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Estado de Minas CIDADE

A expectativa dos bufês e produtores com a volta dos eventos presenciais em BH

Enquanto a engrenagem volta a girar lentamente no mercado de festas e espetáculos, pequenas confraternizações se destacam. A palavra de ordem é se reinventar


postado em 01/08/2021 22:53 / atualizado em 03/09/2021 12:09

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Virgínia Matos de Menezes, sócia proprietária do Buffet Catharina e diretora da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento, diz que apesar de ter os alvarás de funcionamento suspensos desde o início da pandemia, os espaços de eventos seguem tendo a obrigatoriedade de pagar o IPTU:
Virgínia Matos de Menezes, sócia proprietária do Buffet Catharina e diretora da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento, diz que apesar de ter os alvarás de funcionamento suspensos desde o início da pandemia, os espaços de eventos seguem tendo a obrigatoriedade de pagar o IPTU: "Eu pago imposto sem conseguir gerar alguma renda com aquele estabelecimento" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
A recente liberação da prefeitura para a realização de eventos em Belo Horizonte, com regras rígidas, tem gerado um misto de euforia e apreensão entre os envolvidos. Setor a mais tempo com atividades totalmente interrompidas - até o anúncio da administração municipal eram 16 meses de portas cerradas -, teve 46% de suas empresas fechadas ou que migraram para outras áreas. É um mercado que vai muito além de bufês e cerimoniais, envolvendo milhares de profissionais. "Estão envolvidos desde salões de beleza especializados em maquiagem de noivas, lojas de aluguel de vestidos, músicos, fotógrafos, cinegrafistas, decoradores, montadores, entre vários outros que dependem desse mercado para sobreviver", diz Virgínia Matos de Menezes, sócia proprietária do Buffet Catharina e diretora de eventos sociais da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE).

A chef Agnes Farkasvolgyi, proprietária do Bouquet Garni, diz que os testes podem encarecer os custos dos eventos:
A chef Agnes Farkasvolgyi, proprietária do Bouquet Garni, diz que os testes podem encarecer os custos dos eventos: "Se o custo  médio de um profissional desses era 200 reais, chegará a 550" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Uma das queixas é que, com alvarás de funcionamento suspensos desde o início da pandemia, os espaços de eventos seguiram tendo a obrigatoriedade de pagar a taxa de IPTU. "As empresas pagam impostos sem gerar renda com os estabelecimentos. E a maioria tem outros custos, como aluguel", diz Virgínia. Da prefeitura de BH a categoria pede isenção de imposto e do estado de Minas Gerais, liberação de crédito e isenção de ICMS para um novo recomeço. Neste cenário, o protocolo divulgado pela PBH para a retomada do setor, na prática, tem aplicabilidade limitada. A partir do último dia 3 de julho, a flexibilização das atividades permitiu o funcionamento de museus, teatros, espaços voltados para atividades socioculturais, do comércio não essencial aos domingos e a realização de músicas ao vivo em bares e restaurantes, bem como a realização de eventos.

Para Patrícia Soutto Mayor (à dir, com a irmã, Celinha e a mãe, Célia), este é o momento das celebrações em família:
Para Patrícia Soutto Mayor (à dir, com a irmã, Celinha e a mãe, Célia), este é o momento das celebrações em família: "Começamos a atender pequenas encomendas em casa, refeições. Muita gente vai manter as datas para o final do ano. Acredito que tudo vai depender de como todos nós nos comportamos" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Em se tratando de shows e espetáculos teatrais há a obrigatoriedade do limite de 800 pessoas com público sentado. Em locais onde alimentação e bebidas são servidas, o limite cai para 600 pessoas, o que inclui o staff. "São limitações inviáveis do ponto de vista da venda de ingressos. Quando você vai para um teatro com capacidade de 1.600 pessoas e coloca apenas 500, a conta não fecha", diz o produtor cultural, Aluizer Malab. Apesar disso, o empresário está otimista. "Acredito que a vacinação em massa vai virar o jogo". Na mesma ordem, eventos corporativos, feiras e congressos serão liberados a partir de agosto com limite de 800 pessoas. Já eventos sociais podem acontecer com o máximo de 200 participantes, o que inclui a equipe de trabalho. Todos comprovadamente imunizados ou testados com exames de RT-PCR.

"Imagine que se o custo médio de um profissional desses é 200 reais, com o preço do exame exigido, mais acréscimo de meia diária para que possa disponibilizar o seu tempo para ser testado dois dias antes do evento, sairá em média a 550 reais para quem vai fazer a festa", diz a chef Agnes Farkasvolgyi, proprietária do Bouquet Garni. Isso, para ela, inviabiliza a realização de festas maiores. "Pagar esse preço para meia dúzia de pessoas é possível, mas para 40, 50, torna-se impraticável". Qualquer sinal de retorno à "normalidade" é positivo, diz Agnes, mas antes do ano que vem, o ritmo segue devagar.

Túlio Pires, do Rullus Buffet, ressalta que o fechamento de vários estabelecimentos do ramo levou à falta de mão de obra qualificada e ao aumento no preço dos insumos:
Túlio Pires, do Rullus Buffet, ressalta que o fechamento de vários estabelecimentos do ramo levou à falta de mão de obra qualificada e ao aumento no preço dos insumos: "Orientamos nossos clientes a reavaliar suas expectativas, reduzindo o número de convidados e substituindo produtos" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Enquanto a engrenagem volta a girar lentamente no mercado de eventos, as pequenas confraternizações se destacam. A palavra de ordem é se reinventar. "Começamos a atender pequenas encomendas em casa, refeições. Muita gente vai manter as datas para o final do ano. Acredito que tudo vai depender de como todos nós nos comportamos, adotando as medidas de segurança necessárias", diz Patrícia Soutto Mayor, do Buffet Célia Soutto Mayor. O plano "Minas Consciente - Retomando a Economia do Jeito Certo" orienta sobre o retorno seguro das atividades econômicas nos municípios do estado, estimulando a reabertura gradual de comércio, serviços e outros setores. "As cidades participantes já liberaram eventos para 30 pessoas há mais tempo, com protocolos de segurança. Mas BH ainda não faz parte desse movimento", diz Letícia Martins, proprietária da Le Coult Produções.

O fechamento de vários estabelecimentos do ramo levou à falta de mão de obra qualificada  e ao aumento no preço dos insumos, exigindo jogo de cintura entre clientes e fornecedores.  "Estamos orientando nossos clientes a reavaliar suas expectativas, reduzir o número de convidados e substituir produtos e pratos para obter melhor custo-benefício", diz Túlio Pires, proprietário do Rullus Buffet. Segundo ele, diversos produtos sofreram aumentos significatios em seus preços. O crescimento da exportação da carne bovina trouxe escassez para o mercado interno. A demanda por delivery onerou o custo do papel usado em sacolas e embalagens, chegando a um aumento de 600%. O preço do bacalhau, com base de cálculo no dólar e euro, disparou. Velas, parafinas e copos importados, antes encontrados com facilidade, estão em falta no mercado. "A cadeia toda foi desestruturada e o retorno gradual ajuda na retomada do equilíbrio", diz. A esperança é a vacinação.

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