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Estado de Minas PANDEMIA

Quando e como testar crianças e adolescentes para o novo coronavírus?

Pediatra explica a importância de se saber em quais circunstâncias testar filhos e familiares, no intuito de evitar coletas de exames fora da janela adequada de tempo e para evitar o retorno às atividades fora do tempo certo de isolamento


postado em 07/10/2021 00:45 / atualizado em 07/10/2021 00:52

"Muitas crianças apresentam rinite ou bronquite crônica que se confundem com o diagnóstico de Covid-19, e sempre deve ser orientado que se procure o médico que já a assiste" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
A volta às aulas de todas as faixas etárias e também o retorno, de maneira gradual, a outras atividades e socializações têm trazido muita alegria e sanidade mental para estudantes e famílias. Contudo, o aumento da circulação de pessoas pode também vir acompanhado de aumento nos quadros gripais e viroses no geral. Assim, surgem dúvidas sobre quais são as circunstâncias em que se deve testar os filhos e quando é necessário praticar o isolamento. Conversamos sobre o tema com a pediatra e cardiopediatra Carolina Andrade Bragança Capuruço, co-autora dos protocolos sanitários de retorno às aulas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais. Segundo ela, a orientação médica é essencial, mas entender como funcionam os critérios dos testes e protocolos é útil para que as pessoas fiquem em isolamento apenas o tempo necessário, quando necessário, e que retornem às atividades no momento certo, sem colocar outras pessoas em risco.

1) Quais são os sintomas que, no caso de adolescentes, levantam o alerta da possibilidade de estarem com Covid-19?

Muitos adolescentes apresentam sintomas leves, geralmente menos exacerbados e com um número bem menor de complicações. Dentre eles posso citar a síndrome gripal com febre, tosse, coriza, fadiga, dor de garganta, dor de cabeça, dificuldade para respirar, calafrios. Mas também pode haver perda de olfato e paladar, distúrbios gastrintestinais como náuseas, vômitos e diarreia, além de diminuição do apetite. É importante lembrar que uma parcela grande pode ser assintomática.

2) Caso apresentem esses sintomas, é indicado que sejam testados?

Sim, em qualquer caso suspeito, o exame deve ser realizado. Se por algum motivo não for possível, é necessário manter o isolamento de 10 dias a partir do dia do primeiro sintoma. Temos dois tipos de exames, o Rt-PCR e o de antígeno (que sai mais rápido). É extremamente importante ressaltar que é preciso aguardar 72h do primeiro sintoma para realizar os testes. Muitas vezes, o que a família acha que é falso negativo são resultados de exames colhidos antes da hora. No caso de quem teve contato com a pessoa com Covid-19, o isolamento deve ser de 14 dias após o último contato com o indivíduo infectado.

3) Se outras pessoas da casa apresentarem sintomas antes (ou também), deve-se dar preferência a testar o adulto?

Idealmente, todos os contatos próximos também devem ser testados, pois, assim, ficam com diagnóstico mais definitivo. No contexto atual, é considerado contato próximo qualquer indivíduo que esteve a menos de 1,5 metros de uma pessoa infectada por pelo menos 15 minutos, a partir de 2 dias antes do início da doença (ou, para pacientes assintomáticos, 2 dias antes da coleta positiva da amostra) até 10 dias após a data de início dos sintomas do caso confirmado. Os contatos ficam em isolamento por 14 dias, tempo que pode demorar para surgirem sintomas da doença.

4) No caso de estudantes que forem orientados a não frequentarem o presencial por estarem com sintomas suspeitos de Covid-19, o teste pode ser uma alternativa ao isolamento de 10 dias?

Pode sim. Lembrando que o teste deve ser realizado no momento adequado, pois, caso seja feito precocemente, pode vir negativo e o estudante estar infectado. Se o teste for feito no momento certo, der negativo e o estudante estiver sem sintomas (isso também é importante, pois existem falsos negativos), é possível o retorno, caso um médico libere a volta. A alternativa são os 10 dias de isolamento. Quando há caso confirmado de Covid-19 na bolha, segundo o protocolo sanitário do Sinep, a escola pode isolar a bolha inteira por 14 dias ou testar todos os estudantes e retornar com aqueles que forem negativos. Lembrando que os testes devem ser feitos quando o estudante está com sintomas, após 72 horas, e sem sintomas, de 6 a 8 dias após o último contato. Ainda que a decisão da escola seja o isolamento de toda a bolha, pode ser interessante aos alunos cujas famílias assim o desejarem se testar de toda forma dentro desse prazo.

5) Quais outras situações podem ter indicação de testes no caso desse público? Se houve contato com pessoas positivadas, por exemplo?

O importante é ter o conceito do que seria contato próximo, como disse acima. Pessoas que vivem no mesmo domicílio, pessoas que frequentam a mesma bolha da escola, etc. Se um funcionário do administrativo ou limpeza testar positivo e este não tiver contato com nenhum estudante por mais de 15 minutos, por exemplo, as aulas não devem ser suspensas. Apenas o funcionário e seus contactantes próximos devem ser isolados.

6) Essa orientação quanto a qual teste realizar e quando deve vir do pediatra? Quem os responsáveis devem procurar?

Essa orientação pode vir do próprio pediatra ou da gestão da escola que possua um grupo de médicos orientando os pais, responsáveis e colaboradores. Claro, sempre seguindo as regras sanitárias locais. O problema de a pessoa decidir testar sem essa orientação é não acertar o momento correto, saber se o sintoma que o filho está sentindo configura quadro suspeito de Covid-19 ou não, interpretar o teste corretamente.

7) No caso das crianças, os sintomas da Covid-19 são menos intensos?

Quanto menor a faixa etária, exceto aqueles menores de 1 ano e pacientes com comorbidades, menos floridos são os sintomas.

8) Caso apresentem sintomas, testar pode ser uma opção, mesmo para os pequenos?

Muitas crianças apresentam rinite ou bronquite crônica que se confundem com o diagnóstico de Covid-19, e sempre deve ser orientado que se procure o médico que já a assiste. Mas, como o diagnóstico diferencial é muito difícil, o ideal é que se faça teste ou se mantenha o isolamento no tempo adequado.

9) Em situações em que a criança está assintomática, mas, por exemplo, teve contato com pessoas confirmadas ou suspeitas para Covid-19, faria sentido testá-las?

Caso seja contato domiciliar ou contato próximo, existem opções que devem ser consideradas. A primeira seria fazer o teste na criança após 3 a 5 dias de sintomas ou 6 a 8 dias após o último contato. A segunda seria não testar a criança, mas deve ser respeitado o intervalo mínimo de 14 dias após o último contato com a pessoa sabidamente Covid-19 positiva. Caso o exame da criança venha negativo, ela deve ficar em casa até a melhora dos sintomas, já sem febre há pelo menos 24 horas e sem uso de nenhum antitérmico, desde que tenha um atestado médico liberando o retorno à escola.

10) Considerando o incômodo do swab de nariz para crianças do ensino infantil - que, aliás, são as que resfriam com mais frequência - seria interessante a opção do Rt-PCR por coleta de saliva?

O exame é realizado pela mesma técnica de PCR em tempo real do teste colhido com swab, com a diferença de que a análise utiliza saliva como amostra. Isso torna a coleta mais confortável para o paciente e diminui o risco de eliminação de gotículas contaminantes no ambiente, aumentando, assim, a segurança de todos. A sensibilidade do teste é ligeiramente menor quando comparada à do feito em material coletado das vias respiratórias.

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