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Estado de Minas TRABALHO

Coworking ganha força durante a pandemia

Escritórios compartilhados são alternativa para empresas de todos os tamanhos


postado em 16/04/2021 02:04 / atualizado em 16/04/2021 02:04

Ariel Rodrigues, CEO do WO Experience Center, sempre leva a sua cadela Fumaça para o trabalho:
Ariel Rodrigues, CEO do WO Experience Center, sempre leva a sua cadela Fumaça para o trabalho: "Aqui é muito mais do que um local para trabalhar, é um centro de convivência" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
No primeiro andar, a recepção. No segundo, parte da administração. Em um pavimento mais elevado, a sala do chefe. Durante muito tempo, as sedes da empresa funcionaram como uma fortaleza, onde todo o trabalho era centralizado e os andares divididos por funções ou importância. Porém, veio a pandemia e, com ela, a mudança na forma de trabalhar. No home office, os escritórios acabaram sendo transferidos para dentro da tela, com aplicativos de gestão de produtividade e videoconferências. Muitos empresários aproveitaram a parada para colocar na ponta do lápis os custos de se manter uma sede que não estava sendo completamente utilizada. Quem procurava por uma maneira de poupar recursos durante esse período complicado encontrou nos espaços de coworking, locais onde várias empresas compartilham a mesma infraestrutura, uma opção interessante. "Foi justamente durante a crise econômica de 2008, nos Estados Unidos, que o coworking começou a se popularizar", diz Roberta Vasconcellos, criadora do BeerOrCoffee, plataforma que liga empresas e pessoas a esses espaços de trabalho compartilhado. "As empresas de tecnologia que estavam começando foram os primeiros clientes.

Hoje CEO, Anna Martins também foi uma das fundadoras do Órbi conecta:
Hoje CEO, Anna Martins também foi uma das fundadoras do Órbi conecta: "A ideia era criar um ambiente que conectasse as soluções propostas por startups aos problemas das grandes empresas" (foto: Divulgação)
O catálogo de opções montadas por Roberta conta com mais de 1 mil endereços, espalhados por Brasil e Portugal. O que começou como uma opção para startups que davam os seus primeiros passos logo se tornou um lar para gigantes de áreas diversas como Itaú, MRV, Banco Inter, iFood, e Renault. "Um dos principais pontos é a facilidade na hora de expandir", afirma Roberta. "Em vez de administrar imóveis para quantidades diferentes de funcionários em cada cidade, você pode contar uma rede de espaços compartilhados." De acordo com a empresária, os trabalhadores também saem ganhando com a parceria, com a possibilidade de escolher um lugar mais perto da sua casa para fazer as suas demandas do dia. Outro grande ponto positivo são as salas de descompressão. A conhecida pausa do cafezinho ou para descansar pode acabar se tornando uma oportunidade interessante de network com pessoas de outras empresas. "Estrutura, comodidade, produtividade e qualidade de vida são os pilares do coworking", diz Roberta. "Dando essa liberdade de escolha para que o funcionário decida em qual espaço ele se sinta melhor, você terá um trabalhador mais feliz e com mais resultados."

Responsável por ligar pessoas aos coworkings, Roberta Vasconcellos, criadora do BeerOrCoffee avalia os benefícios do formato:
Responsável por ligar pessoas aos coworkings, Roberta Vasconcellos, criadora do BeerOrCoffee avalia os benefícios do formato: "Um dos principais pontos é a facilidade na hora de expandir. Ao invés de administrar um imóvel para quantidades diferentes de funcionários em cada cidade, você pode contar uma rede de espaços compartilhados" (foto: Divulgação)
Inaugurado em março do ano passado, o WO Experience Center, no Buritis, tinha metade de um piso ocupado logo após a abertura. Hoje, está com 75% de ocupação em dois pisos. Isso, mesmo sendo considerado o maior coworking do estado e um dos maiores do Brasil, com mais 5 mil metros quadrados. "Em maio, vamos inaugurar mais um andar voltado só para o coworking, no terceiro piso do WO", diz o CEO Ariel Rodrigues. Ele o pai, Isaías, começaram a trabalhar no ramo em 2016, quando decidiram transformar o escritório da empresa de incorporação imobiliária, no Venda Nova, em um espaço compartilhado de trabalho, criando o Open Place Coworking. Apesar das expansões ao longo dos anos, o espaço de mil metros quadrados na avenida Padre Pedro Pinto acabou ficando pequeno demais para as ideias da família. Era hora de inovar, de novo. "O WO é muito mais que um local para trabalhar, é um centro de convivência", afirma Ariel. Além dos andares que só podem ser acessados pelos colaboradores das empresas assinantes, o complexo conta com espaços que oferecem os mais diversos serviços, tanto para funcionários quanto para os moradores do Buritis ou trabalhadores de empresas vizinhas. O espaço gastronômico conta com cozinhas que agradam todos os gostos, com estandes de comida mineira, saladas, culinária mediterrânea, carnes, sushis e hambúrgueres. E na hora do happy hour, basta uma viagem de elevador para brindar com drinques, chopes ou vinho. O WO também conta com barbearia e espaço para crossfit, ginástica artística e judô, para adultos e crianças. "Também temos uma empresa que cuida de pets, mas toda a nossa estrutura é pet friendly", diz Ariel, que sempre leva a Fumaça, sua vira-lata, para o trabalho.

