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Estado de Minas ENTREVISTA

Felipe Attiê fala sobre salto no número de startups em MG

Subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado diz como pretende acelerar a criação de novos negócios em Minas


postado em 26/04/2022 14:43

"As startups de um modo geral cresceram bastante na pandemia, porque diversas soluções para lidar com novas realidades foram demandadas" (foto: Uarlen Valerio/Encontro)
As startups, empresas com alto potencial de crescimento, estão encontrando em Minas Gerais ambiente com bons ventos para alçarem voos promissores. Algumas já se tornaram “unicórnios”, o que significa que têm valor estimado na casa do bilhão de dólares. Com faro aguçado, o foco das startups é solucionar problemas por meio da tecnologia, em áreas importantes, como saúde, educação, agronegócio, finanças e também no ambiente público. O estado já ocupa a segunda colocação neste setor. O número de empresas registradas em Minas saltou de 365 em 2015, para 1.250, em 2022. Atualmente, elas geram mais de 95 mil empregos. Nesta entrevista para Encontro, o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Felipe José Fonseca Attiê, diz que a meta é colocar fermento em programas para acelerar ainda mais o processo de criação de novos negócios. Como? Por meio de parcerias com universidades públicas e privadas e com a abertura de espaço para que as startups cresçam sua participação no ambiente de negócios das grandes empresas presentes no estado e ainda no setor público. Até o fim do ano, a meta do economista e administrador com pós-graduação em novas tecnologias aplicadas à administração pública pela universidade americana Georgetown, em Washington (DC), é que o mercado avance em 20% - no número de negócios criados e ainda na geração de postos de trabalho.

1) Qual o horizonte das startups, hoje, em Minas Gerais?

Muito promissor. Contamos com esse mercado para a criação de novos negócios, mais empregos, mais produtos e inovação, mais bem estar para as famílias. É um mercado que tem uma moçada inteligente, empreendedora, criativa e idealista. Minas chegou à marca histórica de 1.250 startups, atuando em áreas estratégicas, que demandam conhecimento e solução de problemas: saúde, indústria, agronegócio, educação, finanças... só para citar setores que crescem muito. O objetivo é ser o estado brasileiro que mais apoia o desenvolvimento desse segmento.

2) Como foi o período da pandemia para esse setor?

As startups de um modo geral cresceram bastante na pandemia, porque diversas soluções para lidar com novas realidades foram demandadas. Temos vários exemplos. Um deles reflete muito o período: o crescimento da startup mineira “Psicologia Viva”. Uma empresa que já se aproxima ao atendimento de 20 milhões de vidas. Ela nasceu antes da Covid-19, mas explodiu na pandemia, com atendimentos online. Seus serviços foram contratados por grandes grupos, como a Unimed. Negócios com esse perfil, de atender às demandas urgentes, seguem trajetória ascendente, com potencial para se tornarem unicórnios, gigantes do mercado. A pandemia trouxe problemas de medo, insegurança e pânico, que estão ligados à área de atuação desta startup que nasceu e cresceu em Belo Horizonte.

3) Quais os planos para acelerar ainda mais esse crescimento?

Um dos programas que estamos criando e aprimorando é o VUEI (Vivência Universitária em Empreendedorismo e Inovação), um criatório de startups. O programa vai apoiar a academia, os professores e os estudantes a desenvolverem esse mercado, a montarem startups, a serem empreendedores. Queremos que os acadêmicos, os intelectuais, os estudantes aprendam a ser empreendedores, voem, como o nome sugere, transformem conhecimento em tecnologia,  tecnologia em inovação, inovação em produtos, em bem estar para a população. O objetivo é criar inovação e  crescimento econômico e social, estimulando as nossas universidades, públicas e privadas, a nossa academia e os nossos alunos, em todo o território mineiro, para serem empreendedores, porque nesse país, precisamos de gente para gerar emprego.

4) Qual o investimento previsto para o setor, em programas como esse?

Ao todo são 31 milhões e meio de reais em vários programas, incluindo ações conjuntas com a Fapemig, BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais) e Subnova (Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação). Desde 2019, até o presente momento, já investimos esse montante.

"Acreditamos que essas startups podem e vão melhorar o desempenho do poder público, por isso elas devem estar cada vez mais presentes nestes ambientes, levando inovação" (foto: Uarlen Valerio/Encontro)
5) E como ocorre esse investimento?

Nós temos diversos projetos que vão ajudando, de uma forma geral, o ambiente da inovação. Estamos acelerando agora o TecPop Minas, que fomenta a formação de mão de obra para preparar futuros startupteiros. Temos um hub que ensina as startups a fazerem negócios com empresas tradicionais e com o poder público estadual. As startups estão ajudando instituições como o Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e Ministério Público. Estamos realizando convênios com esses órgãos, para usarem o dinamismo das startups. Acreditamos que essas empresas podem e vão melhorar o desempenho do poder público, por isso elas devem estar cada vez mais presentes nestes ambientes, levando inovação.

6) E qual o resultado até agora?

As empresas estão respondendo bem e o crescimento do setor é uma sinalização. Mas queremos que Minas seja o estado brasileiro que mais apoia as startups. No momento, Minas é o segundo estado, depois de São Paulo, em crescimento do setor.

7) Mas para um crescimento do estado como um todo não é necessário descentralizar? Dados do setor mostram que 60% das empresas estão concentradas em Belo Horizonte.

Esse é um setor que avança em grande velocidade e esse perfil está mudando. O Vuei, por exemplo, é um projeto que abrange todo o estado. Cidades mineiras como Uberlândia, Uberaba, Governador Valadares, Itajubá, Viçosa, Santa Rita do Sapucaí, Nova Lima, Contagem e Montes Claros mostram grande potencial de crescimento e aceleração, com negócios crescentes e já valiosos em diversas áreas da economia.

8) E o programa Seed de aceleração do ambiente de desenvolvimento está desativado?

O Seed será acelerado. Em linhas gerais é um programa muito interessante, onde lançamos desafios públicos para as startups oferecerem soluções e patrocinamos as empresas para que elas possam desenvolver essas soluções. Hoje, são diversas empresas criando e desenvolvendo soluções para o poder público.

9) Belo Horizonte chegou a ficar conhecida por ter polos de tecnologia como o São Pedro Valley, uma brincadeira que fez alusão ao Vale do Silício. Como estão esses berços do desenvolvimento de novas empresas?

O bairro São Pedro, em Belo Horizonte, ficou conhecido por abrigar uma série de empresas de tecnologia. Muitas cresceram e um exemplo é a plataforma digital Hotmart, que se desenvolveu nesse ambiente e hoje é um gigante do setor, avaliada na casa do bilhão de dólares e presente em cerca de 100 países do mundo. São exemplos de sucesso, de como esse setor tem potencial para crescer, gerar emprego e bem-estar social.

10) E como esse setor está recebendo o apoio da iniciativa privada?

O setor privado é um grande consumidor dos serviços dessa moçada trabalhadora. A indústria 4.0 e todos os setores da economia têm nas startups uma força motriz, usada na resolução de suas dores, de seus problemas. As empresas privadas incentivam o crescimento das startups abrindo demanda e contratando.

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