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Estado de Minas ESPECIAL GASTRONOMIA - HERÓIS DA RESISTÊNCIA

Encontro Gastrô 2020 - Conheça os homenageados na categoria Chocolateria


postado em 02/01/2021 00:51 / atualizado em 06/01/2021 14:11

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Nessa edição especial de Encontro Gastrô - O melhor de BH contamos como os estabelecimentos da capital enfrentaram a maior crise já enfrentada pelo setor. Em meio à tempestade que tomou conta do mundo diante do novo coronavírus, todos que sobreviveram à pandemia são vencedores e merecem nossos aplausos.

Confira os homenageados na categoria Chocolateria/Doceria:

Fany Bombons

Fany e Ari Balabram: produção concentrada na unidade do Sion(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Fany e Ari Balabram: produção concentrada na unidade do Sion (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Diz o ditado que nas piores crises surgem as melhores oportunidades. E quando o assunto é crise, a Fany Bombons conta com um certo histórico. Os perrengues remontam à criação da marca. "Tudo começou em 1983, lá na sala de casa", lembra Ari Balabram. "Meu pai era engenheiro civil e tinha uma construtora, mas o setor estava passando por um momento difícil. Minha mãe, então, começou a fazer bombons para vender." Os bombons da dona Fany se provaram um sucesso e em 1989 os negócios da família migraram para uma loja na rua Pium-í, no Sion. "Acabou que meu pai resolveu fechar a construtora e foi ajudar na empreitada", diz Ari, que hoje é um dos sócios. Com o tempo, o cardápio da Fany foi aumentando, indo dos bombons para as trufas e depois para as tortas, que se tornaram o carro-chefe da marca, principalmente quando o assunto é a de chocolate.

Para quem trabalha com doces, o ano tem algumas datas que pedem um planejamento especial, como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e, claro, a Páscoa. Mas 2020 tem sido um ano difícil para fazer planos, até mesmo para o Coelhinho. Enquanto os funcionários da Fany preparavam seu estoque para a maratona de pedidos da Semana Santa, apareceram os primeiros casos de contaminação pelo novo coronavírus em Belo Horizonte, o que levou ao fechamento do comércio. Diante do desconhecido, sem saber quanto tempo a quarentena duraria, a família Balabram decidiu voltar às origens. Não, não voltaram a produção para a sala de casa, mas concentraram os esforços na unidade do Sion. "Apesar das dificuldades, tivemos uma Páscoa surpreendente", diz Ari. "Conseguimos dar saída para toda a produção."

Mesmo com o distanciamento social, a pandemia foi um momento de estreitar os laços entre os integrantes da equipe da Fany Bombons. Por causa da concentração da produção na unidade da Pium-í, pessoas que só se conheciam por telefone passaram a trabalhar juntas, aprendendo alguns truques uns com os outros. "De repente, vimos que haviam jeitos diferentes de fazer a mesma receita", conta Ari, que conseguiu segurar todos os funcionários. "Foi um período complicado, mas que nos aproximou ainda mais."

Rua Pium-í 1636, Sion
(31) 3227-2445

Ponteio Lar Shopping
(31) 3286-2742

Pátio Savassi
(31) 3288-3161

Doce Que Seja Doce

Luana Drumond:
Luana Drumond: "Posso dizer que trabalhei o equivalente a quatro vezes mais do que antes. Com a loja fechada, tinha de fazer a Doce acontecer para chegar nos clientes" (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
Uma pequena fábrica no Padre Eustáquio, uma food bike e um bolo que faz uma homenagem - bem fiel - a um dos maiores ícones da Sessão da Tarde. "O Matilda foi a receita que me ajudou a ficar conhecida, sem dúvidas", conta Luana Drumond, fundadora da Doce que Seja Doce. Feito com várias camadas intercaladas de caramelo e chocolate belga,  a delícia une sabor com nostalgia, levando a memória dos clientes de volta à primeira vez que assistiram o filme sobre a simpática bruxinha. Com o tempo, a mágica da Matilda foi atraindo cada vez mais clientes, que faziam filas no Padre Eustáquio para pegar encomendas. "Alguns me pediam uma fatia para comer na hora. Mas eu não tinha nem cadeira nem mesa. Era tudo na calçada", lembra a doceira.

