
Tanto o profissional quanto os proprietários devem ser muito criteriosos para não tomarem uma decisão equivocada e, em algum momento, perceberem que ainda havia chance de recuperação. Afinal, os bichos são seres portadores de sensações e sentimentos, protagonistas de uma história que deixará memórias e muitas saudades. Muitas vezes, são considerados parte da família. Mesmo quando a cura não é vislumbrada, é possível que o pet viva em tratamento contínuo, sem comprometer a sua qualidade de vida. "Não é assim que faríamos se fosse com um humano? Em uma primeira análise, é preciso se colocar na pele do animal e excluir os fatores práticos e financeiros. Se houver dúvida, é porque a eutanásia não é a decisão mais acertada", diz o veterinário Gilson Dias Rodrigues, da Associação Bichos Gerais.

A ginecologista obstetra Samia Jabour não aceitava a ideia de ficar sem o yorkshire Brutus, de 16 anos, mesmo após ele passar a usar fraldas e a se alimentar via seringa. Acostumada a trazer vidas ao mundo, não se rendia à eutanásia: "Uma noite ele começou a chorar baixinho de dor e então percebi o quanto estava sofrendo. Só então aceitei a sugestão do médico que o acompanhava."

Olhando a foto de Lord, gato sem raça definida, a gerente Luiza Papini não esconde a emoção. Há quatro anos o adotou com uma doença grave e mesmo assim conviveram por incríveis nove meses. "Foram dias de muita alegria. Agradeço por todos os momentos que vivemos juntos." O quadro se agravou e evoluiu para insuficiência renal, chegando a um estado quase vegetativo. "Acompanhei todo o processo da eutanásia", lembra. "Enquanto ele dormia, a veterinária orava o Pai Nosso. Foi um conforto para mim." Meses depois, ela adotou os gatinhos Nina e Billy, seus novos companheiros.
O veterinário Denerson Rocha orienta aqueles que estão passando por esse momento tão difícil: "Esqueça um pouco as considerações técnicas e, com o coração aberto, deixe que o seu companheirinho participe da decisão. Tente entender o que ele está sentindo e a resposta virá."