Publicidade

Estado de Minas PET

Animais vítimas de maus-tratos são adotados em meio à pandemia

Conheça histórias de mineiros que, mesmo com a dificuldade da crise do coronavírus, não se esqueceram de praticar um gesto de amor para com os bichinhos


postado em 15/07/2020 22:53 / atualizado em 15/07/2020 22:53

O engenheiro Thiago Braga adotou oito cães, todos vira-latas, e o último a chegar foi Dadinho:
O engenheiro Thiago Braga adotou oito cães, todos vira-latas, e o último a chegar foi Dadinho: "Quando vi as fotos dele em uma rede social, todo machucado e maltratado, quis que tivesse a mesma sorte dos meus" (foto: Arquivo pessoal)
No dia em que foi resgatado, em março deste ano, Dadinho nem de longe parecia o cãozinho alegre e confiante que é hoje. Com pouco mais de 1 ano de idade e porte pequeno, o vira-lata passava os dias trancafiado dentro de um barracão localizado no bairro Sagrada Família, em Belo Horizonte. Comia sobras de pão, não via a luz do sol e, constantemente, seus gritos eram ouvidos pelos vizinhos. Sofria maus-tratos do ex-dono, usuário de drogas. Tinha tanta pulga e carrapato que os pelos eram escassos e a pele marcada por feridas. Sentia tanto medo que bastava alguém se aproximar para começar a tremer e se urinar. Após ser adotado, a história do Dadinho teve uma continuação feliz, mesmo nos nebulosos tempos de pandemia. Mas são muitos os animais domésticos e silvestres que seguem sendo vítimas da covardia humana e ausência de políticas públicas que os protejam. Alguns donos, inclusive, utilizam a crise como justificativa para abandoná-los, como se descartar um bicho como objeto fosse uma opção, e não um crime. Para ambientalistas, o desrespeito à natureza e aos animais seria um dos principais motivos do desequilíbrio do ecossistema do planeta na atualidade, e não seria por acaso que plantações foram destruídas por gafanhotos na Argentina e cidades invadidas por macacos na Tailândia, entre outras anomalias do mundo contemporâneo.

Em meio a esse turbilhão de acontecimentos existem aqueles que já possuem consciência socioambiental e tentam fazer a diferença. Libertos de preconceitos ligados à raça ou beleza, se preocupam em poupar vidas inocentes do sofrimento. O engenheiro Thiago Braga, de 34 anos, faz parte desse grupo. Em sua casa, situada em um condomínio em Nova Lima, ele tem oito animais de estimação, todos eles cães, sem raça definida, resgatados das ruas. Dadinho foi o último a chegar. "Confesso que não estava pensando em adotar mais um pet nesse momento, mas quando vi as fotos dele em uma rede social, todo machucado e maltratado, quis que tivesse a mesma sorte dos meus", diz.

A decoradora e designer Marcela Ferrari já perdeu as contas de quantos animais adotou. Os sortudos da vez são o border collie Brat Pitt e o vira-lata Johnny Depp:
A decoradora e designer Marcela Ferrari já perdeu as contas de quantos animais adotou. Os sortudos da vez são o border collie Brat Pitt e o vira-lata Johnny Depp: "A história deles me comoveu demais. Sou grata por ter podido ajudar a salvá-los", diz, ao lado da filha Maria Fernanda (foto: Arquivo pessoal)
Os ativistas da causa animal defendem que ao optar pela adoção ao invés da compra, seja de um bicho de raça ou não, contribui-se para acabar com os criadores clandestinos e a exploração cruel de cadelas usadas até a morte para gerar filhotes rentáveis. Também em Nova Lima, cidade onde o Centro de Controle de Zoonoses não disponibiliza castração gratuita para animais carentes e que, em consequência da procriação descontrolada, tornou-se polo de abandono e maus-tratos, outros dois cãezinhos foram "premiados". Primeiro, tiveram o azar de serem abandonados em um posto de gasolina às margens da BR-040. Depois, a sorte de serem resgatados e adotados por uma família que, a princípio, lhes daria apenas lar temporário, por morar em uma casa menor. Mas o amor acabou falando mais alto. Desde o início de junho, os filhotes Gumball e Darvin, vira-latas de aproximadamente três meses de idade, não sabem mais o que é ter de lutar pela sobrevivência. Agora têm "mãe", "pai", "irmãos" e ração à vontade. "A princípio os recebemos provisoriamente, a pedido de amigos. Soubemos que tinham sido resgatados com mais de 100 carrapatos cada um e ficamos imaginando o quanto sofriam", diz a gerente de loja Vanessa Aparecida Braga, de 36 anos. Ela e o marido, o gerente de bar Gleydson Silva de Oliveira, de 30, só não contavam com o carisma dos filhotes e o bem que fariam às crianças, Bruno Santiago e Lana Gobbi, ambos de 10 anos. "São a alegria da casa, especialmente nesse período de isolamento. Ajudam muito a aliviar a tensão", diz Gleydson.

