição europeia, somando 74 pontos. O auge em 2016 foi no GP de Macau, o percurso mais badalado da F3. Ele subiu ao pódio, na terceira posição.

Ainda no ano passado, Serginho teve outro momento especial. Tornou-se embaixador do Instituto Ayrton Senna. O atual carro de número 14 estampa o selo "Senna Sempre". Apesar de o ídolo nacional ter falecido em 1994, quatro anos antes de seu nascimento, o jovem costuma recorrer a vídeos do tricampeão mundial. Faz isso para se inspirar, e não copiar, como gosta de dizer. "Ele é uma referência", diz. Se Serginho poderá suprir de vez a lacuna deixada por Senna, apenas o tempo dirá. Mas a contar pela disciplina e talento do rapaz, daqui a alguns anos, entrevistá-lo na Praça da Liberdade poderá não ser tão tranquilo.

A evolução de Serginho: do kart à Fórmula 2

2006 - Estreia na categoria Cadete
3º lugar na segunda etapa do Campeonato Mineiro

2009 - Categoria Cadete
Campeão Mineiro

2010 - Categoria Cadete / Super Cadete
Campeão Copa Sudeste
Campeão da Copa do Brasil
3º lugar no Sul-Americano

2011 - Categoria Júnior Menor
Bicampeão na Copa do Brasil
Campeão no GP Brasil de Kart

2012 - Categoria Júnior /KF3
Campeão Mundial X30 World, na França
Bicampeão no GP Brasil de Kart

2013 - Categoria KF Júnior / Graduado
Vice-campeão brasileiro de kart (Graduado)
Vice-campeão da Copa Brasil de Kart (Graduado)

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