Estado de Minas ESPECIAL EDUCAÇÃO

Escolas particulares de BH se preparam para o futuro

Instituições se movimentam para acompanhar os alunos do século XXI e oferecer fundamentos e ferramentas para que eles enfrentem um amanhã totalmente incerto. Bilinguismo, inovação, ênfase em habilidades socioemocionais e linguagem computacional são algumas das principais apostas


postado em 19/09/2018 13:58 / atualizado em 20/09/2018 09:15

(foto: Samuel Gê/Encontro e Uarlen Valério/Encontro)
(foto: Samuel Gê/Encontro e Uarlen Valério/Encontro)
O filósofo e psicólogo John Dewey, principal nome da educação americana do século XX, cantou a pedra ainda na primeira metade dos anos 1900. É dele a frase: "se ensinarmos aos alunos de hoje como ensinamos aos de ontem, os roubaremos do amanhã". Se essa necessidade já era visível nas primeiras décadas do século passado, atualmente, está escancarada. Em um contexto em que os smartphones - e toda a informação acessível por ele - estão literalmente na palma da mão dos alunos, em que a tecnologia avança em um ritmo frenético e em que já não nos espanta tanto o fato de que  65% das crianças atualmente na escola primária trabalharão em funções ainda inexistentes (dados do Fórum Econômico Mundial), não se pode mais pensar na educação da mesma forma. No entanto, o modelo de escola, em termos gerais, não tem acompanhado essa evolução. "Tem uma frase que diz que, se Pedro Álvares Cabral voltasse hoje a Porto Seguro, só dois lugares lhe seriam familiares: igreja e escola. Nos colégios, o modelo ainda é de um professor lá na frente, aquele monte de carteiras enfileiradas, voltadas para ele, que tem o conhecimento a ser transmitido", diz Alexandre Hatem, membro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, que foi colaborador do projeto NeuroEduca, da UFMG, por 15 anos.

A discussão é mundial e ainda não há respostas concretas, mas muitas perguntas a partir das quais especialistas e instituições têm buscado novos caminhos e ressignificado práticas tradicionais. "A educação, para acompanhar o momento em que vivemos e as nossas necessidades sociais, está sendo impelida a reinventar e repensar suas práticas", afirma Manu Bezerra, mestre em educação e pedagoga certificada como Google Innovator (programa da empresa americana que reúne pessoas que incentivam a inovação na área de educação). Isso impacta não só as metodologias - aquelas consideradas ativas, com o aluno como protagonista, estão cada vez mais valorizadas -, como o currículo, com habilidades socioemocionais, a lógica computacional e a educação bilíngue sendo parte importante do que a escola precisa agora trabalhar, e até a estrutura física, com novos formatos e espaços para propiciar diferentes formas de aprender.

"A pergunta que nos fazemos sistematicamente, que é como formar para o futuro, já teve resposta mais fácil", diz Lorena Macedo, diretora do colégio Santo Agostinho, unidade Nova Lima. "Como ninguém sabe como ele será, temos buscado projetos que vão dar fundamentos e estrutura para o jovem dar conta de lidar com a incerteza", completa. Nos últimos anos, o colégio têm investido na formação bilíngue e na internacionalização, bem como no programa de ensino integral, com uma série de tempos pedagógicos voltados para habilidades como as socioemocionais e a robótica. "Nós, da educação, temos de entender que podemos oferecer mais. Devemos oferecer o que é exigido, com qualidade, e também extrapolar, sonhar pedagogicamente", afirma. Apesar disso, Lorena acredita que não é necessário ser disruptivo em relação ao que se pratica hoje. "Isso pode e deve ser processual, pois a responsabilidade, quando se trata de educação, é grande demais. Estamos falando de formação humana", afirma. "O que não se pode é ficar parado."

O Santo Agostinho foi pioneiro em uma das principais tendências educacionais do momento, e que a partir do ano que vem deve ser oferecida em várias outras escolas particulares de BH: o bilinguismo ou imersão em inglês. O modelo pode variar, mas a proposta, em linhas gerais, é de oferecer um horário por dia de aula ministrada no idioma, sendo que a disciplina ensinada pode variar. O projeto começa com os pequenos - na educação infantil ou anos iniciais do fundamental -, pois a ideia é familiarizá-los com a língua o mais cedo possível.

