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Estado de Minas GASTRÔ

Kits gastronômicos estão em alta como opção de presente

A pandemia fez crescer a tendência de agradar pessoas queridas com quitutes, quitandas, tábuas e outros. Doces ou salgados, gourmet ou raiz, há opções para todos os gostos e ocasiões


postado em 24/03/2021 10:42 / atualizado em 24/03/2021 10:42

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Aniversários, bodas, novos bebês na família e outros momentos que merecem todo o carinho e apoio dos entes queridos, têm sido celebrados à distância. A impossibilidade de encontros presenciais trouxe novas maneiras de demonstrar amor, e uma das principais é por meio da comida. Cozinhar sempre foi, na cultura mineira, uma das mais carinhosas formas de receber, agradar, celebrar, e o distanciamento social não mudou isso; apenas adaptou-se a prática para o cenário em que vivemos. Se um jantar não é possível no momento, ou um café com bolo para convidados dentro de casa não é recomendável, enviar belas cestas, matulinhas, caixas decoradas, tábuas, tem sido a opção de muita gente para levar afago e um abraço em forma de presente. Até mesmo médicos, enfermeiros e outros profissionais da linha de frente têm recebido presentes desse tipo, no sentido de gratidão pelo serviço prestado. Como o delivery também foi a principal maneira com que restaurantes, cafés, confeitarias e outras casas sobreviveram aos períodos de fechamento da cidade, os kits vieram como alternativa do cardápio - e que, em muitos casos, salvou estabelecimentos de prejuízo durante a quarentena.

Desde bolinhos especiais e sortidos em caixas chiquérrimas, passando por cestas de café da manhã e de lanche da tarde (revisitadas, não aquelas clássicas dos anos 1990), até matulas e embornais no estilo raiz (com produtos artesanais, rastreabilidade de origem, ingredientes e produtores locais), há de tudo um pouco em BH. Dá para presentear quem curte um bom vinho com tábua de frios, quem é mais formiguinha, quem adora presentes vistosos e quem é mais natureba também. Confira algumas opções:

Copa Cozinha (@copa_cozinha)

(foto: Divulgação)
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A casa, fundada há pouco mais de dois anos, já trabalhava desde o final de 2019 com uma cesta especial, um produto mais elaborado onde vão mais quitutes e opções do cardápio, bem como um arranjo de flores secas. Pouco antes da pandemia, contudo, passaram a produzir também a matula, que é uma versão de porte menor e que era embrulhada, inicialmente, em papel kraft. Lá dentro, rosca caseira, kit crocante (goiabada ou doce de leite), 100g de biscoitinho caseiro de coco ou canela, pães sovados (junto com as respectivas receitas) e 125g do café Jetiboca, vizinho da Copa no Mercado Novo. No fim do ano passado, mudaram a roupagem da matula, que passou a ser embalada em tecido de algodão cru com acabamento de toalha de renda plástica, remetendo aos forros usados na casa. Segundo a cofundadora Maíra Sette (sócia de Cristina Gontijo e Júlia Queiroz), quem busca presentear com a matula quer passar a mensagem de conforto. "São itens presentes na nossa memória afetiva, parte da cultura mineira de sempre ter um cafezinho, um biscoito", afirma. Além disso, ressalta que os produtos são artesanais, as receitas, de família, e os quitutes simples e com muita qualidade.

Zuzunely (@zuzunely_)

(foto: Divulgação)
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Quando começou a pandemia, a chef Bruna Haddad tentou adaptar o cardápio do restaurante para o delivery, mas não ficou satisfeita com o resultado. Foi aí que surgiu a ideia das caixas. "Era uma forma diferente de entregar o Zuzunely para as pessoas, mantendo essa pegada de casa de vó, comfort food, um alento em forma de comida", explica. Atualmente, há opções para quem é vegano, quem é celíaco, quem não come lactose, entre outras. "Foi o que salvou a pandemia", diz. Segundo ela, datas comemorativas e aniversários são as ocasiões mais presenteadas com os kits, mas até pedido de casamento já saiu a partir das gostosuras. O cardápio varia bastante, devido ao trabalho de curadoria e ao fato de que são selecionados itens mais disponíveis e frescos na época. A casa produz 70% do que vai na caixa (todos os pães, biscoitos, bolos, geleias, chutneys, molhos), e os demais são buscados com pequenos produtores.  Para manter o ar de "casa de vó", cada caixa tem o nome de uma novela, como Laços de Família, Explode Coração ou Sabor da Paixão (brownie, croissant de brioche, mignolatas, broinha, creme de queijo minas, antepasto, charcutaria, queijos, frutas da época, geleia, cookies, chá, café, sucos naturais). São três modalidades de kits: café da manhã ou da tarde; brunch; e caixas de aperitivo.  

Experiência Só Queijo Cura (@eduardotristaogirao)

(foto: Divulgação)
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Se a pandemia impediu encontros para degustações, os itens vão até você. É a proposta da experiência "Só Queijo Cura", promovida pelos empresários do ramo da gastronomia Eduardo Girão e sua irmã, Denise Girão. O kit da experiência é composto por um vinho, três frações de queijos selecionados e uma surpresa (que pode ser café, doce, charcutaria, azeite...). Os produtos são pensados para ter relação entre si, com uma ordem de intensidade dos queijos, a bebida escolhida de modo a harmonizar com os três, bem como uma surpresa apropriada para ser consumida junto, se assim se desejar. Com o kit em mãos, a pessoa é convidada a participar da degustação online comentada, em que Eduardo Girão, que é jornalista gastronômico e especialista em queijos, faz a apresentação dos itens com convidados, produtores dos itens do kit. Segundo os irmãos, as pessoas que presenteiam com a degustação são aquelas que valorizam o produto mineiro, a curadoria, e também quem gostaria de dar esse agrado a algum amigo ou familiar que mora longe e, portanto, não podia fazer a degustação quando era presencial. "No ato da compra, a pessoa está prestigiando pequenos produtores, alimentos artesanais, produção menor", explica Eduardo. "E é um presente de alta qualidade, exclusivo. Não são itens que estão em qualquer lugar, pois a base do trabalho é a curadoria, garimpar os produtos", completa. A periodicidade é quinzenal e é possível entregar em todo o país.

