"Quando o governo americano te liga dizendo que o seu país precisa de você, não é possível dizer não." Foi com essa frase, digna de uma produção hollywoodiana, que a educadora Catarina Song Chen se sentiu convocada para assumir o cargo de Especialista em Programas Educacionais do Departamento de Estado dos EUA, em Washington. Natural dos Estados Unidos, ela veio para o Brasil há 17 anos e ganhou reconhecimento pelo trabalho como diretora da Escola Americana de Belo Horizonte (EABH).
No momento em que recebeu o convite do governo norte-americano para se tornar responsável por projetos de inovação educacionais das cerca de mil escolas americanas ao redor do mundo, o primeiro impulso de Catarina foi negar. "Eu disse que não podia, porque já tinha meu emprego aqui e não poderia sair no meio do ano", conta. Duas semanas depois, ligaram novamente. "Disseram que quando o governo te chama dizendo que o país precisa de você, não pode dizer não. Eu me senti convocada, como em um filme."
Passada a surpresa inicial, a educadora acaba de assumir o novo cargo diplomático em Washington e se orgulha do trabalho que abriu as portas para a nova oportunidade. "A ideia é levar os avanços em infraestrutura e metodologia para todas as escolas americanas internacionais", explica. Um dos principais motivos para a escolha da Catarina foi o crescimento da EABH durante os 15 anos em que ela esteve à frente da instituição, transformando a escola em um "Hub de Excelência" e colocando-a, desde 2018, no Top 2 da América Latina pela COGNIA, organização não governamental sem fins lucrativos que credencia escolas primárias e secundárias nos Estados Unidos e internacionalmente. "Quando cheguei, tinha uma ou duas universidades internacionais em que os alunos conseguiam entrar. No ano passado, eles conseguiram ser aprovados em mais de 70 universidades mundiais, no ranking das 10 melhores do mundo."
O sucesso também fez com que o número de alunos saltasse de 100, em 2009, para os atuais 534 estudantes. Catarina foi ainda responsável pela implementação de um desenvolvimento estratégico de longo prazo para a EABH que envolveu a expansão física, avanços metodológicos e planejamento para obter padrões e protocolos de credenciamento com os EUA e com o Ministério da Educação do Brasil. Além disso, o investimento em tecnologia colocou a escola belo-horizontina na vanguarda dos novos modelos de aprendizagem. "Quando veio a pandemia, conseguimos estar on-line de um dia para o outro, porque já tínhamos o hábito da inovação", diz. Para Catarina, a tecnologia é uma realidade inegável e é preciso compreender que os alunos desta geração aprendem de formas diferentes. "Precisamos inovar não só em estrutura física, mas também em metodologia e treinamento de professores", afirma. "O mais importante para mim nesse novo cargo é fazer com que as escolas acompanhem o mundo que está evoluindo."
Destemida, Catarina - que é cidadã americana nascida em Seul, na Coréia do Sul - se sente pronta para o grande desafio, mas diz que será difícil encarar a saudade da cidade onde construiu uma família. "Meu coração se tornou mineiro. Meu marido é daqui e meus dois filhos já falaram que querem vir sempre para casa nas férias. A casa deles é Belo Horizonte", diz. Ela conta ainda que pretende conduzir o trabalho para o seu país de origem e, no futuro, voltar para a capital mineira. Nesse período, Catarina garante que continuará acompanhando o trabalho desenvolvido na EABH e que fará questão de levar o nome da cidade para outros países. "O meu dom é vender Belo Horizonte para o mundo, porque eu amo essa cidade com todo o meu coração."