Especialista na implementação de projetos de bilinguismo em escolas por todo o país, Flávia Fulgêncio, diretora da EBI (Escolas Bilíngues Internacionais) e diretora acadêmica do Grupo Green, diz que, apesar de ser o resultado mais visível, tornar os alunos fluentes no inglês não é o único propósito desse tipo de prática, que traz ainda vantagens cognitivas. "Educar em duas línguas tem diversos benefícios, e isso começou a ser percebido", explica. Segundo ela, quando se aprende uma língua estrangeira, adquire-se também um outro jeito de pensar, atrelado àquela cultura, àquela estrutura linguística, ao recorte de tempo com o qual aquele povo trabalha linguisticamente. Em termos de benefícios mais práticos, Flávia ressalta que o trânsito no meio acadêmico também se torna mais fácil, pois a educação bilíngue envolve aprender outras disciplinas em inglês (ou seja, não é o ensino da língua por si só), o que torna o aluno mais à vontade com essa prática.

Essa é uma boa notícia para quem for fazer graduação no exterior, projeto que, inclusive, tem se tornado mais comum nos últimos anos. Ao contrário do intercâmbio durante o ensino médio ou faculdade, fazer todo o curso fora era um caminho menos procurado pelos jovens, não só por ser mais caro, mas também mais burocrático, além de exigir um alto nível do idioma. "O que os alunos estão percebendo é que as universidades estão interessadas em diversidade, o que inclui muita abertura para alunos estrangeiros", explica Bernardo Cozzi, sócio da International Prep, consultoria desse tipo de serviço. O projeto de High School, que algumas escolas da cidade iniciaram há alguns anos, também é um bom caminho para a graduação fora, pois o diploma de ensino médio validado pelo ministério da educação do país estrangeiro pode facilitar essa entrada. Segundo Edna Roriz, diretora da escola de mesmo nome, que foi a primeira de Minas a ter o projeto, esse movimento vem se desenhando há anos e é sem volta. "Não dá para preparar o aluno para passar o resto da vida aqui", afirma.

Outra língua na qual os alunos deverão, senão ser fluentes, conseguir se situar, é a computacional. Aulas de programação e de robótica estão surgindo em grades curriculares e, sobretudo, em cursos terceirizados dentro e fora das escolas. Mas esse projeto deve ser pensado de forma integrada ao currículo, alerta Manu Bezerra: "Caso contrário, criamos uma série de projetos extras e a escola continua ‘chata’. E corremos o risco de a tecnologia continuar sendo apenas entretenimento para a criança". Na Fundação Torino, desde a educação infantil, alunos começam a se familiarizar com o sistema binário com as aulas de pensamento computacional, que vão se tornando mais complexas e formais progressivamente. No início, são jogos interativos, lógica e combinação. A partir do fundamental, entra a programação via plataforma Scratch, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a favorita das instituições mais antenadas. "O aluno não pode ser refém do robô, da tecnologia, e sim protagonista desse processo", diz a diretora-geral, Márcia Naves.

No colégio Loyola, a linguagem computacional é inserida de maneira diferente. Há quatro anos, a instituição elaborou o projeto de pensamento computacional e linguagem, uma metodologia que pode ser aplicada em diferentes disciplinas, como inglês, matemática e ciências. O responsável por uma determinada matéria que estiver interessado em enriquecer o conteúdo e o aprendizado dessa maneira procura o professor Fernando Nunes, responsável por essa abordagem. "Em vez de ensinar com aula expositiva, o professor dá ao aluno a chance de aprender criando um programa", explica. Além do conteúdo daquela matéria, que vai ser abordado com essa proposta, os alunos também vão avançando gradualmente na programação à medida que vão fazendo os encontros com Fernando. "A ideia não é formar programadores, pois não somos uma escola técnica, mas que o aluno tenha acesso a essa ferramenta", diz. "Assim, ele aprende a criar, e não apenas a consumir tecnologia", afirma.

Postura ativa e protagonismo têm sido palavras-chave nas discussões sobre educação. Conceitos como metodologias e abordagens ativas, educação baseada em projetos e aprender fazendo não são novos - o último, aliás, é central na teoria de John Dewey -, mas se tornaram ainda mais necessários no contexto em que o professor não cabe mais no lugar de detentor do conhecimento a ser passado para os alunos. Seu papel tem sido pensado como o de mediador do processo de aprendizagem, que está, essa sim, em foco. O que se tem chamado de "cultura maker" (pôr a mão na massa) tem ganhado força nas escolas, por favorecer esse processo, e envolve desde projetos com produções mais simples e materiais básicos até projetos elaborados de robótica. "Esse modelo centrado na experiência favorece que se teste, erre e conserte com o processo acontecendo. O erro, assim, não é punitivo, mas parte da experiência", diz Manu.

