Publicidade

Estado de Minas IMÓVEIS | CASA

Covid-19 faz belo-horizontino buscar opções com mais verde e área livre

Experiência deve mudar maneira de se relacionar com a própria moradia


postado em 16/06/2020 14:16 / atualizado em 08/07/2020 14:44

A médica Adriana Camarano, com a mãe, Maggy, o filho, Pedro, e a boxer Luna:
A médica Adriana Camarano, com a mãe, Maggy, o filho, Pedro, e a boxer Luna: "De uma coisa não tenho dúvida: todos irão valorizar ainda mais a convivência familiar" (foto: Arquivo pessoal)
Logo no início da quarentena, quando as autoridades de saúde apontaram o isolamento social como a medida necessária para conter o novo coronavírus, a família Bronzatti tomou uma decisão: fez as malas e se mudou para a casa de fim de semana que tem no condomínio Alphaville, em Nova Lima. Tanto Ernane Bronzatti quanto a mulher, Daniella Bronzatti, atuam na área da saúde e saem diariamente para trabalhar – ele é radio-oncologista e presidente do Hospital Vera Cruz, ela, ultrassonografista no Mater Dei. Mesmo com o percurso mais longo até o trabalho, de cerca de 40 minutos, os dois acreditam que a escolha foi acertada. “Estão todos confinados em seus lares. Estar em uma casa, ter um jardim, isso tudo dá sensação de liberdade que é realmente um privilégio que poucos têm tido", afirma Daniella. Com as filhas Giovanna, de 11 anos, Pietra, de 10, e Lorenza, de 8 – que estão fazendo aulas on-line diariamente –, eles às vezes saem para andar de bicicleta nos finais de semana e conseguem caminhar pelas ruas do condomínio, usando máscara. “Eu e minha mulher temos mantido a rotina de trabalho diária, mas o dia a dia das nossas filhas mudou bastante", afirma Ernane. “Apesar dos cuidados e de manter distância de outras pessoas queridas, aqui tem sido um lugar muito bom, em que é possível praticar atividade física, tomar sol, caminhar."
 
A publicitária Laila Ribeiro Nazar, com o marido, Eduardo Neves, e os filhos João Pedro (à esq.) e Davi:
A publicitária Laila Ribeiro Nazar, com o marido, Eduardo Neves, e os filhos João Pedro (à esq.) e Davi: "No apartamento, estávamos nos sentindo todos muito angustiados, com ansiedade" (foto: Arquivo pessoal)
A família, a princípio, pretende retornar a Belo Horizonte após a pandemia, principalmente por causa da distância, que, segundo Daniella, pesa na rotina regular. Contudo, tem visto um forte movimento, por parte de outras pessoas, na busca por um local parecido. “Sei que tem havido muita procura por casas aqui no condomínio", afirma. Essa busca não é só na vizinhança da médica. Segundo Luiz Antônio Rodrigues, fundador da Lar Imóveis, empresa com mais de 40 anos no mercado, residências em condomínios no entorno da capital, assim como sítios e fazendas, estão em alta. “Notamos uma mudança no comportamento dos clientes", diz. “Com essa parada, que escancarou a fragilidade do mundo, muitos se deram conta de que esse tipo de imóvel proporciona uma qualidade de vida impressionante." Para ele, como Minas não tem mar, o campo é a saída natural. Especializado na venda de casas em condomínios, sítios e fazendas, Osmar Tomaz da Fonseca, dono da Bem Viver Imóveis, afirma que a pandemia deu um novo gás a seu negócio. “O ano passado foi péssimo, mas já sentimos um crescimento da ordem de 50% na procura pelo tipo de imóvel com o qual trabalhamos", conta. “O pessoal que ficou preso em casa está agora atrás de um refúgio, ainda que de férias ou final de semana." A busca por mais conforto não faz o belo-horizontino olhar apenas para o campo. Muita gente está olhando para o alto também. Na cidade, Luiz Antônio vem notando um crescimento na procura por coberturas. “Mesmo sem sair de casa as pessoas podem tomar sol, curtir uma piscina e tudo isso com privacidade." 
 
