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Estado de Minas TECNOLOGIA

Empresa mineira desenvolve plataforma que promete democratizar inteligência artificial

A Kepler, desenvolvida em parceria com a canadense Stradigi AI, tem como missão tornar o uso dessa tecnologia disponível também a companhias de médio porte


postado em 28/01/2021 23:41 / atualizado em 28/01/2021 23:59

Salomão Teixeira de Souza Filho, um dos idealizadores da plataforma Kepler:
Salomão Teixeira de Souza Filho, um dos idealizadores da plataforma Kepler: "Empresas precisam conhecer seus próprios negócios. Só assim conseguirão impulsioná-lo" (foto: Nayara Menezes/Encontro)
Mapear o mercado, categorizar os clientes, fazer previsão de demanda, otimizar as vendas, melhorar fluxos de trabalho. Esse talvez seja o objetivo de 10 entre 10 empresas dos mais variados portes. Pelo menos daquelas com o mínimo de organização. E a Inteligência Artificial (AI) pode ser uma aliada e tanto na busca desses alvos. "O problema é que a IA sempre foi restrita a multinacionais, montadoras, bancos etc", diz o economista Salomão Teixeira de Souza Filho, um dos idealizadores da plataforma Kepler, desenvolvida em parceria com a empresa canadense Stradigi AI, e que tem como missão tornar o uso dessa tecnologia disponível também a companhias de médio porte. A premissa é que toda empresa possui um banco de dados, seja ela de que tamanho for, e fazer bom uso dele pode se traduzir em um diferencial competitivo. "Muitas vezes esses dados estão ali disponíveis, mas não são utilizados. São dados preciosos que podem se reverter para melhoria de processos e otimização de ganhos dessas empresas", afirma o empresário. O que o Kepler faz é analisar esses dados e convertê-los em soluções simples e individualizadas. "As empresas precisam conhecer seu próprio negócio. Só assim conseguirão impulsioná-lo."

A plataforma Kepler surgiu a partir de outro projeto bem sucedido, desenvolvido por Salomão Filho também em parceria com a Stradigi AI, provedor líder de plataforma de Inteligência Artificial de negócios na América do Norte e que tem o cantor americano will.i.am como um de seus consultores e investidores. Há cerca de 7 anos, quando assumiu a presidência do conselho da empresa da família, a Tangará Foods, do ramo alimentício, Salomão buscou desenvolver um programa de Inteligência Artificial para um de seus projetos. No entanto, não encontrou no Brasil empresas que fizessem o que ele procurava. "Pesquisando nessa área, cheguei até a Stradigi AI, no Canadá", diz. "Lá desenvolvemos o Propulse, que era um projeto para melhorar a experiência do e-commerce. Ele trazia algumas variáveis da compra física para a virtual." O projeto fez sucesso por lá e o Propulse tornou-se o embrião do Kepler. "Ele nos abriu as portas para esse mundo de oportunidades que é a IA. Mas não queríamos focar apenas no e-commerce, queríamos abrir o leque", afirma. "A aplicação dessa tecnologia se dá em diversos setores, desde financeiro, logística, indústria e até no ramo da saúde." A empresa teve a partir de então grande apoio do governo canadense, por meio de fomento, além de parcerias com institutos de pesquisa e universidades.

Edu Neves, CEO da Reclame Aqui:
Edu Neves, CEO da Reclame Aqui: "Eu brinco que o Kepler é o Excel para os cientistas de dados, ou seja, facilita bastante a vida deles" (foto: Divulgação)
O sucesso e a solidificação da plataforma deram a certeza de que era hora de expandir os horizontes. Assim, em meio à pandemia do novo coronavírus, o Kepler chegou com força total ao Brasil. "Mais do que nunca as empresas precisaram se reinventar e investir em tecnologia para sobreviverem", diz Salomão Filho, que gerencia cerca de 150 funcionários, mas já tem planos de contratar outros 80. Uma das companhias que aderiram à plataforma foi a Reclame Aqui. Na quinta posição no ranking dos sites mais acessados do Brasil, segundo a Alexa.com, a Reclame Aqui sentiu a necessidade de processar melhor a infinidade de dados que possuía. "Sempre primamos pela inovação. Por isso, já buscávamos por uma plataforma de IA há bastante tempo", afirma o CEO Edu Neves. "Mesmo tendo cientistas de dados na nossa equipe, sentimos necessidade de facilitar e potencializar esse trabalho. Eu brinco que o Kepler é o Excel para os cientistas de dados, ou seja, facilita bastante a vida deles." A ferramenta ajuda a entender qual é o perfil do visitante, o que ele busca e qual sua intenção ao entrar no site.  "Hoje, por exemplo, quando uma pessoa visita o site, já conseguimos saber se ela quer fazer uma reclamação ou se ela quer verificar a reputação daquele produto ou empresa antes de efetuar a compra", explica o CEO.

Oswaldo Moreira Neto, diretor de marketing e inovação da Seculus:
Oswaldo Moreira Neto, diretor de marketing e inovação da Seculus: "A ferramenta nos ajuda a prever melhor a demanda e a reduzir a sobra de estoque" (foto: Juliana Berzoini/Divulgação)
Outra empresa que apostou na dobradinha Brasil/Canadá foi a Seculus. Uma das mais importantes fabricantes e distribuidoras de relógios do país, a Seculus vende milhões de relógio anualmente, por meio de 8 mil lojas representantes. Oswaldo Moreira Neto, diretor de marketing e inovação da empresa, diz que a ferramenta possibilitou uma maior assertividade na previsão de demandas. "Levamos de 9 a 12 meses para desenvolver um produto. Então, ter uma ferramenta como o Kepler, que nos ajuda a prever as tendências e o comportamento do consumidor, é uma grande vantagem, que fará com que as sobras de estoque sejam menores", explicou o diretor.

Mais do que entender a performance das vendas, compreender o comportamento do consumidor é outro ponto destacado por Neto. "Sempre tivemos muitos dados disponíveis, mas organizá-los e aproveitá-los de forma adequada era o grande desafio", diz. E é exatamente a possibilidade de trazer resultados rápidos, precisos e individualizados um dos grandes diferenciais da plataforma. "Costumo dizer que o Kepler é um self-service de algoritmos", afirma Salomão Filho. "A ferramenta escolhe aqueles que irão trazer o melhor modelo, de acordo objetivos do cliente."

O que é inteligência artificial?

  • O termo "inteligência artificial" nasceu em 1956 no famoso encontro de Dartmouth, nos Estados Unidos. Resumidamente, pode-se definir a AI como um ramo de pesquisa da ciência da computação que busca, por meio de símbolos computacionais, construir mecanismos e/ou dispositivos que simulem a capacidade do ser humano de pensar, resolver problemas, ou seja, de ser inteligente.

  • No meio empresarial é usada para obter, entender e interpretar dados, além de reunir análises e informações para uma tomada de decisão. Por meio de uma combinação de algoritmos estatísticos de machine learning, ela é capaz de entender os padrões de ações já adotados em processos feitos por humanos e, assim, fazer recomendações de como agir em processos similares.

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