O espaço físico amplo, as salas grandes e flexíveis e os ambientes com diferentes propostas não são imperativos, mas podem favorecer essas formas de aprendizagem. Um exemplo recente de iniciativa nesse sentido foi o tradicional colégio São Luís, de São Paulo. Desde 1918 na avenida Paulista, ele anunciou no início deste ano a mudança de endereço para a região do parque do Ibirapuera, prevista para 2020. O intuito é de viabilizar propostas pedagógicas voltadas para a mão na massa e métodos como sala de aula invertida (em que o aluno é responsável pelo aprendizado e o professor atua como orientador) e aprendizagem por projetos. Segundo a direção, as salas serão maiores e organizadas fisicamente por área de conhecimento, além de vários espaços multiúso (que serão laboratórios, salas de robótica e de atividades maker).

Em BH, a Fundação Torino prevê para o ano que vem o início de funcionamento do espaço maker, voltado justamente para esse tipo de atividade. "Será um espaço de experimentação, para criarmos protótipos", diz Márcia Naves. Já o Bernoulli inaugura em 2019 a unidade Bernoulli Go, voltada exclusivamente para a educação infantil e os anos iniciais do fundamental, cujo projeto arquitetônico também favorece múltiplas formas de aprendizagem: serão salas amplas, com paredes de vidro e disposição flexível do mobiliário, além de solário, horta pedagógica e espaço maker. "Os espaços diversificados de aprendizagem farão com que a criança tenha outras possibilidades, outras formas de aprender", diz a diretora da nova unidade, Andreza Félix. "Mas mais importante do que os espaços é o olhar do professor", ressalta.

De fato, essa nova perspectiva requer também professores atualizados e afinados com as novas práticas e propostas. "Educar para autonomia, sociabilidade, resiliência, criatividade, curiosidade, isso exige professores muito bem preparados e seguros para ocupar esse papel", afirma Cornélia Cristina Brandão, especialista em Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Bernoulli Sistema de Ensino e integrante da Comissão do Conselho Estadual de Educação. "Se você remonta no tempo, o que se exigia dos professores era domínio de seu objeto de conhecimento. Hoje, soma-se a isso a necessidade de dar atenção a essa nova dimensão", completa.

Cornélia se refere, entre outros pontos, às habilidades socioemocionais, que estão não apenas presentes em discursos sobre os desafios futuros que os alunos enfrentarão, mas já formalizadas nas diretrizes da BNCC, aprovada em dezembro passado, como parte do que a escola é responsável por ensinar. Não há fórmula única de como proporcionar oportunidades de os alunos desenvolverem essas competências, mas certamente aulas expositivas sobre esses conceitos não são o caminho. No Coleguium, há quatro anos existe o laboratório de inteligência de vida, em que estudantes da educação infantil até o final do ensino fundamental desenvolvem projetos voltados para essas competências, começando com reconhecimento e nomeação de sentimentos, entre os pequeninos, até trabalhos em torno de colaboração e comunidade para os mais velhos. No Colégio Santo Antônio, oficinas de formação e convivência são realizadas com todas as séries, além de atividades de contraturno no ensino médio em que se podem trabalhar características como o empreendedorismo e a curiosidade científica.

Segundo o coordenador pedagógico do Santo Antônio, Olavo Sérgio Ramos, no entanto, as escolas, para implementar mudanças, enfrentam alguns obstáculos no país, sendo um dos principais a forma de ingresso na universidade. "O nome apenas mudou de vestibular para Enem. Criaram matrizes, chamam de habilidades e competências, mas continuam exigindo muitos conteúdos e memorização. Nenhum país do mundo exige tanto conteúdo e tantas disciplinas quanto o Brasil", explica.

Fugindo à regra de mudanças gradativas, uma pequena escola do bairro Castelo, inaugurada neste ano, traz uma proposta totalmente diferente para BH. O ensino é integral para todos os alunos (e não dividido em turno e contraturno, mas com a grade curricular igualmente distribuída em manhã e tarde) e envolve um projeto de alfabetização no que chamam de seis códigos: língua materna, língua inglesa, matemática, corpo e mente, ambiental e criação. "O sistema educacional atual faliu", diz Maria Carolina Mariano, diretora responsável pela inovação em educação da Casa Fundamental. "Esse modelo inspirado na revolução industrial não serve mais, não consegue proporcionar uma formação humana, e sentimos que precisávamos romper com ele." No que depender dos educadores belo-horizontinos, se daqui a uns anos Pedro Álvares Cabral aportasse novamente por aqui, talvez até encontrasse boa parte das igrejas da mesma forma. Já as escolas certamente seriam bem diferentes.

