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Estado de Minas CARTA DO EDITOR

O padre da acolhida

"Frequento a igreja de padre Alexandre há alguns anos e, assim como centenas de outros, acompanhei-o rumo a Bom Jesus do Vale, em Nova Lima. Fui tocado pelos gestos simples e cativantes deste pároco, que sabe ouvir, falar e acolher"


postado em 25/11/2019 14:59 / atualizado em 26/11/2019 16:37

Ponha-se no lugar de padre Alexandre: quando ele assumiu a igreja do Belvedere, há cerca de 20 anos, tratava-se de uma paróquia com ótima estrutura e localização, mas de discreta participação da comunidade. Com determinação, trabalho e muito carisma, o pároco transformou a igreja e seus eventos em sucesso de audiência. Quase 7 mil pessoas frequentavam a paróquia a cada domingo, enquanto ele estava à frente. Mas, de súbito, e no seu auge, fora transferido, há um ano, pela arquidiocese à qual pertence, para outro local, em verdade, outra cidade. Saiu de BH, foi para Nova Lima, onde teve de assumir uma paróquia sem estrutura e de localização duvidosa. Mas, desta vez, carregava consigo seu principal ativo: o rebanho de fiéis e seguidores. Numa igreja improvisada (na verdade, num contêiner) conseguia reunir milhares de pessoas em suas missas.

Padre Alexandre teve de se transformar, de se reinventar. Passou três dias entristecido, até ganhar força para se levantar e liderar seu rebanho. Se há uma palavra que é sempre repetida por ele e que poderia ser considerada um mantra de suas pregações é "acolhida". Ele sabe acolher as pessoas. E, por isso, foi por elas acolhido quando precisou de forças para deixar para trás tudo que havia construído no Belvedere e recomeçar do zero.

Padre Alexandre, na mata localizada atrás da paróquia:
Padre Alexandre, na mata localizada atrás da paróquia: "Foi um ano de muito trabalho, mas que me deu muita alegria" (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Frequento a igreja de padre Alexandre há alguns anos e, assim como centenas de outros, acompanhei-o rumo a Bom Jesus do Vale, em Nova Lima. Fui tocado pelos gestos simples e cativantes deste pároco, que sabe ouvir, falar e acolher.

Padre Alexandre é um fenômeno. E um dos motivos está no fato de ele se preocupar com o outro, estar atento aos problemas e dificuldades que acometem seu público. Mais: quer ajudar. Sua atuação, portanto, vai muito além das paredes da paróquia. Um exemplo está nos congressos, cursos e palestras que organiza, com especialistas de diferentes áreas, para falar para sua comunidade sobre temas difíceis, mas importantes na vida contemporânea, como suicídio, educação de filhos adolescentes e vida conjugal, entre outros. Padre Alexandre ajuda a resgatar o sentido de comunidade. É, hoje, um exemplo de renovação e fé.

Uma companhia, portanto, cada dia mais indispensável, num mundo tomado pela intolerância e individualismo. Talvez isso explique a crescente multidão que o acompanha. Sucesso, padre Alexandre (se é que ainda cabe mais)!

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