
Na infância, no Tejuco, Márcio André trabalhava vendendo pastéis para os funcionários da extinta mineradora Ferteco, comprada pela Vale em 2001, e localizada onde estava a barragem que rompeu em 2019. "Com 7 anos, eu acordava às quatro horas da manhã para ajudar minha tia a fazer massa de pastel, e saía de casa às sete para vender na portaria da empresa. Depois, eu vendi picolé, chup-chup...", lembra, com lágrimas nos olhos. Ainda criança, ele já dava sinais de sua visão empreendedora, quando conseguiu juntar dinheiro e comprou uma bicicleta, que alugava para os amigos. Filho de um operário e uma professora, Márcio seguiu trabalhando para ajudar nas despesas de casa. Na adolescência, foi garçom em Brumadinho até reunir recursos financeiros e se mudar para Belo Horizonte.

Com o espírito empreendedor que o acompanhava desde a infância, Márcio André fundou a TCM, em 1990, quando chegou a quatro máquinas de obra adquiridas. Cinco anos depois, conheceu o engenheiro Renato Malta, que se tornou seu sócio na empresa. "Foi ele quem me ensinou a participar de editais públicos para aluguel de equipamentos para prefeituras, o que se tornou a principal atividade da TCM. Aprendi muita coisa com ele e sou muito grato por isso. Com o tempo, a gente encerrou a sociedade, mas seguimos amigos até hoje", afirma Márcio.
A gratidão, aliás, é apenas uma das várias qualidades de Márcio André, conhecido também por sua humildade. Ele diz que faz questão de cumprimentar todos os funcionários da TCM com um aperto de mão e um abraço, e tratá-los sempre pelo nome, com muito carinho e atenção. E isso não é uma estratégia de gestão, vale ressaltar. Márcio relata que, em um de seus empregos, foi humilhado por outro funcionário, e isso lhe trouxe muita tristeza, mas também o ensinou a importância de tratar bem as pessoas: "Todos os colaboradores da TCM sabem que são importantes para mim e que tenho gratidão por eles exercerem suas funções diariamente com dedicação. Não preciso ficar cobrando trabalho de ninguém, é um ambiente muito bom"."O que mais me faz feliz na vida é ajudar as pessoas. Tenho certeza que conquistei muitas coisas na minha vida predestinado a fazer o bem para quem precisa e não tem condições"
Márcio André de Brito, vice-presidente do Galo
Outra qualidade de Márcio possui é a empatia. A infância pobre o fez um homem solidário. Desde que mudou de vida com a fundação da TCM, ele dedica boa parte de seu tempo para ajudar a quem precisa. Participa de ações sociais comprando e distribuindo, presencialmente, cestas básicas nas vilas e favelas de BH e promovendo eventos para levar alegria e lanches a crianças que moram nesses locais. Márcio André também é conhecido por incentivar e ajudar financeiramente clubes e atletas do futebol amador na capital. "O que mais me faz feliz na vida é ajudar as pessoas. Já ajudei familiares, amigos, funcionários e, principalmente, pessoas totalmente desconhecidas. Tenho certeza que conquistei muitas coisas na minha vida predestinado a fazer o bem para quem precisa e não tem condições", afirma.
É impossível contar a história de Márcio André sem falar de sua paixão pelo Galo, que começou aos 6 anos de idade e se tornou ainda mais forte ao entrar no Mineirão pela primeira vez, em 1974, aos 16 anos, quando veio de Brumadinho com um vizinho, para assistir ao superclássico Atlético x Cruzeiro, vencido pelo time alvinegro por 2 a 1. "Assistimos o jogo na antiga Geral, que era o setor mais barato. Foi uma emoção muito grande e, depois disso, eu nunca mais deixei de acompanhar o Galo, seja no estádio, no rádio ou na televisão."

Sabendo do espírito solidário de Márcio André, Sérgio Coelho, quando foi eleito presidente do Atlético, em 2021, o convidou para ser vice-presidente do Instituto Galo - braço filantrópico do clube presidido por sua mulher, Maria Alice Coelho. Na instituição, Márcio ajudou a planejar e promover ações como campanhas de combate à fome e ao frio, doação de sangue, incentivo à educação e à cultura. Em 2023, quando concorreu à reeleição para a presidência do Galo, Sérgio precisou escolher um novo vice, uma vez que o de então, José Murilo Procópio, decidiu não se recandidatar. "O Sérgio me ligou e perguntou se podia vir até minha casa para conversarmos. Nos sentamos à mesa e ele me explicou sobre a decisão do Dr. José Murilo, e que com isso tinha três nomes para substituí-lo. O primeiro da lista era o meu. Foi um momento de muita emoção porque eu nunca trabalhei para o Atlético pensando em chegar à presidência", diz Márcio.

Os dois agora se dedicam à associação, uma vez que o clube se tornou Sociedade Anônima do Futebol (SAF). "O Sérgio se envolve mais com o que acontece em campo, porque é presidente do Comitê de Futebol, que é uma parte da SAF. A minha função é ajudá-lo na gestão da associação, que envolve a sede de Lourdes, o Labareda e a Vila Olímpica. Trabalhar com ele é uma responsabilidade enorme, porque ele entende muito de gestão e é bastante exigente, principalmente com prazos. Foi uma dádiva para o Atlético ter o Sérgio como presidente", afirma Márcio. No entanto, o profissionalismo que demonstra ao trabalhar para o clube não inibe o coração de torcedor apaixonado de Márcio André. Enquanto participa da gestão mais vitoriosa da história do Atlético, ele continua nutrindo sonhos, assim como quando chegou a BH. "Quero ver o Galo campeão da Libertadores para ir disputar o Mundial e voltar com o título."
Quem conhece Márcio André, diz que ele é "gente como a gente". E não é que é verdade? Ao encerrar esta entrevista - que foi realizada em sua casa, em um fim de tarde -, fez questão de preparar a mesa e ir para a cozinha passar um café que serviu com um típico biscoito de polvilho mineiro.