O bê-Á-bá dos computadores

(foto: Samuel Gê/Encontro)
(foto: Samuel Gê/Encontro)
No Loyola, a linguagem computacional já faz parte da grade há quatro anos, de maneira transdisciplinar. Em aulas de matemática, inglês ou ciências, temas podem ser trabalhados via programação a partir do 6º ano do fundamental (na foto, da esq. para a dir., Carollina Gomes, Camila Segeroli, Gabriel Vigatti e Vitor Henrique dos Santos, do sétimo ano, na aula de matemática). O propósito é fornecer uma metodologia ativa para o aprendizado na disciplina, ao mesmo tempo que o aluno vai se tornando gradualmente familiarizado com a ferramenta. Em outra frente, no ano que vem, a instituição inicia seu projeto de educação bilíngue, que começará no ensino fundamental I, com uma aula por dia, em que serão trabalhados os conteúdos escolares no idioma, com metodologias específicas. "Nossa preocupação é proporcionar uma formação integral que, ao mesmo tempo, atenda ao novo perfil do estudante, por meio de criativas perspectivas de aprendizagem, e o prepare como cidadão global", afirma o diretor acadêmico, Roberto Tristão.

Rumo à internacionalização

(foto: Uarlen Valério/Encontro)
(foto: Uarlen Valério/Encontro)
Antigamente, a proposta de internacionalização se resumia às escolas que eram fundadas para receber alunos estrangeiros. Hoje, instituições sem esse vínculo também se propõem a ajudar no caminho para o além-mar. O Santo Agostinho - Nova Lima é um dos pioneiros nessa proposta. Está, inclusive, em processo de criação do setor de internacionalização, que estrutura e formaliza as iniciativas da escola nessa área: o bilinguismo, instituído no ano passado; o High School, que existe há seis anos em parceria com o governo canadense; e as parcerias com universidades estrangeiras, que a instituição pretende firmar não apenas no Canadá, mas em outros países. "A nossa intenção é que o aluno possa escolher, com plenas condições em ambos os casos, se estuda fora ou se presta o Enem", explica Lorena Macedo, diretora da unidade (na foto, com os alunos de High School Carlos Henrique Lima, Maria Eduarda Torres e Amanda Aguiar). Outra iniciativa é o programa integral, que oferece uma sequência de atividades nas quais o aluno pode trabalhar diferentes competências, como as socioemocionais, criatividade, robótica, entre outros.

Do italiano à programação

(foto: Samuel Gê/Encontro)
(foto: Samuel Gê/Encontro)
A Fundação Torino tem DNA internacional, pois surgiu em BH para atender à comunidade italiana e, desde 1992, segue os currículos do Brasil e do país da bota. Assim, a alfabetização é bilíngue e o diploma do ensino médio é válido no Brasil e na União Europeia. Em termos de outros idiomas, os alunos têm inglês desde a educação infantil e, até o ensino médio, fazem aulas também de espanhol, além de latim opcional. A linguagem computacional não fica de fora, pois está na grade desde os pequenininhos, que começam com jogos interativos de lógica e combinação, até a aula de programação em si, no fundamental (na foto, os alunos do infantil Bernardo Simões e Júlia Cançado). Em 2019, começa a operar o espaço maker, que incentivará a experimentação e o mão na massa. "Nosso objetivo é formar alunos autônomos, protagonistas, que respeitam a diversidade", diz Márcia Naves, diretora-geral. "Hoje, no mercado de trabalho, é necessária uma flexibilidade, uma ‘mudança de chave’ muito rápida e frequente, algo que ainda não vejo nos executivos de agora", conta.

Aulas em vídeos, jogos, simuladores...

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Há quatro anos consecutivos como líder no ranking do Enem entre escolas com mais de 60 alunos participantes, o Bernoulli inaugura, em 2019, uma unidade voltada para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. A nova casa, Bernoulli Go, terá ensino bilíngue, arquitetura que favorece múltiplas aprendizagens (como salas com disposições flexíveis do mobiliário, horta pedagógica e espaço maker) e vários projetos transdisciplinares, como educação financeira e cultura maker. Em termos de tecnologia, não só o Go, mas o grupo (cujo sistema pedagógico é adotado por escolas em todo o país) tem um departamento com 36 pessoas dedicadas a desenvolver soluções tecnológicas educacionais, como games, simuladores, realidade aumentada e videoaulas. "Tudo o que produzimos é voltado para uma proposta híbrida presencial-digital. Então os alunos vão sendo contextualizados de maneira natural na tecnologia e suas possibilidades", explica Alex Rosa (foto), gerente de tecnologia educacional.

