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Estado de Minas COMPORTAMENTO | FINANÇAS

Vale a pena investir?

Cresce o número de pessoas que estão migrando dos bancos tradicionais para corretoras ou fintechs. Saiba como entrar nesse universo sem arriscar (muito) seu patrimônio


postado em 01/04/2019 13:55

A publicitária Carolina Dias:
A publicitária Carolina Dias: "Comecei a aplicar em renda fixa e, ano passado, consegui realizar meu grande sonho de conhecer a Europa. Paguei a viagem à vista" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Em um passado recente, o verbo investir era conjugado apenas por pessoas com saldo robusto na conta corrente ou conhecimento profundo do mercado financeiro. Quem não integrava essa parcela da população tinha de recorrer aos bancos tradicionais ou ficar à espera daquele cafezinho com o gerente. Hoje, com o avanço das corretoras de investimento, dos bancos digitais e das fintechs (startups financeiras), com um clique é possível realizar aplicações, independentemente do valor, em sites ou aplicativos. "Investir não é só para quem é milionário", afirma a empresária Gabriela Ferreira Galvão, que migrou 90% de sua reserva financeira para uma corretora de investimentos. "Consigo ter mais opções de rentabilidade e fico mais tranquila ao saber que existe alguém acompanhando minhas aplicações", diz Gabriela.

O ato de investir se popularizou. Sandro Balestrassi, assessor de investimento da Nexinvest, escritório de BH credenciado pela XP Investimentos, acredita que a grande oferta de produtos também é uma vantagem em relação aos bancos tradicionais. "É um caminho sem volta", diz Sandro, que aponta a crise de 2008 como uma das culpadas pelo mercado ter sofrido mudanças. "A partir de 2011, as corretoras brasileiras que trabalhavam com apenas um produto perderam eficiência e muitas fecharam as portas", diz. Foi o caso da paulista Souza Barros, desativada em 2015, depois de atuar por 87 anos com o mercado de bolsa de valores. Ganharam espaço, portanto, corretoras que oferecem um amplo cardápio de produtos financeiros.

A empresária Gabriela Ferreira Galvão:
A empresária Gabriela Ferreira Galvão: "Consigo ter mais opções de rentabilidade e fico mais tranquila sabendo que alguém acompanha as minhas aplicações" (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
A XP Investimentos, uma das principais corretoras do país, anunciou recentemente que, em um só dia, 17 mil pessoas abriram conta na empresa, sendo que 52% eram clientes de bancos tradicionais, como Bradesco e Itaú. De acordo com a Ancord, entidade que representa as corretoras, no país existem 6,2 mil agentes autônomos credenciados e outros 5 mil vinculados à entidade.

Grande parte dos investidores brasileiros, de acordo com especialistas, opta por aplicações em renda fixa em vez de renda variável. Trata-se de uma opção mais conservadora (leia-se segura) e que possibilita maior liquidez, ou seja, possibilidade de resgate. Por sua vez, os ativos de renda variável são recomendados para investidores mais ousados e experientes, já que apresentam maior risco. Dentre as opções de renda fixa, os mais conhecidos são o tesouro direto, LCI, LCA, CDB e debêntures. Câmbio, ouro e ações fazem parte do conjunto de produtos de renda variável.

O diretor de investimento do Banco Inter, Rafael Rodrigues:
O diretor de investimento do Banco Inter, Rafael Rodrigues: "Investir não é um esporte. É uma ferramenta para atingir uma meta como viajar e comprar um imóvel" (foto: Banco Inter/Divulgação)
Como está mais fácil investir, brotam, sobretudo na internet, anúncios que prometem ganhos exorbitantes em pouco tempo. Especialistas aconselham, contudo, que as pessoas fujam desse tipo de oferta. "Todo investimento tem de ser encarado a longo prazo. Não há milagre nesse cenário", diz Sandro Balestrassi.

Tratando-se de mercado financeiro, é importante, também, que os investidores fiquem atentos a possíveis golpes. No Rio de Janeiro, recentemente, investidores amargaram prejuízo. Jonas Jaimovick, dono da JJ Invest, está sendo acusado de desaparecer com cerca de 170 milhões de reais de pelo menos 3 mil investidores, entre eles, personalidades como o ex-jogador de futebol Zico. Em seguida, outro caso veio à tona por lá. Um agente autônomo teria articulado um esquema que desviou mais de 20 milhões de reais. Ele era representante de uma corretora de investimentos, mas atuava em paralelo oferecendo ganhos de 10% acima do mercado. Depois que foi desmascarado, o agente se suicidou.

Lauriene Lima e Izabela Porto, assessoras de investimento da Bank Rio: é preciso fugir de mitos como o de que é arriscado aplicado em fundos ou é preciso de grandes quantias para investir(foto: Uarlen Valério/Encontro)
Lauriene Lima e Izabela Porto, assessoras de investimento da Bank Rio: é preciso fugir de mitos como o de que é arriscado aplicado em fundos ou é preciso de grandes quantias para investir (foto: Uarlen Valério/Encontro)
É importante evitar as "modinhas" do setor. Um exemplo é o caso das criptomoedas, que têm como maior representante o  Bitcoin. A moeda, em 2017, chegou a valer 20 mil dólares, causando euforia em investidores, mas um ano depois caiu para 3 mil dólares. Para Lauriene Lima, assessora de investimento credenciada pela Bank Rio, o ideal é que as aplicações sejam condizentes com o perfil de cada um: "O caminho é procurar um profissional certificado para orientar sobre as melhores decisões", diz. Izabela Porto, também assessora de investimento do escritório, destaca alguns mitos: "Muitos acham que aplicar em fundos é arriscado e é preciso dispor de grandes quantias para investir em ativos, tesouro direto ou bolsa".

Para Rafael Rodrigues, diretor de investimentos do banco Inter, a dica de ouro é usar aplicações financeiras para alcançar objetivos concretos. "Investir não é um esporte. É uma ferramenta para atingir uma meta, viajar ou comprar um imóvel, por exemplo", afirma Rafael. Ele destaca que o acesso a tais plataformas de investimento devem aumentar nos próximos anos.

A publicitária Carolina Sousa Dias seguiu bem a cartilha. Há dois anos, ela começou a migrar sua atenção para os bancos digitais. "Pensava que para investir era necessário ter muito dinheiro. Ledo engano. Comecei a aplicar em renda fixa e no ano passado consegui realizar meu grande sonho de conhecer a Europa. Paguei a viagem à vista", diz a disciplinada Carolina.

Antes de investir, fique atento

  • Entenda qual é a sua reserva financeira e sua capacidade de poupar

  • Procure um assessor financeiro certificado

  • Elabore a carteira de ativos que atenda ao seu perfil

  • Diversifique as suas aplicações. Não coloque todos os ovos na mesma sacola

  • Estabeleça uma meta ou objetivo. Não pense em curto prazo

Principais mitos


  • Poupança é a melhor e mais segura forma de poupar

  • É necessário grandes valores para aplicar

  • Basta investir para ficar milionário em pouco tempo

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