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Estado de Minas ARTE

Conheça o trabalho da artista plástica KK Bicalho

A mineira cria recortes minúsculos, feitos à mão, que cabem na ponta de um dedo


postado em 24/07/2019 15:37 / atualizado em 25/07/2019 14:42

Com apenas papel e tesoura, a artista plástica KK Bicalho cria miniobras em seu ateliê:
Com apenas papel e tesoura, a artista plástica KK Bicalho cria miniobras em seu ateliê: "A arte sempre esteve presente em minha vida. Tenho desenhos guardados desde quando eu tinha 4 anos de idade" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Com mãos ágeis e muita destreza, a artista plástica Camila Bicalho, a KK, de 30 anos, logo transforma um pedaço de papel em alguma figura surpreendente. O detalhe é que os recortes, feitos à mão com o auxílio de tesouras, são minúsculos, com cerca de três centímetros, e cabem literalmente na ponta do dedo. O trabalho, que à primeira vista parece fácil, requer estudo e concentração. É da sutileza que nascem as pequenas silhuetas.

O sorriso fácil de KK, diz ela, vem das memórias de uma infância livre e feliz, vivida no tempo em que, mesmo na capital mineira, ainda era possível brincar de pique-esconde na rua. "Na escola, eu passava o recreio todo olhando um longo caminho de formigas que passava debaixo do portão. Em casa, ficava mais tempo entre os galhos da goiabeira do que no chão", diz. Os detalhes sempre a impressionaram. Talvez por isso tenha começado a enxergar as miudezas que ninguém via. No sítio que a família tinha, em Mateus Leme, três pés de amora eram seus companheiros, responsáveis pelas manchas que teimavam em não sair de suas roupas. Lá, ela aprendeu a regar a horta, a plantar mandioca e a comer alfaces frescas, colhidas na hora.

Menina moleca, KK abria mão até de soltar pipa para se dedicar a uma tarefa ainda mais prazerosa: desenhar. A mãe, psicóloga, entendeu bem cedo que as distrações da filha em sala de aula, quando preferia rabiscar do que estudar, eram sua maneira de lidar com o mundo. Tratou logo de disponibilizar uma parede de casa para que KK pudesse fazer seus esboços, além de não economizar nos papéis de rascunho. "A arte sempre esteve presente em minha vida. Tenho desenhos guardados desde quando eu tinha 4 anos de idade." Com o passar dos anos, o lápis foi substituído pela tesoura, e a artista descobriu uma infinidade de possibilidades de formas e contornos, além de uma nova maneira de eternizar momentos. "Tenho preferência pelas figuras humanas e, depois que fui para o meio acadêmico, desenvolvi ainda mais o meu processo criativo."

Formada em artes plásticas e arte- educação, seus pequenos formatos são premiados e ganharam destaque até em programas de televisão. Além da tesoura, KK precisa apenas de papel, pinça, caneta e cola para criar delicadas obras-primas. Antes de partir para os recortes, ela dedica um bom tempo ao estudo de imagem para definir formas e cores que pretende utilizar. Assim, surgem casais de namorados, pintores, equilibristas, mamães com seus bebês, flores. Cada corte da tesoura traz uma nova surpresa, milimetricamente perfeita, mesmo sem fazer uso de moldes.

A artista associa o talento aos ensinamentos recebidos do artista mineiro, Sérgio Vaz, de quem foi aluna nos tempos de UEMG. Outra de suas referências é o francês Henri Matisse, um dos principais nomes da arte do século XX, pelo domínio das cores e a singeleza das silhuetas. Apostando em técnicas de recorte sobre papel e colagem, KK investe no jogo de luz e sombra, na tridimensionalidade e ocupação dos espaços. "Por vezes eu me sinto só nesse processo de descobertas, por não ter referências de artistas que trabalham na mesma linha", diz. Apesar disso, para ela, o ineditismo é desafiador.

Em 10 anos de carreira e experimentações, a artista descobriu como características marcantes do seu trabalho o minimalismo, a presença do vazio, a evidência da figura humana e o uso pontual da cor. A simplicidade das cenas remetem a eventos do cotidiano e, em sua maioria, trazem figuras humanas sozinhas, envolvidas em bons momentos. "Às vezes, penso que crio autorretratos." Entre uma exposição e outra KK teve toda uma série de trabalhos vendida para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Agora, prepara-se para duas participações em coletivas e uma exposição individual com trabalhos inéditos, em Belo Horizonte. Ela promete detalhes, em breve, em suas redes sociais.

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