Foco no desenvolvimento humano e social

(foto: Samuel Gê/Encontro)
(foto: Samuel Gê/Encontro)
A autonomia e as competências socioemocionais sempre estiveram no cerne da proposta do Santo Antônio. Via oficinas de formação e convivência, os alunos de todas as séries trabalham habilidades como reconhecimento de emoções, espírito colaborativo, ética. Para alunos do ensino médio, curiosidade e investigação científica são incentivadas no programa de contraturno CSA Avançado, em que os estudantes escolhem o tema com o qual mais se identificam e montam um projeto de pesquisa, desenvolvido de maneira prática ou teórica, a depender do assunto, que pode ir desde robótica e matemática financeira até reprodução humana. Em termos de idiomas, a partir do ano que vem, aulas de inglês se estenderão para os anos iniciais do fundamental, além do espanhol e alemão, ofertados a partir dos anos finais do fundamental. "É preciso enfatizar a cultura, criatividade, trabalho coletivo, o protagonismo, uma educação mais abrangente se pretendemos formar cidadãos reflexivos e engajados", diz o coordenador pedagógico, Olavo Sérgio Campos (na foto, com alunos do ensino médio que ensaiam movimentos de circo para apresentar a crianças carentes).

Incentivo a atividades extras

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
O Edna Roriz foi pioneiro em diversas tendências que têm sido abraçadas nos últimos anos por escolas de BH. A instituição oferece opção de ensino integral desde que abriu, há 20 anos. No contraturno, atividades complementares incluem projetos de cunho social, em que a própria Edna contribui com muita destreza para os gorrinhos, casas de boneca e outros itens produzidos para doação. Foi também a primeira escola de Minas a trazer o programa de High School, há nove anos, que oferece diploma válido nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade do Missouri. Curiosidade científica também tem seu lugar, com aulas de investigação científica (algumas delas em inglês) e projeto de realização de cursos livres em plataformas on-line, com produção de artigos para a escola. "O currículo precisa ser amplo, valorizando além da prova do ensino médio. O acadêmico tem de ser meio para a formação integral do aluno", diz a diretora Edna Roriz.

Inteligência emocional no currículo

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Entre as 17 unidades do Coleguium, duas se tornaram internacionais de 2017 para cá (Belvedere e Buritis). Nelas, o caminho começa com o programa bilíngue, a partir do infantil 2, até o fundamental II, em que há 10 aulas em inglês por semana. Para os demais anos do fundamental, são oferecidas aulas no idioma no contraturno, com o objetivo de preparar os alunos para o projeto seguinte, que é o programa de High School, realizado em parceria com a Universidade do Missouri, nos Estados Unidos. O diploma de conclusão do ensino médio, assim, é válido também no país. Focando nas habilidades do século XXI, uma disciplina foi incluída na grade há quatro anos, o laboratório de inteligência de vida, em que os alunos até o 9º ano desenvolvem projetos relacionados às competências socioemocionais (na foto, alunos do infantil). "Não é um modelo que já está pronto. A escola tem de se reconstruir o tempo todo", afirma a coordenadora pedagógica, Daniella Maia. "Nosso movimento tem sido de atualização curricular pensando em inserir espaços para que essas novas propostas aconteçam."

Inovadora até no ambiente

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Os diretores da pequena Casa Fundamental levaram muito a sério a importância do espaço como parte do conjunto de ferramentas necessárias para se aprender bem. A instituição de educação infantil e ensino fundamental, inaugurada neste ano, funciona em um antigo galpão industrial que foi refomulado para receber a escola. As salas são amplas, flexíveis, abertas, e há uma diversidade de espaços para todo tipo de aprendizado, inclusive alguns pouco valorizados nas escolas tradicionais, como processos corporais (dança, música e ioga) e criativos (cerâmica, marcenaria, eletrônica, robótica). Todos os alunos estudam em regime integral - lá chamado de tempo estendido, pois não é dividido em turno (com matérias) e contraturno (com oficinas). Maria Carolina Mariano, uma das diretoras, ressalta que a escola trabalha com educação formal, e que há, sim, rigor acadêmico no que fazem. "A criança vai aprender tudo o que deve de acordo com o currículo do MEC, mas a forma como fazemos isso é diferente. Lançamos mão de métodos tradicionais, sim, mas não apenas", diz.

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