- Luana Araújo, 41 anos
- Adamantina (SP)
- Casada, sem filhos
- Formada em medicina com residência em infectologia pela UFRJ, com mestrado em saúde pública pela Universidade Johns Hopkins (EUA)
- É infectologista e consultora em saúde pública global, palestrante e professora na PUC-PR e no Hospital Albert Einstein
Faça chuva ou sol, seja sábado, domingo ou feriado, de manhã cedo ou tarde da noite, é possível encontrar a médica Luana Araújo esclarecendo alguma questão sobre a Covid-19. Seja em emissoras de TV, em sites de notícias ou no próprio Instagram, onde faz diversos vídeos diários, a infectologista e epidemiologista tem dedicado boa parte do seu tempo a levar informação a quem ainda está bastante perdido nos constantes desenrolares da pandemia.
Ainda que fosse apenas para seu público na rede social, não falaria para poucas pessoas. Atualmente, tem quase 320 mil seguidores e alguns de seus posts ultrapassam mil comentários. Uma presença digital muito diferente da que tinha até o primeiro semestre de 2021, quando sua conta no Instagram era basicamente usada para registros pessoais - e tinha cerca de 8 mil seguidores. O que mudou de lá para cá? Em junho de 2021, a médica foi ouvida na CPI da Pandemia, no Senado, após ter sido convidada para o cargo de secretária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, mas, após dez dias de trabalho, não ter sido nomeada de fato. Segundo declarou à época o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, Luana Araújo era qualifi cada, mas não foi nomeada porque "além de validação técnica", era necessária "validação política". A médica conta que aceitou o convite, pois estávamos em uma situação em que morriam 4 mil pessoas por dia de Covid-19 e ela sentia que poderia contribuir para o combate à pandemia. "Fiz o melhor que eu pude, dentro do que era possível, do que me foi proposto, do que eu tinha condições. Eu pleiteei autonomia, mas acho que eram valores diferentes, interesses diferentes, e houve essa incompatibilidade", diz. "Mas não mudaria uma vírgula, me orgulho do meu trabalho e mais do que isso dos valores que sempre nortearam tudo o que eu fi z", diz Luana. Durante o depoimento de aproximadamente sete horas à CPI, várias frases da médica paulista de Adamantina viralizaram, a exemplo de "é como se estivéssemos discutindo de qual borda da Terra plana vamos pular".
De fala clara, objetiva e eloquente, Luana viu seus seguidores passarem de oito mil para dez vezes isso ainda no dia de seu depoimento. "Eu me levantei da cadeira e, quando vi, eram 80 mil seguidores", conta. "Para mim, só mostra o quanto as pessoas precisavam de uma relação de confiança, baseada em informações técnicas, para entender o que estava acontecendo com elas", diz. Desde então, usa sua habilidade comunicativa e seu conhecimento - é formada pela UFRJ com mestrado em saúde pública pela universidade norte-americana Johns Hopkins, tendo sido a primeira brasileira a receber a prestigiosa bolsa Sommer, dada a apenas sete alunos por ano - para ajudar a organizar as informações e explicar dados técnicos da pandemia ao público geral.
Entre os diversos ataques que já recebeu nas redes, inclusive ameaças de morte, alguns colocavam em xeque sua credibilidade devido ao fato de que ela, além de médica, é música. Luana toca, compõe, canta. Foi a bolsista mais nova do Festival de Inverno de Campos do Jordão (aos 11, quando só eram admitidas pessoas acima dos 15). "O problema é quem tem a arrogância de se considerar no direito de medir a outra pessoa pela regra da sua mediocridade. Se você não for medíocre, você é esquisito", diz.