Em 2017, a Doce que Seja Doce mudou de endereço. "À princípio, não queríamos ir para a Savassi, mas digo que a loja me escolheu", conta Luana. "Estamos a um quarteirão da Praça Diogo Vasconcelos, mas em uma rua calma, sem aquela correria do bairro". Os clientes ganharam um espaço bem aconchegante para experimentar as tortas, bolos, e outras guloseimas da casa, dando uma pausa na rotina atribulada.

Até que, de repente, todo mundo sumiu. As ruas da Savassi ficaram desertas, ocupadas apenas por algumas pessoas de máscara. Dentro da doceria, no entanto, o vaivém não parou. Na verdade, o ritmo ficou ainda mais intenso. "Posso dizer que trabalhei o equivalente a quatro vezes mais do que antes", desabafa Luana. "Com a loja fechada, tinha de fazer a Doce acontecer para chegar nos clientes." A doceira passou a elaborar semanalmente novos cardápios, além de novos formatos para as receitas mais conhecidas.

Por medida de segurança, a loja da Savassi ainda não pode ficar cheia, mas já é possível respirar aliviado nas mesas, entre uma boa fatia de torta ou bolo. Quer começar o fim de semana com um bom café da manhã? Aos sábados e domingos, das 10h às 15h, a Doce monta uma mesa com quitutes como pão caseiro, bolo de chocolate, cookies e caramelo puxa-puxa. O bufê é, como diz a descrição, "sem balança e sem miséria".

Rua Antônio de Albuquerque 304, Savassi
(31) 98318-9932

Espetacular Doceria

Elisa Dayrell se surpreendeu com os pedidos recebidos:
Elisa Dayrell se surpreendeu com os pedidos recebidos: "Era tanta demanda que eu tive de contratar mais três pessoas durante a pandemia" (foto: Divulgação)
Dona de uma das vitrines mais coloridas de Belo Horizonte, repleta de macarons, bolos e outras delícias da culinária francesa, Elisa Dayrell entrelaça a sua própria história com a da Espetacular Doceria. "Nós até compartilhamos as mesmas iniciais", brinca. A chef deu os primeiros passos da sua empresa logo cedo, vendendo brigadeiros no cursinho enquanto estudava para o vestibular de medicina. "Eu era bem tímida no começo e uma amiga me ajudava a vender", conta. Os docinhos fizeram tanto sucesso que Elisa trocou o jaleco pelo dólmã e migrou para a faculdade de gastronomia e administração. "E como eu queria ser a melhor confeiteira possível, não parei por aí. Em 2015, fui estudar na Le Cordon Bleu, em Paris."

De volta ao Brasil, a pâtissière inaugurou a nova fase da Espetacular Doceria, trazendo a leveza e a delicadeza dos doces franceses para a capital mineira. "E 2020 tinha tudo para ser mais um ano de crescimento", desabafa a chef. Estava prevista para abril a inauguração de um anexo da loja, no Funcionários, para a degustação de clientes. "Já tinha até treinado o pessoal que ia assumir", lembra. "Mas a pandemia nos obrigou a repensar tudo." Por medida de segurança, as portas tiveram de ser fechadas para os clientes. Mas a cozinha da Espetacular continuou a funcionar a todo vapor. O número de pedidos triplicou e Elisa precisou se desdobrar, muitas vezes usando o próprio carro para entregas. "Era tanta demanda que eu tive de contratar mais três pessoas durante a pandemia."

Em meio à correria, Elisa ainda conseguiu encontrar tempo para manter uma tradição. De massa colorida e recheios variados, os macarons estão entre as delícias mais cobiçadas da Espetacular Doceria. Tanto que, anualmente, a casa seleciona uma data para homenagear a receita, vendendo as unidades a um preço promocional. E em 2020, não poderia passar em branco. "Quando falei que ia fazer o festival online, a minha equipe quase teve um troço", lembra Elisa. "Foram 390 pedidos, o que deu mais de 6 mil macarons." Junto de sua equipe, Elisa iniciou uma maratona de 45 dias de produção e entrega, enquanto tentava conciliar o único forno da doceria entre os macarons e o resto da produção. "E mesmo nessa correria, a gente teve de trocar apenas um pedido, que chegou quebrado na casa do cliente e foi logo resolvido", diz Elisa. Doces com sabor de vitória.

Rua Bernardo Guimarães 229, Funcionários
(31) 3225-0790

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