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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Sem aulas presenciais, espaços da casa viram locais de aprendizagem e diversão

Sobretudo as áreas externas, como quintais varandas e quadras estão sendo utilizados por pais e profissionais para prosseguir com o processo de educação em meio à pandemia do novo coronavírus


postado em 05/03/2021 00:13

Manoela Carvalhaes desenvolveu o projeto Joy, voltado para crianças de 1 a 5 anos:
Manoela Carvalhaes desenvolveu o projeto Joy, voltado para crianças de 1 a 5 anos: "Trabalhamos conceitos de linguagens, escrita, oralidade, matemática, práticas na natureza, artes" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Para aprender, divertir, mexer o corpo ou apenas refrescar a cabeça da meninada, diversas atividades extracurriculares fugiram das telas para os jardins, quadras do condomínio, varandas ou sala de visitas neste início de 2021. Muitos se perguntam: será que o modelo veio para ficar? Ainda não há uma resposta definitiva. Na virada do ano, muitos prestadores de serviços perceberam cansaço e até desânimo das famílias para continuar com as atividades extras no modo remoto. A saída foi reunir grupos pequenos, dentro de espaços particulares, seguindo as regras de segurança do nosso novo normal. Se para as crianças o mundo nos últimos meses ficou um pouco sem graça, parte do antídoto para combater a monotonia pode estar em remédios antigos, como o esporte e a arte. Afinal, como diz o velho ditado: "Quem canta, seus males espanta."

De olho no modo de vida contemporâneo, a Escola Andante já havia percebido, mesmo antes da pandemia, que levar as aulas de música para a casa de crianças e adolescentes era uma boa saída para os pais, cada vez mais sem tempo de ir e vir no trânsito da cidade. Piano, guitarra, violão, bateria, flauta e outros sete instrumentos podem ser aprendidos na sala ou no jardim. De certa forma, o coronavírus consolidou o modelo "delivery" e a demanda por esse serviço está alta. "No início da pandemia nós também migramos para a plataforma online", diz Bruno Grossi, fundador da escola. "Mas, depois de alguns meses, percebemos o desejo dos alunos em retornar para o sistema presencial." A Andante utiliza um método lúdico que combina os estilos clássico e popular, procurando sempre inserir na didática elementos e repertórios já conhecidos pelos alunos. Como  são feitas individualmente ou em dupla – e com distanciamento – cantar e tocar em casa tem sido uma opção segura para aliviar as tensões.

Bruno Grossi, com as irmãs Eduarda e Marina Lage:
Bruno Grossi, com as irmãs Eduarda e Marina Lage: "No início da pandemia nós também migramos para a plataforma online. Mas, depois de alguns meses, percebemos o desejo dos alunos em retornar para o sistema presencial", diz o professor de música (foto: Divulgação)
As irmãs Eduarda, de 16 anos, e Marina Lage, de 11, começaram no fim do ano as aulas de música. Eduarda escolheu a guitarra e Marina preferiu o ukulele. "Aprender um instrumento é um hobby que movimenta a rotina", diz Eduarda. "Enquanto pratico as aulas de guitarra também descanso das aulas online, que são um pouco monótonas", observa. A mãe das garotas, a fotógrafa Vânia Lage, conta que várias famílias no seu condomínio aderiram ao modelo. "Acho que essa experiência, de trazer alguns serviços para dentro de casa, veio para ficar", diz.

A coordenadora da Rizvi, Fernanda Varela, com os alunos Davi e Manuela Eto: opção de aulas em casa continuará mesmo no pós-pandemia(foto: Eugenio Faria/Divulgação)
A coordenadora da Rizvi, Fernanda Varela, com os alunos Davi e Manuela Eto: opção de aulas em casa continuará mesmo no pós-pandemia (foto: Eugenio Faria/Divulgação)
Também sentindo seus alunos já exaustos com as aulas on-line, a escola de inglês Rizvi Schools desenvolveu aulas para o ambiente da casa, de forma individual ou em pequenos grupos. Eugênio Faria, que é professor e coordenador geral da escola, explica que o método pedagógico da Rizvi inclui aulas e vivências por meio de workshops e projetos em laboratório. As aulas em casa e para pequenos grupos em condomínios têm funcionado muito bem e será uma opção mesmo no pós-pandemia. Para Eugênio, que está no setor há mais de 20 anos, no entanto, o ambiente escolar ainda será sempre fundamental para a rica troca de experiências e para ampliar o grupo linguístico. "Costumo dizer que a casa é o melhor lugar para se morar e a escola o melhor lugar para estudar", diz o professor.

Pablo Árabe, Felipe Cerqueira, Marcelo Pacheco, Diego Árabe e Flávio Campos, do projeto Movimentar: desde aulas de esportes a atividades para trabalhar o equilíbrio, lateralidade e controle motor(foto: Felipe Cerqueira/Divulgação)
Pablo Árabe, Felipe Cerqueira, Marcelo Pacheco, Diego Árabe e Flávio Campos, do projeto Movimentar: desde aulas de esportes a atividades para trabalhar o equilíbrio, lateralidade e controle motor (foto: Felipe Cerqueira/Divulgação)
Para desenferrujar e manter o equilíbrio entre corpo e mente, nasceu durante a pandemia o projeto Movimentar, formado pelos educadores físicos Pablo Árabe, Felipe Cerqueira, Marcelo Pacheco, Flávio Campos e Diego Árabe. Depois de 20 anos trabalhando como professor de educação física em uma grande escola de BH, Pablo, junto com os colegas, desenvolveu o projeto para levar a prática até a meninada. O programa inclui desde aulas de esportes a atividades para trabalhar o equilíbrio, lateralidade e controle motor. Apesar de as crianças se divertirem muito, inclusive com brincadeiras como rouba bandeira, queimada, pegador e gincanas, Pablo esclarece que não se trata de uma recreação. "O Movimentar é um projeto muito bem estruturado de educação física, com propósitos desenvolvidos de forma lúdica e personalizada para crianças e adolescentes", diz. Dentre as atividades estão até mesmo o treinamento funcional. "Percebemos que essa demanda cresceu com a pandemia, uma busca para combater o sedentarismo e preservar a saúde."

A pandemia trouxe também inovações para os pequeninos. Depois de estar à frente de uma escola infantil bilíngue, a psicóloga e especialista em educação infantil Manoela Carvalhaes desenvolveu o projeto Joy (alegria, em inglês). Manoela conta que seu objetivo é levar conhecimento de forma lúdica para crianças de 1 a 5 anos. Com grupos de três ou quatro alunos, ela trabalha em casa as competências e vivências da educação infantil. "Trabalhamos conceitos de linguagens, escrita, oralidade, matemática, práticas na natureza, artes." As visitas podem acontecer uma ou mais vezes na semana, dependendo do interesse da família. Manoela explica que a vivência também pode ser adaptada a um projeto de bilinguismo. Com tantas opções para preencher a rotina, nada de se conformar que ficar em casa é sem graça mesmo. 

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