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Estado de Minas

Seguro-viagem é importante, mas exige cautela na contratação

A apólice deve estar de acordo com o roteiro do passeio


postado em 20/07/2018 14:41 / atualizado em 20/07/2018 15:00

O biólogo Saulo Resende não costuma sair do país antes de contratar a proteção:
O biólogo Saulo Resende não costuma sair do país antes de contratar a proteção: "Até mesmo quem vai fazer um mochilão, hospedando-se em hostels, não deveria economizar com o seguro" (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Escolher o destino e esperar pelas férias cria uma ansiedade que quase todo turista curte sentir.  As expectativas são sempre as melhores, mas o que vai acontecer ao certo nesse roteiro, ninguém pode prever. O biólogo Saulo Resende, por exemplo, gosta de  praticar esportes radicais em suas viagens pelo mundo e traz na bagagem sempre muitas histórias para contar. Algumas inesperadas. Recentemente, em uma estação de esqui na Itália, seu filho, mesmo sendo um esportista habilidoso, caiu na neve de mau jeito. Uma fratura grave na tíbia do adolescente e as férias terminaram ali. Saulo também foi vítima de imprevistos. Certa vez, precisou de atendimento médico de urgência no Canadá, também já teve suas malas extraviadas quando foi conhecer o Círculo Polar Ártico. Por isso, ele desenvolveu uma espécie de expertise na contratação do seguro para viagens, o que em seu dicionário significa embarcar tranquilo. "Viajar não é brincadeira, e até mesmo quem vai fazer um mochilão, hospedando-se em hostels, não deveria economizar com o seguro", diz Saulo.

O mal-estar inesperado durante a viagem a Vancouver, no Canadá, fez com que Saulo tivesse de arcar com uma fatura de 20 mil dólares, sem contabilizar honorários médicos. "Os custos hospitalares no exterior são muito superiores aos que vemos no Brasil, não se comparam", diz o biólogo. Ele aprendeu a lição. No acidente do filho, na estação italiana de esqui Abetone, a família estava prevenida e a seguradora arcou com custos como as passagens compradas de última hora para o adolescente voltar ao Brasil. Quando teve suas malas extraviadas em pleno Ártico, Saulo também usou a proteção. "Na ocasião me pareceu que a seguradora fez um esforço para agilizar a busca e a bagagem reapareceu em 48 horas."

Em alguns destinos, o seguro é item obrigatório. Em países europeus, ter a cobertura mínima de 30 mil euros é um pré-requisito para passar pela alfândega. Além de atendimento médico e proteção contra o extravio de bagagens, o seguro pode garantir reembolso de passagens no caso de a viagem ser interrompida antes do planejado, cobertura dos custos de uma emergência odontológica, assistência jurídica e até traslado de corpos em caso de acidentes fatais. E os custos dos imprevistos no exterior assustam. O atendimento para uma fratura simples - sem a necessidade de cirurgia - sai entre 10 mil e 15 mil dólares nos Estados Unidos e e entre 8 mil e 12 mil euros na Europa. Com cirurgia, um atendimento desse não costuma sair por menos de 30 mil dólares nos Estados Unidos. Por outro lado, o custo médio de um seguro-viagem com duração entre sete e dez dias é de 80 dólares.

Márcia Parreira e Nery Vital acionaram, aqui no Brasil, o seguro para assistência médica de sua filha, em Londres: com dores de garganta e febre, menina foi atendida e medicada(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Márcia Parreira e Nery Vital acionaram, aqui no Brasil, o seguro para assistência médica de sua filha, em Londres: com dores de garganta e febre, menina foi atendida e medicada (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
É claro que quem adquire um seguro-viagem não quer usar o serviço. Mas os dados mostram que nos últimos anos cada vez mais turistas têm acionado as companhias seguradoras. "Há 15 anos, a taxa de utilização era de 3%. Agora, está em 12%", diz Vinicius Valadares, gerente regional de vendas da Travel Ace, companhia do grupo Zurich especializada em seguros-viagem. O número de brasileiros que compraram um seguro antes de embarcar também aumentou nos últimos anos - embora por aqui o percentual ainda seja menor que o registrado em outros países da América Latina. "Enquanto na Argentina e no Chile cerca de 70% dos turistas utilizam o seguro para viajar, no Brasil essa média é de 45%", afirma Marcelo Cohen, diretor da agência de viagens Belvitur.

Há 54 anos no mercado, a agência mineira está à frente da Seguros Promo, a maior plataforma de vendas do produto no Brasil (www.segurospromo.com.br). Ao acessar o site, o próprio consumidor pode comparar preços e coberturas entre oito seguradoras especializadas, adequando o seguro ao perfil da viagem. A taxa de vendas de seguro viagem na Belvitur dobrou nos últimos 12 meses, um reflexo, na opinião de Marcelo Cohen, do maior conhecimento sobre a cobertura. A dica dos especialistas é de que os valores contratados comecem a partir de 60 mil dólares. "Nos Estados Unidos, indicamos que a cobertura não seja inferior a 100 mil dólares, pelo alto custo da saúde americana", diz Cohen. Quando compra um pacote na Belvitur e opta por viajar sem a proteção, o turista deve assinar um termo de responsabilidade, no qual atesta que o produto lhe foi oferecido.

