
Cunhada por Jean Ives Lelup, Pierre Weil e Roberto Crema, a normose é a patologia da normalidade. A normalidade doentia, a doença do século XXI.
Eu me curei desta doença há mais de 20 anos. É uma doença psicossomática. Raras são as pessoas que conseguem perceber as normoses em suas vidas. Ao longo dos anos, eu pude entender profundamente sobre as normoses pessoais, organizacionais, assim como da sociedade que também está lotada.
Quando vemos pessoas nas ruas pedindo dinheiro e nos acostumamos pensando “estamos no Brasil, é assim mesmo”, quando forçamos jovens a decorar para passar na prova, quando chefes mantém o sistema de controle e obediência de seu time e espera que sejam criativos e inovadores, quando compramos presentes no Natal porque é a época de dar presentes e no dia seguinte tratamos mal nossos familiares, quando pagamos por um chocolate na Páscoa cinco vezes mais pelo mesmo sabor, quando encontramos no álcool o relaxamento, isso são normoses. São centenas de normoses.
O sistema social força as pessoas a caírem em um padrão socialmente aceito, para se sentirem parte, sem perceber que a normose tira delas a capacidade de serem elas mesmas em sua máxima versão. A normalidade doentia e viciante traz diversas reações como:
- Ritmo acelerado e ansiedade
- Fácil irritação e estresse constante
- Falta de fé e esperança - depressão
- Excesso de crítica e negativismo
- Sensação que conquistei tudo mas falta alguma coisa
- Altos e baixos emocionais
- Esforço e luta para obter resultados
Muitas pessoas não estão conseguindo sair destes padrões que impedem de ver a vida com amplitude e clareza, mata a criatividade e gera doenças.
Para começar a sair da normose, sugiro algumas ações que vi dar certo com diversas pessoas e organizações: observe as coisas que se repetem negativamente, se tem padrão tem normose, experimente viajar para conhecer outras culturas, conheça e conviva com pessoas bem diferentes de você desde que não fira seus valores, aprenda coisas novas de verdade e seja um eterno aprendiz, passe a questionar o porque de tudo, busque autoconhecimento e aceite feedback, faça trabalhos que exijam humildade para desenvolver sensibilidade, desenvolva uma mente consequente e consciente.
Um peixe só sabe que está na água quando sai da água.
Sair da normose é sair da alienação e deixar de ser um zumbi social.