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Por isso, livreiros da cidade estão pensando em como será o futuro do setor, enquanto não houver vacina ou tratamento para a Covid-19 que permita o retorno da realização de eventos que têm tanta ligação com o mercado literário. Ainda pouco se sabe como será esse futuro, mas as lojas tiveram chance de vivenciar, por cerca de um mês (de 25 de maio a 28 de junho), a reabertura das portas - ainda que com restrições relativas aos protocolos do novo coronavírus. Assim como em outros setores, as regras nas livrarias envolveram horário reduzido, uso de máscara para todos - funcionários e clientes -, número limitado de clientes por vez, sinalização dos espaços (quando necessário), além de proibição de funcionamento de cafés e realização de eventos (como os de lançamentos de livros).

As livrarias que não tinham e-commerce ou serviço de entrega tiveram de se adaptar para manter o negócio funcionando nos períodos mais restritos, ainda que de portas fechadas. Assim, muitas passaram a oferecer entrega de livros em casa e pedidos via redes sociais e Whatsapp, além de estratégias como dicas de livreiros em vídeos postados diariamente, contato direto na loja para sugestões e entrega de livros para presentes - com direito à cartão escrito à mão, ditado pelo cliente. "Durante o isolamento, atendemos muita gente com o serviço de entrega", diz Bernardo Ferreira, proprietário da livraria Ouvidor. A Quixote também inaugurou o serviço. "Funcionou melhor do que esperávamos", diz Alencar. Ele diz, ainda, que o serviço possibilitou o atendimento de clientes de outros bairros, que não tinham o hábito de ir até a livraria, e até de outros tipos de livros, com os quais não trabalhavam e passaram a pedir para atender a essas novas demandas. Na Leitura também as entregas e o e-commerce tiveram desempenho sólido durante o período de portas fechadas. "Nessas modalidades, a venda multiplicou por mais de três", diz Marcus.

Mas o setor não está pessimista. Marcus afirma que decidiu manter o plano de inaugurar mais sete lojas da Leitura este ano e nove em 2021, e que pretende recontratar, até o fim deste novembro, ex-funcionários que foram dispensados durante o período de fechamento e que ainda estiverem disponíveis. "Estamos acreditando que aos poucos vai voltar. Este ano vai ter queda importante, mas ano que vem creio que já estará quase normalizado", diz. Para Bernardo, da Ouvidor, livraria que completa meio século em 2020, o investimento na comunicação digital e o relacionamento com os clientes são itens essenciais e que têm feito a diferença. "Acho que essa crise veio para dar outro rumo no comércio em geral e nas livrarias também. Estamos pretendendo ficar por pelo menos mais 50 anos."