Luiz Antônio Rodrigues, fundador da Lar Imóveis:
Luiz Antônio Rodrigues, fundador da Lar Imóveis: "Com essa parada, que escancarou a fragilidade do mundo, muitos se deram conta de que casas em condomínio, sítios e fazendas proporcionam uma qualidade de vida impressionante" (foto: Samuel Gê/Encontro)
O nosso lar, doce lar nunca mais será o mesmo. A designer de interiores Laura Rabe diz que a pandemia será responsável por um novo olhar voltado à moradia. “A casa será cada vez mais valorizada. As pessoas estão vendo que ela nos acolhe, é nosso ninho, nossa segurança", diz. Para Laura, muitas pessoas estão podendo usufruir mais do que a casa tem de bom e que, por causa da correria do cotidiano, não conseguiam. Outras estão se deparando com aspectos que podem melhorar. “As pessoas têm ficado mais tempo na cozinha, por exemplo." Para quem mora em prédio, ter uma varanda onde bata sol mostra-se essencial. “E há as necessidades que surgiram com o isolamento social e devem perdurar, como o home office mais bem equipado e o hall de entrada no qual pode ser deixado o sapato e algumas roupas."  
 
Os médicos Ernane e Daniella Bronzatti, com as filhas Giovanna (à esq., no fundo), Pietra (à dir.) e Lorenza:
Os médicos Ernane e Daniella Bronzatti, com as filhas Giovanna (à esq., no fundo), Pietra (à dir.) e Lorenza: "Estar em uma casa, ter um jardim, isso tudo dá sensação de liberdade que é realmente um privilégio que poucos têm tido", diz Daniella (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
A endocrinologista Adriana Camarano também foi buscar refúgio no interior do estado. Ela viajou para um sítio da família no município de Sete Lagoas. Levou a mãe, Maggy Camarano de Miranda Lima, de 85 anos, e o filho, Pedro, de 3 anos, que vem se esbaldando com a boxer Luna. “Ele está se divertindo, brincando o dia todo", conta. Adriana tem atendido alguns pacientes crônicos via videoconferência, mas diz que essa é uma situação de exceção. “É claro que o melhor é ver os pacientes pessoalmente, mas conseguimos fazer a teleorientação, que é tirar dúvidas, e o telemonitoramento, que é monitorar à distância alguns parâmetros da doença." Quando a fase mais aguda da pandemia passar, ela acredita que as pessoas terão dois sentimentos que muitas vezes podem ser conflitantes. Por um lado, valorizar o verde, o espaço amplo e áreas ao ar livre, em meio à natureza. Por outro, querer reencontrar a cidade, circular no espaço urbano. “Mas de uma coisa não tenho dúvida: todos irão valorizar ainda mais a convivência familiar."
 
A designer de interiores Laura Rabe acredita que os moradores sentirão necessidade de adaptar suas residências:
A designer de interiores Laura Rabe acredita que os moradores sentirão necessidade de adaptar suas residências: "Algumas necessidades surgiram com o isolamento social e devem perdurar, como o home office mais bem equipado e o hall de entrada no qual pode ser deixado o sapato e algumas roupas" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Foi em busca dessa convivência que a publicitária Laila Ribeiro Nazar, que mora em Nova Lima, foi com o marido, o também publicitário Eduardo Neves, e os filhos, João Pedro, de 6 anos, e Davi, de 5, para a fazenda da família em Paraopeba. Lá, as crianças, além de encontrar os primos, andam a cavalo, passeiam de charrete, nadam... “No apartamento, estávamos nos sentindo todos muito angustiados, com ansiedade", conta. Laila tem consciência que essa oportunidade é para poucos e se mostra grata por isso. “Saímos daqui com laços fortalecidos. É uma experiência que vai ficar para a vida toda." 

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade