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Estado de Minas ECONOMIA

Animação do Carnaval de BH chega a lojas, bares, hotéis e festas

O sucesso da folia na capital mineira faz muita gente, além dos foliões, comemorar a data. Setor hoteleiro deve movimentar mais de R$ 50 milhões


postado em 19/02/2020 15:40

As empresárias Flávia Ruas, Nathália Vieira (em pé), Paula Silva e Gabriela Ruas (sentadas) transformaram a paixão pela festa em uma loja colaborativa, a Estação Carnaval: busca de espaço maior para 2020(foto: Violeta Andrada/Encontro)
As empresárias Flávia Ruas, Nathália Vieira (em pé), Paula Silva e Gabriela Ruas (sentadas) transformaram a paixão pela festa em uma loja colaborativa, a Estação Carnaval: busca de espaço maior para 2020 (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Não faz muito tempo, Belo Horizonte virava uma cidade fantasma por alguns dias do ano. Avenidas desertas, casas vazias, silêncio no ar. Assim era o clima da capital mineira durante o período do Carnaval. Mas isso é passado. O feriado agora leva muita música e uma multidão para ruas e praças da capital mineira, que criou o seu jeito próprio de curtir a festa. Milhões de foliões seguem seus bloquinhos preferidos, cantando músicas a pleno pulmões e pulando no ritmo da bateria. E por trás de cada adereço, instrumento, roupa, comida ou cerveja, a roda da economia gira cada vez mais rápido. As vendas da loja de instrumentos Serenata, com mais de 50 anos de mercado, exemplificam bem a mudança pela qual o mercado do Carnaval vem passando. Segundo o proprietário, Rogério Bousas, antigamente, as maiores vendas do período de festas eram feitas para os representantes dos blocos caricatos do interior. A Serenata ainda vende instrumentos para grandes blocos, como Calixto, Beiço do Wando e Me Beija que eu Sou Pagodeiro, mas o folião à procura de itens mais simples conquista cada vez mais espaço na loja. Rogério gosta de usar os tamborins para demonstrar essa transformação. "Em 2016, nós vendemos cerca de 100. De lá para cá, este número tem dobrado anualmente", diz o empresário, que vendeu mais de 1.200 tamborins apenas no mês de janeiro.

Rogério Bousas, da loja de instrumentos musicais A Serenata: venda de 1.200 tamborins apenas no mês de janeiro(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Rogério Bousas, da loja de instrumentos musicais A Serenata: venda de 1.200 tamborins apenas no mês de janeiro (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Criada no final de 2017, a Estação Carnaval é uma loja colaborativa idealizada por um grupo de amigas e empresárias que transformou a paixão pelo Carnaval em um case de sucesso. "Nós precisávamos de um espaço para expor nosso produtos, aqui na região central", diz Paula Silva, fundadora da loja e sócia d’A Glitterista, marca de maquiagens focada no glitter. Antes da abertura do espaço, ela tinha de participar de feiras ou fazer entregas nos quatro cantos da cidade. "Já precisei transformar a minha casa em provador", conta Flávia Ruas, sócia da Estação Carnaval e fundadora da marca de roupas Viva Bossa. A preparação para o Carnaval 2020 começou em setembro do ano passado, quando as quatro sócias resolveram ampliar o espaço em que trabalhavam. "Em 2019, a loja ficou abarrotada e não tinga provador para todo mundo", lembra Nathália Vieira, d’A Glitterista. Na nova Estação Carnaval, na avenida Álvares Cabral, os alto-falantes só tocam ritmos carnavalescos. Já as paredes e os manequins são coloridos com todo tipo de produtos para cair na festa, de pochetes a fantasias. "Só aqui no primeiro andar da Estação tem mais de 500 itens expostos", diz Nathália. Com mais de 25 marcas no seu catálogo, que pagam uma taxa e uma comissão pela venda dos seus produtos, a loja ficará aberta até o sábado de carnaval.

O empresário Tim Soier, organizador do We Love Carnaval:
O empresário Tim Soier, organizador do We Love Carnaval: "O carnaval de Belo Horizonte veio para ficar. É uma festa muito forte, muito longe de ser apenas um modismo." (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
E não é só dentro das lojas que a folia agita a economia da cidade. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), o período deve movimentar entre 50 e 70 milhões de reais apenas no setor hoteleiro. A expectativa é que a taxa de ocupação dos quartos na região central chegue a 80%. Enquanto isso, nas ruas, munidos geralmente com apenas um guarda sol, caixa de isopor, bebidas e muito gelo, outras pessoas aproveitam a folia para faturar uma grana extra. "Só de ambulantes, serão mais de 14 mil", diz Gilberto Castro, presidente da Belotur, empresa municipal de turismo de BH. Ele é o responsável pela difícil tarefa de administrar um carnaval para todos os belo-horizontinos, inclusive para aqueles que não gostam da festa. "Nós fizemos mais de 400 reuniões com os blocos, combinando cada detalhe, tentando causar o menor transtorno possível para os moradores da região", explica. "Áreas de risco, entradas de hospitais, caminho dos ônibus. Todos estes fatores foram considerados." Para ele, um dos maiores atrativos do Carnaval de Belo Horizonte está no seu custo-benefício, uma vez que os desfiles dos blocos são gratuitos e o custo de hospedagem e alimentação é menor do que o de outras cidades famosas pela festa, como Rio de Janeiro e Salvador.

O presidente da Belotur, Gilberto Castro, aposta em um carnaval mais organizado este ano:
O presidente da Belotur, Gilberto Castro, aposta em um carnaval mais organizado este ano: "Nós fizemos mais de 400 reuniões com os blocos, combinando cada detalhe, tentando causar o menor transtorno possível para os moradores" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Mas com uma expectativa de 5 milhões de foliões nas ruas da capital, é claro que fica bem complicado seguir alguns blocos de perto. Quem procura uma folia mais organizada, com espaço para transitar e sem precisar de enfrentar o terror dos banheiros químicos deixados por horas debaixo do sol, encontra maior conforto em festas fechadas (veja algumas no quadro). E com shows de artistas conhecidos. No We Love Carnaval, apresentam-se este ano Thiaguinho, Gusttavo Lima e Cláudia Leitte, entre outros. "Este ano mudamos a festa para o campus do UniBH, para termos mais espaço", diz Tim Soier, um dos organizadores. Depois de fretar, durante 14 anos, viagens para o carnaval de Salvador, ele resolveu apostar na folia local. "O carnaval de Belo Horizonte veio para ficar. É uma festa muito forte, muito longe de ser apenas um modismo." A capital mineira também terá atrações internacionais durante o período, como os shows dos DJs Diplo e Timmy Trumpet, no Carnaval do Mirante. É o carnaval de BH rompendo cada vez mais barreiras.  

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