Os filhotes sem raça definida Gumball e Darvin saíram da rua e agora têm família completa:
Os filhotes sem raça definida Gumball e Darvin saíram da rua e agora têm família completa: "São a alegria da casa, especialmente nesse período de isolamento. Ajudam muito a aliviar a tensão", diz Gleydson Oliveira, ao lado da esposa Vanessa, do enteado Bruno Santiago e da filha Lana Gobbi (foto: Bruno Hannelt/Divulgação)
O amor também sempre falou mais alto no coração da decoradora de eventos e designer floral Marcela Ferrari, de 50 anos. Ela adotou e auxiliou tantos animais que até perdeu as contas. Em casa, no bairro de Lourdes, recentemente passou de 16 para 18 cães. Uma herança que veio de infância e foi transmitida à filha Maria Fernanda, de 14 anos. "Tenho fotos de quando eu tinha apenas um aninho, usando fraldas, grudada na Fusquinha, vira-latinha da família", recorda a empresária. Ainda superando a dor da perda recente de Lola, sua cadelinha mais velha, Marcela tenta lidar com a pressão do mercado de eventos estagnado, o medo do coronavírus e a tristeza de saber que vários animais têm sofrido ainda mais fome e abandono, em decorrência dos restaurantes e lanchonetes fechados e do desemprego. "É uma situação que dói na alma. São poucos os que se lembram deles." Para compensar tanta tragédia, decidiu sacudir a poeira e salvar três animais de uma vez só. Um deles, Brad Pitt, de 2 anos, border collier cuja beleza faz jus ao nome, foi abandonado pelo ex-dono. Os outros dois privilegiados foram os vira-latas Johnny Depp e Leo Di Caprio, ambos de 3 anos. Ambos viviam em uma comunidade onde traficantes incitavam cães da raça pit bull a atacá-los. "A história deles me comoveu demais. Sou grata por ter podido ajudar a salvá-los."
 
A pesquisadora Mirely Silva Corrêas e o marido Gustavo Pereira não resistiram ao charme do gato Raul:
A pesquisadora Mirely Silva Corrêas e o marido Gustavo Pereira não resistiram ao charme do gato Raul: "Ele demonstra tanto carinho e gratidão que é difícil mensurar a satisfação de tê-lo ao nosso lado", diz ela, com os filhos Luiza Helena, de 7 anos, Samuel Vitor, de 10, e a gata Pitty (branca) (foto: Bruno Hannelt/Divulgação)
Apesar de serem cada dia mais cotados como animais de estimação, os gatos também sofrem as consequências da reprodução descontrolada e do abandono. Raul, é um gatinho vira-lata de aproximadamente quatro meses que vivia em uma casa abandonada onde uma colônia de felinos se multiplicou. Quando viu sua foto divulgada em uma rede social para adoção, a pesquisadora Mirely Silva Corrêas, de 32 anos, e o marido Gustavo Pereira, de 44, porteiro, moradores do bairro Dom Bosco, não resistiram ao charme do gato. "Ele demonstra tanto carinho e gratidão que é difícil mensurar a satisfação de tê-lo ao nosso lado", diz ela. Os filhos Samuel Vitor, de 10 anos, e Luiza Helena, de 7, e a gata sem raça definida Pitty, de 4, agradecem.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade