Por aqui, um dos últimos empreendimentos a serem concluídos com tais concepções, em abril, foi o Concórdia Corporate, uma parceria entre a Construtora Caparaó, o grupo imobiliário internacional Tishman Speyer e a Codeme Engenharia. A torre foi erguida no Vale do Sereno, em Nova Lima, e em razão das soluções verdes que apresenta vai receber a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), na categoria Gold. Quem concede o selo, um dos principais do setor, é U.S. Green Building Council, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que tem o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental de edifícios. "A partir das ações, que começaram com a escolha do terreno, passando pela concepção do projeto, construção e entrega, devemos alcançar redução de consumo de 15% de energia e 54% no volume de água", diz Maria Beatriz Mundim, gerente de projetos e obras da Tishman. As janelas permitem visibilidade externa de 97% e iluminação natural.
O arquiteto e urbanista Alexandre Nagazawa, sócio da Bloc Arquitetura e Empreendimentos, afirma que o alto custo de se construir um prédio com tais tecnologias é compensado pela economia gerada durante o seu uso. "Empreendedores e consumidores estão percebendo cada vez mais o benefício dessas iniciativas. Todo mundo busca o verde. Ninguém mais aguenta tanto concreto", diz o arquiteto, que ajudou a desenhar o Veredas Empresarial, que está sendo construído pelo Grupo EPO, no Buritis. O empreendimento terá jardim escalonado, marquises, halls abertos, salas ventiladas e com iluminação natural. "Assim, deixamos de combater o calor com ar condicionado", diz Alexandre, que também atuou no projeto do Jardim Casa Mall, que abriga o Mercado da Boca, no Jardim Canadá, em Nova Lima. Nesse empreendimento, foram usados painéis de brises, que possibilitam melhor aproveitamento da luz solar e da ventilação, em estações mais quentes ou frias.
Soluções verdes significam também economia para o bolso. Nagazawa dá exemplo de um escritório de 50 metros quadrados, onde o ar condicionado é ligado todos os dias. Ao fim do mês, a conta de energia elétrica gira em torno de 600 reais. "Caso o ambiente tivesse soluções verdes adotadas em sua concepção e construção, com certeza esse consumo de energia cairia 40%", afirma. Uso de ventilação cruzada, instalação de beirais para sombreamento nas janelas e brises verdes para barrar a incidência solar direta são algumas das inovações.
Fernando Sergio Fogli, diretor técnico de meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do estado (Sinduscon-MG), confirma que o mercado vem investindo pesado na modernização dos processos de construção. O pensamento "verde" começa logo no canteiro de obras. "O ciclo de vida dos materiais de construção e a quantidade de água utilizada na obra são algumas das preocupações do segmento", diz. Conforme Fernando, o Brasil é o quarto do ranking mundial das certificações verdes, com 460 empreendimentos atestados pelo Leed.
As placas fotovoltaicas serão bem mais comuns nos projetos da MRV Engenharia daqui para frente. De acordo com Nathália Tomaz Guimarães, analista de projetos da empresa, em 2017, o sistema já foi instalado em 30% das unidades. "Nos próximos cinco anos, todos os empreendimentos da companhia terão energia fotovoltaica. A estimativa é de investir cerca de 800 milhões de reais na implantação", diz. O condomínio Ville Verdi, que está sendo finalizado no Buritis, terá sistemas de aquecimento solar, energia fotovoltaica, iluminação de LED e reúso de água da chuva. A data de lançamento ainda não foi definida.
A sustentabilidade também é priorizada pela MIP Edificações. Além de disponibilizar medidores individualizados de água e gás, que motiva um consumo mais racional, ela oferece coletores de óleo de cozinha para dar um destino ecologicamente correto ao produto. Trata-se de uma tubulação especial, através da qual o morador pode descartar o óleo, evitando o despejo na rede de esgoto. É o caso do Edifício Funcionários Lifestyle, na rua Santa Rita Durão.
Juliana Lembi, arquiteta da Construtora Patrimar, lembra que a previsão de ponto de recarga para carro híbrido também é uma realidade para a empresa, além das já conhecidas placas fotovoltaicas e painéis de energia solar. "Optamos ainda por sistema de reaproveitamento de água da chuva para irrigação de jardins e lavagens de áreas comuns dos condomínios." É o caso do The Plaza, entregue em dezembro no Belvedere. Juliana ressalta que a escolha do tom de cor da fachada também pode influenciar a retenção de calor nos ambiente. Pelo visto, as soluções verdes chegaram para ficar. O meio ambiente agradece e o bolso, também.
Conheça algumas inovações que já fazem parte de muitos empreendimentos de Belo Horizonte
- Elevadores inteligentes
Equipamento armazena energia durante as frenagens. Além disso, o usuário pode escolher o andar antes de entrar na cabine, o que gera economia e eficiência - Muros, jardins e telhados verdes
Favorecem maior conforto térmico, diminuindo a necessidade do uso de ar condicionado - Reaproveitamento de água pluvial
Possibilita economia de água e o armazenamento reduz o impacto do volume de água nas galerias subterrâneas da cidade durante temporais
- Reaproveitamento das águas cinzas
Sistemas integrados que reutilizam as águas de processos domésticos. Dependendo do nível de tratamento e filtragem, chegam a 100% de reutilização. Permite o uso em vasos sanitários e irrigação de jardins - Sistema de descarte de óleo de cozinha
Por uma tubulação especial, o produto é descartado em depósito à parte, o que evita o despejo na rede de esgoto - Painel solar e energia fotovoltaica
O primeiro permite o aquecimento de água da cozinha, banheiro e demais áreas; o segundo possibilita a geração de energia elétrica e garante 100% de economia - Vidro reflexivo
Controla calor e a luminosidade interna dos ambientes - Recarga de veículos
Espaço para abastecer carros elétricos ou híbridos - Iluminação em led
Garante consumo três a cinco vezes menor que lâmpadas convencionais - Medidores individualizados de água e gás
Favorecem consumo mais racional