Roça Grande (@orocagrande)

(foto: Daniel Chico/Divulgação)
(foto: Daniel Chico/Divulgação)
A ideia do embornal (que é uma sacola de colocar alimentos, usada entre os tropeiros, por exemplo, em suas cavalgaduras) surgiu no início da pandemia, quando a cozinheira e empresária Mariana Gontijo começou a receber contato de alguns produtores, principalmente de queijo, que estavam com dificuldades para revender, devido ao fechamento do comércio. A proposta era uma parceria com essas pessoas para facilitar a chegada dos itens ao consumidor final, com vendas realizadas sem o lucro do armazém, apenas cobrindo o custo de logística. Assim conseguiram dar vazão a todos os queijos dos parceiros. E então o conceito do embornal ficou. "Tornou-se um projeto estendido como forma de levar produtos bons, limpos e justos através de presentes", explica Mariana. "São kits com os quais as pessoas podem presentear com produtos da agricultura familiar, de rastreabilidade", completa. Apesar de ser possível montar o seu próprio embornal com itens do armazém, a cozinheira, que é quem faz a curadoria, também já dá sugestões fechadas, como o embornal tropeiro (cachaça, rapadura, queijo, charcutaria, paçoca de pilão), ou o "pra celebrar" (vinho, charcutaria, castanha, queijo, chutney, azeite mineiro de Aiuruoca, chutney, chocolate). Existe também o embornalzinho, com menos variedades de produtos.

Espetacular Doceria (@espetacular_doceria)

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
No dia do primeiro fechamento da cidade, em 18 de março passado, a chef pâtissière Elisa Dayrell já montou o primeiro kit para vender a partir da segunda-feira seguinte. Desde então, vem ampliando a variedade de acordo com a demanda. No início, diz, pensou em uma opção mais simples, para café da manhã ou lanche da tarde. Depois percebeu espaço também para menus mais sofisticados - e o cardápio vai variando de tempos em tempos. O kit tradicional 2, por exemplo, vem com chocolate quente ou capuccino, bolo de café da tarde, petit bouquet, cake pops, brigadeiros, barrinha de chocolate, cartão e salgados. Há também o recém-lançado Brunch Spectaculaire, presente no cardápio de verão da casa (em que há até mini Chandon para acompanhar mini quiches, geleias, pains au chocolat, entre outros mimos). Segundo Elisa, quem busca os kits da doceria são pessoas que pretendem presentear com sofisticação, qualidade e preço justo. Ela conta que as datas mais demandadas são aniversários e, em seguida, presentes de agradecimento a médicos e enfermeiros. Em terceiro lugar, encomendas empresariais para substituir a festinha da empresa, que não tem mais ocorrido. Há a opção de personalizar os itens e, pelo iFood, é possível montar kits de até 100 reais. 

Mari Cotta Doceria (@maricottamineira)

(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
A loja, inaugurada em 18 de janeiro de 2020, em Lourdes, sobreviveu à enchente do início do ano passado e também aos fechamentos pela pandemia - o primeiro deles logo após a recuperação dos estragos das chuvas. Em um ano tão difícil, a casa ficou de portas abertas graças ao serviço de delivery implementado depois do novo coronavírus e, principalmente, devido à ideia dos lindos kits para presentes com direito a caixa, fita, balão personalizado e buquê de flores. Entre eles, há o kit degustação, com oito mini bolinhos, as "platters", que são tábuas variadas, e o Trio Maricotta, que traz três mini bolos-piscina (bolos pelos quais a casa é conhecida) em caixa para presente. "As ocasiões são desde aniversário até nascimento de bebê e também o balão gratidão, que muita gente manda para quem está se recuperando de Covid-19 e outras situações desse tipo", afirma a sócia-proprietária Ludmilla Dourado, que comanda a casa junto com o sócio Vitor Castro Martins. De acordo com Ludmilla, o envio do presente para amigos e familiares gerou um público fiel. "Tem gente que toda data comemorativa encomenda kits conosco, e também muita gente que ganhou, gostou e passou a dar para os conhecidos", diz. 

Fofíssimo Bolos (@fofissimobolos)

(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Todo o cardápio que era vendido na loja foi colocado como opção de delivery quando a cidade fechou, em março passado. Na mesma época, a proprietária, Juliana Nunes, foi ampliando a variedade dos kits, que vêm com velas, tags personalizadas e cartão com recadinho. Segundo Juliana, no pré-pandemia, as pessoas já encomendavam muitos produtos para serem entregues. Contudo, agora, todas as demandas vêm acompanhadas de pedidos para escrever cartões à mão. "Alguns a gente até chora para escrever", diz. "Estamos vivendo um momento ruim, mas que aflorou esse lado sentimental das pessoas. Até pedidos de desculpas já recebemos para os cartões", completa. Os mais pedidos são de chocolates artesanais em formato de coração, mas um kit pensado para comemorações à distância feitas por Zoom também brilhou em 2020: bolos individuais enviados em caixinhas para a casa de cada "convidado" e um bolo grande para o aniversariante. 

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