Criado por meio de uma parceria entre MRV, Banco Inter e Localiza, o Órbi Conecta é um espaço de coworking que vive cheio e ocupado por um público selecionado, como conta a cofundadora e CEO do espaço, Anna Martins. "Fazemos um processo de curadoria para selecionar os parceiros. Queremos ter uma diversidade de ideias e empresas aqui, então não seria bom se uma marca segurasse muitas posições". Inaugurado em 2017, o espaço foi criado para facilitar as conexões entre os problemas de grandes empresas e as soluções inovadoras apresentadas por novas marcas. "Conecta é muito mais que um nome, é o nosso lema." E não foram poucas conexões ao longo de quatro anos de história. Mais de 200 empresas já chamaram as mesas do Órbi de casa. Uma das características mais interessantes do espaço de coworking é que ele é totalmente compartilhado. "Nós não temos escritórios fechados apenas para uma marca. Todos compartilham as mesas. Queremos incentivar a troca de experiências entre pessoas de áreas diferentes", conta Anna. Áreas para trabalhar, ou para aliviar a cabeça, é o que não falta. Além dos locais para o trabalho mais concentrado, com mesas e cadeiras, o Órbi também conta com um jardim feito pela MRV para quem precisar de tomar um ar, um espaço gourmet procurado pelos fãs do cafezinho da tarde e uma piscina de bolinhas, para brincar com um companheiro ou amigo. Afinal, nunca se sabe quando uma oportunidade de negócio pode surgir. Hoje, o espaço de coworking conta com o apoio de outras duas marcas, Rede Mater Dei de Saúde e Colégio Agostinianos, aumentando o leque de possibilidades.

Segundo Lucas Mendes, diretor geral da WeWork, a noção de que apenas pequenas empresas procuravam os coworkings já ficou no passado:
Segundo Lucas Mendes, diretor geral da WeWork, a noção de que apenas pequenas empresas procuravam os coworkings já ficou no passado: "60% dos nossos clientes tem um plantel de mais de 1 mil funcionários. Pode-se dizer que trabalhamos com várias ex-startups" (foto: Divulgação)
Mesmo em meio à pandemia, algumas empresas começaram a operar. É o caso da Grow Workspace, que pertence à construtora Concreto e abriu as portas em julho do ano passado, um dos momentos mais críticos da Covid-19 em Belo Horizonte. Mas a história da nova empresa começa bem antes da chegada da pandemia. "Nós queríamos transformar alguns andares que pertenciam à Concreto em escritórios compartilhados de ponta, inspirados nas grandes empresas de tecnologia", lembra Tomaz Gomide. De acordo com o gestor do Grow Workspace, os escritórios de Apple, Facebook, Google e várias outras marcas inovadoras serviram como fonte de inspiração para o projeto. E apesar de ter sido inaugurado durante um período conturbado na economia, a rede de espaços compartilhados já conta com três unidades, localizadas nos bairros Centro, Sion e Vila da Serra, sendo que a última conta com um auditório e terraço com vista para o Vale do Sereno. "Também estamos com planos de expansão dos nossos coworkings, além da inauguração de um novo espaço em 2022, perto do Pátio Savassi".

A multinacional que é famosa no ramo também viu o seu público aumentar ainda mais durante a pandemia. Após os primeiros meses de desconfiança sobre como seria o futuro, a WeWork viu a volta dos seus antigos membros, acompanhados por novas empresas, que repensaram os seus escritórios. "Hoje, estamos com as nossas duas casas cheias", conta Lucas Mendes, diretor geral da WeWork. "Vimos a demanda por novas unidades, no Vila da Serra e em outras cidades de Minas, crescer durante a pandemia, mas o momento ainda é muito incerto." E se engana quem pensa que o espaço é povoado por pequenas startups, com equipes pequenas. Hoje, cerca de 60% das empresas que trabalham no WeWork possuem mais de 1 mil funcionários. "Pode-se dizer que trabalhamos com várias ex-startups", brinca Lucas. No começo deste ano, o espaço de coworking viu um novo tipo de cliente entrar pela sua porta. Em fevereiro, o Cruzeiro Esporte Clube moveu as suas operações da sede localizada no Barro Preto para a unidade do Boulevard Shopping. Segundo o clube, a mudança deve gerar uma economia de aproximadamente 2 milhões de reais por ano. Eles estão com um espaço personalizado bem bacana, amplo, com sinuca. É um ambiente fantástico", diz Lucas Mendes.

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