O advogado Rafael Magalhães viaja com frequência e, apesar de nunca ter precisado de assistência médica no exterior, já usou o  seguro-viagem quando perdeu suas malas na Holanda. "Estava muito frio e eu não tinha roupa extra na bagagem de mão", lembra. Rafael só recebeu sua bagagem de volta no Brasil, mas a indenização da seguradora serviu para que comprasse roupas extras e seguisse sua rota. Com espírito para aventuras, Rafael gosta de viajar para praticar esportes radicais, como snowboard e wakeboard, o que faz crescer o seu risco. "Sempre que contrato um seguro, fico atento para ter certeza de que o contrato cobre a atividade que vou praticar." A arquiteta Márcia Parreira também prefere se prevenir e já precisou usar a cobertura em duas situações. Na primeira vez, foi indenizada pela seguradora porque a mala da filha adolescente que voltava de uma viagem à Disney, nos Estados Unidos, desapareceu antes de chegar a Belo Horizonte. "Sentimos que a indenização foi uma recompensa pelo transtorno." Recentemente, sua filha precisou de um atendimento médico em Londres. Do Brasil mesmo, Márcia acionou a seguradora e sua filha, que sentia dores de garganta e febre, foi atendida e medicada na Europa.

Para evitar dores de cabeça no exterior, é importante adequar o contrato ao perfil da viagem e, principalmente, ter atenção aos itens que o seguro não cobre. "O turista deve definir quais coberturas mais atendem às suas necessidades e pedir que elas sejam estipuladas claramente no contrato", recomenda Luciana Atheniense, advogada especializada em direito do consumidor e professora no curso de turismo da PUC Minas. Ela também alerta sobre o valor mínimo da cobertura exigido por alguns países e explica que a prevenção busca fornecer segurança aos viajantes, sobretudo nas situações inesperadas ou emergenciais no exterior, como roubos, extravios e despesas médicas. Os imprevistos de fato acontecem. Mas, mesmo com eles, nada melhor que lembrar de uma viagem como uma aventura que deu certo.

Alguns itens que merecem atenção antes de contratar seu seguro-viagem


  • Veja o que está incluído na apólice, já que ela pode abranger cobertura para doenças, medicamentos e morte, mas também extravio de bagagem, passagem área emergencial para familiar, fisioterapia, entre outros

  • Defina qual cobertura mais atende suas necessidades e peça que ela seja estipulada claramente no contrato

  • É importante constar da apólice: itens da cobertura; valor da indenização; cláusulas de exclusão ou de cancelamento; cobertura a terceiros, se houver; e identificação dos beneficiários

  • Quando o seguro estiver ligado ao cartão de crédito, não se esqueça de solicitar a apólice à operadora. Caso a cobertura não seja considerada suficiente, é recomendável contratar outro plano separadamente para complementar

  • Antes de viajar, guarde em local de fácil acesso telefones de contato da empresa contratada

  • Caso faça um atendimento médico para reembolso posterior, certifique-se quais são os documentos e recibos necessários

  • Atividades como balonismo, esqui, jet-ski ou turismo de aventura exigem cobertura específica para essa finalidade. Quanto mais o contratante se expuser a riscos, mais alto será o preço do seguro

  • Algumas empresas disponibilizam atendimento em português, o que pode facilitar o socorro em casos de emergência

Fonte: Luciana Atheniense, advogada especializada em direito do consumidor e professora de legislação turística na PUC Minas

Compare preços e algumas coberturas de quatro seguradoras da plataforma Seguros Promo (Destino: Europa / 7 dias)

Seguradora: Affinity
Quanto custa: R$ 114,72
Coberturas:

  • Despesa médica hospitalar total: 60 mil dólares
  • Invalidez permanente por acidente: 50 mil reais
  • Assistência odontológica: 800 dólares

Seguradora: Assist Card
Quanto custa: R$ 220,64
Coberturas:

  • Despesa médica hospitalar total: 150 mil dólares
  • Invalidez permanente por acidente: 40 mil dólares
  • Assistência odontológica: 700 dólares

Seguradora: GTA
Quanto custa: 271,20 reais
Coberturas:

  • Despesa médica hospitalar total: 275 mil dólares
  • Invalidez permanente por acidente: 250 mil reais
  • Assistência odontológica: 800 dólares

Seguradora: Travel Ace
Quanto custa: R$ 81,20
Coberturas:

  • Despesa médica hospitalar total: 40 mil dólares
  • Invalidez permanente por acidente: 40 mil dólares
  • Assistência odontológica: 300 dólares

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