
Os problemas relacionados à região prejudicam, diretamente, três sistemas: "De modo geral, as disfunções ocorrem de maneira correlacionada, englobando o sistema urinário (bexiga e uretra), genital (útero e vagina) e intestinal (anorretal)", diz a fisioterapeuta Maria Beatriz Alvarenga de Almeida, especialista em saúde pélvica. Isso sem falar nos reflexos negativos relacionados ao orgasmo vaginal e ereção masculina. "É possível identificar os problemas por meio de um exame dessas funções musculares", explica. Foram 24 anos de sofrimento, até a esteticista Ildete Aparecida de Oliveira Dorneles, de 43 anos, descobrir que o tormento que vivia tinha solução. Durante muito tempo ouviu ginecologistas lhe dizerem que a dor que sentia ao ter relações sexuais com o marido, era "coisa da sua cabeça". Sem encontrar respostas nos consultórios médicos, deixou de procurar ajuda. "Cansei de ouvir que a culpa era minha. Já estava incrustado em mim que sexo era sinônimo de dor", relata.
A dona de casa Celma Corrêa Vidal Freitas, de 64 anos, observava com tristeza que os pais, já idosos, sofriam com incontinência urinária. Qual não foi a sua surpresa quando descobriu, há poucos anos, que também apresentava os sintomas. "Em 2019 tive câncer no endométrio. Fiz a retirada do útero, ovário e percebi que a situação piorou", conta. "Por sorte, minha filha estava fazendo o curso de fisioterapia e buscou ajuda." O tratamento, iniciado há cerca de um ano, trouxe melhoras expressivas. Uma grande conquista para Celma, que já não perde urina quando está lavando louça. "Eu nem sabia da existência da musculatura pélvica. Agora me vejo o tempo todo praticando os exercícios em casa. Mudou a minha vida", diz. Pouco conhecida, mas necessária, a fisioterapia pélvica recupera a força muscular, além de trabalhar a coordenação e relaxamento.
Mulheres mais jovens não estão isentas do problema, particularmente as expostas a exercícios de impacto e força, a exemplo das ginastas. "Estudos apontam que 80% delas sofrem com incontinência urinária, o que influencia diretamente em seu desempenho e convívio social", diz Fernanda Saltiel, fisioterapeuta especialista na saúde pélvica da mulher atleta. A auxiliar administrativa Rosane Pereira Martins Brandão, de 37 anos, passou a conviver com dois incômodos depois que se casou: a dor na relação sexual e a perda de urina. "O problema não se resolveu nem após o nascimento da minha filha, por parto normal, em 2008. A partir daí, além da dor no ato sexual, também veio a incontinência urinária." Quatro anos depois, o nascimento do segundo filho, hoje com 8 anos, agravou a situação.
