Publicidade

Estado de Minas ESPECIAL SAÚDE

Mineiros do Ano 2020 - Marco Antônio Tonussi Rodrigues

Ele liderou o Projeto Inspirar, que criou um ventilador pulmonar inovador de baixo custo em impressionantes 21 dias e, com a ajuda da Fiemg, equipa mais de 300 hospitais mineiros


postado em 16/02/2021 16:20

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Em casa, ligado nas informações que chegavam pela TV no início da pandemia, Marco Antônio Tonussi Rodrigues estava inquieto. Técnico em eletrônica, sócio de uma empresa de soluções tecnológicas para transporte, ele lembra de uma mensagem que o angustiava: a quantidade de respiradores pulmonares disponível não era suficiente em diversas partes do mundo para dar conta do número crescente de doentes em estágio avançado da Covid-19. "Liguei para um amigo que é médico e pedi um ventilador pulmonar para estudar", conta. "Era um aparelho complexo, mas não impossível de reproduzir."

Assim começou a corrida do Projeto Inspirar, abraçado por técnicos, engenheiros, médicos e profissionais de outras áreas. Como havia uma escassez de válvulas pneumáticas usadas nos respiradores no mundo todo, a equipe precisou pensar fora da caixa e fora do comum. A solução encontrada: um sistema de válvulas digitais, capazes de reproduzir o funcionamento das convencionais e se adaptar às mais diversas demandas de uma UTI. Outra inovação do aparelho está na sua central de comando. Acostumados com programação e ferramentas de feedback, Marco e os seus colaboradores usaram a experiência adquirida em sua indústria para facilitar a vida de médicos e enfermeiros. Os equipamentos contam com um chip que envia as informações de cada ventilador para um banco de dados. Em uma tela de computador, os profissionais de saúde podem fiscalizar os sinais vitais de todos os pacientes da UTI, poupando um tempo precioso nas rondas. "Em 21 dias, tínhamos um respirador inovador funcionando. A Nasa levou 37 dias para criar o deles", conta Marco.

Com o protótipo em mãos, era hora de conseguir a aprovação da Anvisa. E o projeto tinha pressa. Afinal, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio de doações de 19 empresas, já tinha encomendado 1,6 mil unidades. "Como éramos uma empresa nova na saúde, tivemos de passar por um processo bem complicado", conta Marco. Foram mais de 956 testes ao longo de aproximadamente 3 meses. "No final, tínhamos um ventilador pulmonar de alta qualidade, aprovado nos protocolos mais rigorosos." Em agosto, o equipamento batizado de VI-C19 finalmente estava pronto para levar às UTIs uma opção bem mais barata e mais completa de respirador. Ele é vendido a preço de custo e cada unidade custa 30 mil reais. Em comparação, os respiradores pneumáticos convencionais são importados por valores a partir de 50 mil reais. Já os mais avançados custam mais de 150 mil reais.

Os respiradores encomendados pela Fiemg já foram fabricados e entregues. Estão espalhados por mais de 300 hospitais de Minas Gerais. Graças ao trabalho essencial, Marco foi escolhido pela federação mineira como o "Industrial do Ano". "Foi um susto, não era algo que esperava", diz. "Mas foi uma honra receber o prêmio, que seria impossível se não fosse pela equipe que me auxiliou.", diz, soltando um riso nervoso. Aliás, cada frase sobre um obstáculo superado termina com riso. Talvez, de alívio. "Montamos e homologamos nossa fábrica, em Itajubá, em um mês. Um amigo da área de saúde da General Eletric contou que ele levou um ano e meio", conta. Mais uma vez abrindo um sorriso. Nesse caso, seguramente de satisfação.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade