Publicidade

Estado de Minas CIDADE | BICICLETAS

Bikes compartilhadas agradam, mas faltam ciclovias em BH

Aplicativos como o Yellow estão fazendo sucesso na capital mineira. Entretanto, não há espaço adequado para pedalar


postado em 20/02/2019 14:27 / atualizado em 20/02/2019 14:48

A advogada e ciclista Gabriela Chaves:
A advogada e ciclista Gabriela Chaves: "Nem nas ciclovias me sinto totalmente segura, porque muitos motoristas ignoram as faixas exclusivas para bicicletas" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Ano novo, bikes novas. O aplicativo Yellow, criado em 2017, aterrissou na cidade com o seu sistema de compartilhamento de bicicletas e de patinetes elétricos. Não é necessariamente uma novidade por aqui, já que desde 2014 o Itaú, em parceria com a prefeitura de BH, oferece magrelas em estações fixas na capital. A principal diferença é que o sistema das "amarelinhas" oferece bikes no formato dockless, ou seja, são distribuídas pela região Centro-Sul, sem pontos fixos e presas com um cadeado na roda traseira. Para desbloqueá-las, a pessoa deve acionar o app. Os ciclistas comemoraram a novidade, mas ressaltam que a administração municipal não tem dado a devida atenção a quem opta por esse tipo de locomoção. Poucas ciclovias, falta de integração entre elas e a insegurança são alguns dos problemas apontados. "Nem nas ciclovias me sinto totalmente segura, porque muitos motoristas ignoram as faixas exclusivas para bicicletas", diz a advogada Gabriela Chaves, que usa o veículo para o lazer. "Por isso acabo pedalando mais na Lagoa da Pampulha." Ela acredita que a chegada de mais bicicletas pode mudar um pouco essa panorama. "A prefeitura se sentirá obrigada a investir mais na segurança."

A despeito das dificuldades de se pedalar por aqui, o número de bikes na cidade vem aumentando. Não há um dado oficial que contabilize as pessoas que se deslocam sobre bicicletas em BH, mas o contador digital instalado na avenida Bernardo Monteiro, no Funcionários, dá uma pista. Em 2018, o equipamento registrou 100 mil passagens de bicicletas, o que corresponde ao aumento de 15% em relação a 2017. No dia 25 de janeiro, quando a reportagem esteve no local, o contador já registrava mais de 7 mil viagens.

Cristiano Scarpelli, integrante da BH em Ciclo:
Cristiano Scarpelli, integrante da BH em Ciclo: "Não houve avanço em nenhuma de nossas propostas levadas à prefeitura" (foto: Samuel Gê/Encontro)
De acordo com Cristiano Scarpelli, integrante da BH em Ciclo - Associação dos Ciclistas Urbanos de BH, o número de magrelas nas ruas não significa que os ciclistas estejam satisfeitos. "Não houve avanço em nenhuma de nossas propostas levadas à prefeitura", diz. Em 2017, lembra Cristiano, foi aprovado junto ao prefeito Alexandre Kalil o Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (Planbici), que visava, entre outras ações, aumentar em cinco vezes a participação das bikes nos deslocamentos, ou seja, avançar de 0,4% para 2% até 2020. Para isso acontecer, a meta era construir até o ano que vem pelo menos 411 km de novas pistas, além dos 89,93 km já existentes. Questionados pela reportagem de Encontro, a BHTrans divulgou nota na qual afirmou que o Programa Pedala BH "vem sendo constituído e discutido com a sociedade civil" e que ações para o desenvolvimento de projetos de mais ciclovias estão sendo priorizadas.

Enquanto isso, novos aplicativos de aluguel de bicicletas e de patinetes elétricos devem chegar à cidade. A Uber, empresa californiana que já atua por aqui com o serviço de transporte de passageiros, é uma das interessadas em trazer o seu Jump, sistema de compartilhamento de bikes elétricas. Além dela, outras empresas devem aproveitar o chamamento público feito pela BHTrans, em janeiro, abrindo de vez as portas da capital para esse tipo de serviço. Com mais empresas de aplicativo na cidade e uma fiscalização mais atenta por parte dos da polícia, espera-se que cenas de vandalismo como as vistas em janeiro, quando quatro bicicletas foram jogadas no ribeirão Arrudas, sejam cada vez mais raras.

Abhner de Oliveira, é sócio de uma empresa de entregas de bike:
Abhner de Oliveira, é sócio de uma empresa de entregas de bike: "Às vezes, parecemos invisíveis no trânsito" (foto: Samuel Gê/Encontro)
O empresário Abhner de Oliveira, de 28 anos, vê com bons olhos a chegada de mais bikes à cidade, mas, além de reivindicar novas pistas, ele destaca a imprudência de muitos motoristas, que "ignoram a existência dos ciclistas". "Às vezes, parecemos invisíveis no trânsito", diz o rapaz, que é sócio da Dizzy Express, cooperativa de ciclistas que faz entregas sobre duas rodas. "Já fui atropelado várias vezes", diz. No dia 24 de janeiro, um ciclista que participava de uma pedalada noturna foi atingido na avenida do Contorno, no bairro Floresta, por um ônibus. O rapaz, por sorte, não se feriu.

O vereador Gabriel Azevedo (PHS) já passou por alguns sustos também. O parlamentar não se desgruda da sua bicicleta elétrica, sobre a qual se desloca, diariamente, do centro, onde mora, até a Câmara Municipal, no Santa Efigênia. O grande desafio para quem usa bicicleta em BH, seja como meio de transporte seja para lazer, é o enorme preconceito contra os ciclistas", diz. Ele critica ainda a prefeitura por não colocar em prática mais ações em prol das magrelas. "No mundo inteiro os gestores incentivam o uso de bicicletas, por ser um transporte sustentável, mas em nossa cidade isso não ocorre", afirma. Que a chegada de mais bikes possa fazer com que a administração municipal comece a mudar esse cenário.

Dicas simples para que o pedal não se transforme em dor de cabeça

  • Use capacete

  • Verifique os freios antes de sair

  • Não use fone de ouvido

  • Não pedale na contramão ou em calçadas

  • Sinalize com os braços as conversões ou mudanças de faixa

  • Respeite o sinal vermelho

  • Mantenha distância segura dos veículos

Como funcionam os apps

Yellow

  • Desde quando: 2019

  • Onde encontrar: Centro, Savassi, Santa Efigênia, Santo Agostinho, Lourdes, Funcionários, Carmo, Cruzeiro, Anchieta e Sion (sem estações fixas)

  • Quanto custa: Bike (R$ 1 a cada 10 minutos); Patinete (R$ 3, o desbloqueio + R$ 0,50 a cada minuto). O pagamento é feito via cartão de crédito, mas é possível comprar créditos em dinheiro em estabelecimentos comerciais

Bike BH (Itaú)

  • Desde quando: 2014

  • Onde encontrar: região Centro-Sul e Pampulha (estações fixas)

  • Quanto custa: R$ 3 (passe diário); R$ 9 (passe mensal); R$ 60 (passe anual). Viagens de até 60 minutos, de segunda a sábado, e de até 90 minutos aos domingos e feriados, sem cobrança adicional. O intervalo entre as viagens deve ser de pelo menos 15 minutos. Pagamento somente via cartão de crédito

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade