



Se por um lado a Lei Geral de Proteção de Dados traz certo conforto para a população em geral, por outro, cumprir a legislação é uma preocupação que todas as empresas devem ter, uma vez que não há distinção entre pequenos, médios ou grandes negócios perante a LGPD. "O principal impacto para as companhias é a necessidade de adequação de seus procedimentos e sistemas, o que apenas pode ser realizado de forma efetiva após um amplo mapeamento dos dados pessoais que são por ela tratados", afirma Laura. "A responsabilidade sobre os dados pessoais armazenados, bem como a necessidade de justificativa pelo seu tratamento, previstos na LGPD, vem gerando um movimento inverso ao que se percebia antes da entrada em vigor da lei, que era o de coletar e armazenar a maior quantidade possível de dados do interlocutor. Com o aumento da responsabilidade, as empresas têm eliminado grande parte dos dados que eram por ela coletados anteriormente, mas que não possuem utilidade efetiva." Fernanda Galvão acredita que uma das maiores mudanças trazidas pela LGPD foi a necessidade de comunicar a ocorrência de incidentes de segurança à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), quando houver risco de dano aos titulares dos dados. "Além disso, a LGPD conferiu uma série de direitos aos titulares de dados pessoais, como por exemplo o direito de saber como os seus dados são tratados e o direito de correção e atualização dos dados. Antes, esses temas não estavam na pauta do dia das empresas." Com a criação da LGPD, as empresas passaram a atentar para esses dados e se viram obrigadas a proteger as informações que possuem. "A criação de uma cultura de proteção de dados reflete na forma como os clientes enxergam determinada corporação", diz Henrique Affonso Silva Freire. "Cada vez mais se faz necessário o investimento no treinamento dos profissionais da empresa para conscientização e uso adequado dos dados. O tratamento seguro dos dados passa a ser um diferencial competitivo e decisivo no momento da prospecção e/ou fidelização do cliente." Inácio Alencastro concorda que a questão da proteção de dados já se tornou uma exigência de mercado. "Com o passar do tempo, as pessoas deixarão de ter relações comerciais com companhias que não estejam em ‘compliance’ com a LGPD", diz. De acordo com ele ocorrerá uma espécie de darwinismo digital. "Só irá sobreviver quem se adaptar."