
Nos últimos tempos, artistas se aperfeiçoaram em técnicas que levam modernidade à tradição no processo criativo. Mineira de Belo Horizonte, Kláucia Badaró faz os devotos e amantes da arte suspirarem com a alegria e sensibilidade transmitida pelos seus santos coloridos, cheios de estampas delicadas e ao mesmo tempo marcantes, com muita personalidade. Um convite à oração. Ela, que já fez parte da equipe de criação de marcas como a Arezzo e integrou o Grupo Mineiro de Moda, agora se dedica exclusivamente à sua arte, que tem nas imagens o maior destaque. Formada em Belas Artes, Kláucia começou a pintar santos coloridos e monocromáticos no início dos anos 2000, como uma novidade para decorar vitrines de sua antiga loja na Savassi, a Rose is Rose. "Nessa época, eu viajava muito. Um dia, quando retornei me surpreendi: os santos que eram apenas uma nova ideia para decorar estavam todos vendidos." Hoje, Kláucia sente que encontrou um caminho que além de agradar ao público lhe traz prazer, gratidão e paz. Suas peças sacras fazem sucesso não só no Brasil. Já estão viajando o mundo e foram presenteadas a estilistas como Domenico Dolce, responsável pela marca Dolce & Gabbana. As peças são cuidadosamente feitas em decoupagem e pintadas a mão em cores alegres, com rostos primorosos. Em meio a uma profusão, cores que se harmonizam O Menino Jesus dourado e branco é carregado por um Santo Antônio florido, e Nossa Senhora pode ter seu manto coberto por rosas em cores expressivas. Um trabalho de expertise e sentido apurado, para despertar o coração. "Observo que as pessoas muitas vezes recorrem às orações em sofrimento ou com algum problema ou angústia. A imagem feliz e colorida traz um sentimento de conquista, de vitória e gratidão", diz Kláucia. Por mais que a imagem seja a mesma, de Jesus, São Francisco ou Nossa Senhora das Graças, cada obra de arte é sempre um trabalho único com expressões faciais diferentes, que surpreendem até mesmo a artista. O ateliê funciona a todo vapor no bairro da Serra e as pinturas ganham novas formas, estampando ainda roupas e telas.

Outra santeira mineira, Patrícia Schettino, também entrou no mundo da arte sacra respondendo a um chamado. A partir daí, começou a pintar especialmente Nossa Senhora em suas diferentes versões, da virgem de Guadalupe à Nossa Senhora Aparecida, mas também o Menino Jesus, além de figuras bíblicas como Maria Madalena. Antes de moldar as formas em seu Ateliê Arte do Céu, Patrícia trabalhava como economista. Ao buscar novos caminhos teve uma inspiração durante orações na igreja do Belvedere. Patrícia constrói suas imagens em um processo intuitivo usando, além da pintura, adereços delicados, como cristais, fios, pérolas, tecido, rendas, flores e pequenas coroas. A ideia é que os santos remetam à beleza e pureza do espírito, à alegria, daí também o uso de cores que não seguem um padrão tradicional. O ateliê cresceu e diversificou o trabalho. Um exemplo é a linha de peças sacras para mesa posta. Patrícia diz que segue a mesma ideia que teve ao começar a se dedicar à pintura há 20 anos. "É muito intuitivo, tenho a inspiração no momento e cada peça é única." Os elementos que compõe seu trabalho representam de alguma forma algo que será alcançado por quem recebe a imagem. "Elas trazem a força dos novos tempos, o semblante sofrido dá lugar à plenitude e à paz."
