
Dine Saliba Nogueira, com quem Flávio é casado há 32 anos, conta que, quando o marido lhe confidenciou a ideia de se candidatar, ela já tinha em mente a certeza do que precisaria abrir mão, ainda que temporariamente: momentos de convívio com a família. Mas mesmo assim apoiou a decisão. "Eu sabia que ele tinha se preparado muito para isso", diz. Os dois têm três filhas: Carolina, de 23 anos, Mariana, de 22, e Júlia, de 12. "Elas sentem a falta do Flávio, mas reconhecem que os dias em que conseguimos ficar todos juntos são de muito carinho e que a ausência do pai tem um propósito muito claro: realizar um trabalho voluntário para contribuir com a sociedade e construir um futuro melhor." Para dar conta da rotina agitada, Flávio, de 50 anos, acorda todos os dias antes das 6h da manhã. Depois de correr na esteira por pelo menos uma hora, dá expediente rápido em sua fábrica de BH (a Colortêxtil também tem unidades em Itabirito e Sergipe). Chega na sede da Fiemg, nos Funcionários, por volta de 10h30 e fica até 21h30, normalmente. Isso quando não precisa comparecer a algum evento. Compromissos que envolvem a federação, aliás, não se restringem a dias da semana. Logo após a sessão de fotos para esta reportagem, em uma manhã de sábado, Flávio se despediu de sua mulher e filhas, da equipe da Encontro e saiu rumo a uma cerimônia. Estava sendo aguardado para falar no encerramento.

Um dos fundadores da Fiemg Jovem, Flávio participa da federação das indústrias mineiras há duas décadas. Sabia bem onde estava pisando quando decidiu concorrer à presidência com a proposta de revolucionar as estruturas da entidade. "Tinha um plano e plena consciência do que precisava ser feito", diz. Uma das ações mais emblemáticas foi a mudança no desenho da coordenação do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). No segundo semestre de 2019, Flávio chamou o então gerente de operações do Sesi, Christiano Paulo de Matos Leal, para uma missão: assumir a superintendência que iria cuidar da fusão entre sua área, que envolve da educação infantil ao ensino médio, e o Senai, com cursos profissionalizantes voltados à indústria. "Temos um olhar para o futuro e queremos trazer a tecnologia para a sala de aula, independentemente do nível em que o aluno está." As unidades do Sesi e do Senai atendem atualmente mais de 200 mil alunos em Minas.

A boa convivência com o governo do estado é uma marca dessa gestão. O governador Romeu Zema (Novo), candidato à reeleição, é assíduo na entidade, chegando a participar de reuniões do conselho estratégico. "Podemos dizer que somos, hoje, um dos principais interlocutores do governador", afirma Flávio Roscoe. "Foi um casamento natural." A posse de Flávio para o segundo mandato estava, aliás, recheada de autoridades. Além de Zema, compareceram ao Minascentro o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP). Zema destacou sua proximidade com os presentes. "Sinto-me em casa ao participar de uma cerimônia como a do Dia da Indústria, dentro de um novo Minascentro revitalizado e junto a centenas de empresários que tanto contribuem para o desenvolvimento do nosso estado", disse. "Uma das marcas da nossa gestão é justamente a atração de investimentos. Trabalhamos para criar um ambiente de negócios atrativo e desburocratizado." Já Flávio aproveitou a presença de Bolsonaro para cobrar a recriação do Ministério da Indústria e Comércio: "A indústria precisa ter voz. Precisamos ter uma política industrial em nosso país".

Nenhuma ação de enfrentamento à pandemia foi mais importante do que a doação de respiradores em uma época em que estavam em falta não só no Brasil, mas no mundo todo. A Fiemg tentava comprar equipamentos para doar a hospitais do estado, mas não havia nem previsão de quando estariam disponíveis no mercado. Foi quando Flávio conheceu Marco Antônio Tonussi, %u200B%u200Bsócio de uma empresa de soluções tecnológicas para transporte público. Incomodado com as informações que chegavam pelos meios de comunicação no início da pandemia, Marco Antônio havia decidido criar um respirador que não utilizasse válvulas pneumáticas - exatamente o componente impossível de se encontrar à época. Surgiu assim o projeto Inspirar, que criou um ventilador pulmonar de baixo custo em impressionantes 21 dias. "A Nasa demorou 37 dias para criar o deles", lembra Marco Antônio, que em 2020 foi escolhido como Industrial do Ano pela Fiemg. "O suporte da federação foi essencial para a produção. Enquanto estávamos tentando resolver questões técnicas, o Flávio nunca deixou de nos ligar para dar forças, nem que fosse de madrugada." A Fiemg adquiriu e doou 1,7 mil respiradores para 300 hospitais do estado. "Se imaginarmos que cada respirador desses atendeu 10 pacientes - e certamente foi muito mais -, essa única iniciativa foi capaz de salvar pelo menos 17 mil vidas", diz Flávio. "São essas coisas que fazem todo o trabalho valer a pena."

Como as ações implantadas por Flávio Roscoe impactaram os números da Fiemg entre 2018 e 2021
- 477,3% foi o crescimento operacional da entidade
- 132,6% foi o crescimento do patrimônio líquido
Segundo a Fiemg, a defesa dos interesses da indústria foi responsável por:
- Impacto de 348 bilhões de reais no PIB mineiro
- Impacto de 1,2 trilhão de reais no PIB nacional
- Potencializar a criação de 590 mil empregos em Minas Gerais
- Potencializar a criação de 2,73 milhões de empregos no Brasil
Crescimento registrado em 2021:
PIB da indústria de transformação
- 9,4% Minas
- 4,5% Brasil
Produção da Indústria de transformação
- 8,7% Minas
- 4,3 Brasil
