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Estado de Minas ENTREVISTA

Felipe Nunes, da Quaest, fala sobre a polarização Lula-Bolsonaro

O professor e PhD em ciência política explica como a divisão do país mexe com as diversas relações do nosso cotidiano


postado em 10/04/2024 14:36 / atualizado em 10/04/2024 14:37

(foto: Jardiel Carvalho/Folhapress/Divulgação)
(foto: Jardiel Carvalho/Folhapress/Divulgação)
Logo após o editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, anunciar, no início de março, os resultados de um levantamento da Quaest sobre a aprovação do governo Lula, o diretor do instituto, Felipe Nunes, escreveu em seu Instagram: "Indescritível o sentimento. Muito trabalho, muito suor, muito investimento pessoal, familiar, empresarial, emocional. É a realização de um sonho sonhado por muita gente que acreditou em nosso trabalho, deu espaço, confiança e respeita o que a gente faz." Essa foi a primeira de muitas vezes em que a empresa de pesquisa e consultoria fundada em 2016 irá aparecer em horário nobre na maior rede de televisão do país. Felipe fechou contrato com a Globo para fornecer pesquisas para a emissora e também para ser um dos analistas entrevistados tanto na TV aberta quanto na GloboNews, canal de notícias por assinatura do grupo. Sua participação deve crescer à medida em que se aproximam as eleições municipais.

Apesar de jovem, Felipe, de 40 anos, mostra-se um profundo conhecedor da política nacional. Quando ainda estava nos Estados Unidos, em 2014 - ele é PhD em ciência política e mestre em estatística pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles -, foi convidado para prestar consultoria para seis campanhas para governador e uma presidencial. Ficou um tempo se dividindo entre o Brasil e os EUA, até que, em 2016 foi convidado para realizar análises e pesquisas para campanhas para as prefeituras de Belo Horizonte, Contagem e Rio de Janeiro. "Para voltar, eu precisava de um projeto", lembra. Foi quando surgiu a Quaest, em parceria com a jornalista e relações públicas Renata Salvo, especialista em gestão de negócios - os dois são casados; ela tem dois filhos e ele, um, de casamentos anteriores. Nessa época, passou no concurso para lecionar na UFMG. A empresa de consultoria e pesquisa foi ganhando corpo, atendendo não apenas campanhas eleitorais, mas empresas em busca de entender melhor o mercado. A grande virada veio em 2021, quando a Genial Investimentos financiou um projeto da Quaest que se tornou a mais longa série histórica de pesquisas já feita para uma eleição presidencial. Foi nesse ano também que o rosto de Felipe começou a ficar conhecido do grande público, graças às suas análises em programas da CNN Brasil - antes, ele já havia participado de programas da Rádio Itatiaia.

Nascido e criado em Contagem, na Grande BH, Felipe inventou e patenteou o Índice de Popularidade Digital. Um algoritmo coleta dados em sete plataformas (Twitter, Facebook, Instagram, Wikipedia, Google, TikTok e YouTube) e produz um indicador de popularidade de personalidades e marcas. Bolsista nos Estados Unidos, ele recebeu, no final do ano passado, a indicação do Ministério das Relações Exteriores para compor o conselho diretor da Fulbright Brasil, organização internacional que seleciona alunos para receber bolsas de estudos nos EUA. "Uma honra, depois de ser beneficiado com uma bolsa que mudou minha vida. É como um ciclo completo."

No final do ano passado também, Felipe lançou, em parceria com o jornalista e mestre em ciência política Thomas Traumann, o livro "Biografia do Abismo", um retrato sobre como a divisão entre apoiadoresde Lula e Bolsonaro mexeu - e mexe - com o dia a dia de milhões de brasileiros. Até meados de março já haviam sido vendidos 50 mil exemplares da obra, que mostra os efeitos da polarização não apenas na política, mas nas salas de aulas, no consumo, nas relações sociais, na religião… Nesta entrevista, Felipe fala sobre como a polarização passou a fazer parte da identidade dos brasileiros, do que esperar das eleições municipais e porque Minas Gerais continua a ser o campo de batalha a ser conquistado por quem sonha em administrar o Brasil.

  • Quem é: Felipe Nunes, 40 anos

  • Origem: Contagem (MG)

  • Carreira: PhD em ciência política e mestre em estatística pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Professor de métodos quantitativos, eleições e estratégias na UFMG. É sócio-fundador da Quaest, onde coordenou centenas de pesquisas eleitorais, além de estudos de mercado sobre reputação, consumo e comportamento. Especialista no monitoramento de redes, é o inventor do Índice de Popularidade Digital. Membro do conselho diretor da Fulbright Brasil, organização internacional que seleciona alunos para receber bolsas de estudos nos Estados Unidos. Conselheiro do Clube Atlético Mineiro, é diretor de projetos especiais do Instituto Galo.

ENCONTRO - Logo no começo do livro, vocês recorrem a uma expressão cunhada na década de 1970 pelo economista Edmar Bacha. Ele dizia que o Brasil era a "Belíndia", dividido entre os que viviam com indicadores econômicos da Bélgica e os que tinham padrão de vida similar à Índia. Agora, vocês dizem que o Brasil continua dividido, mas ele é o "Lulanaro", uma parte Lula e outra parte Bolsonaro. No que essa divisão difere de outras divisões políticas que já vivemos como, por exemplo, a entre PT e PSDB?

Felipe Nunes - A diferença é que hoje essa divisão não é uma divisão partidária, é uma divisão afetiva, é uma divisão que está norteando muito mais do que o nosso comportamento de voto, mas está norteando o nosso comportamento como cidadãos, como consumidores e como membros de nossas famílias. É uma polarização que é baseada não mais em um adversário contra o outro, mas na intolerância, na ideia de que o outro é meu inimigo e que, portanto, tem de ser não derrotado, mas aniquilado. Ele não pode existir porque eu não tolero esse outro lado, porque os lados não se toleram. Essa é uma divisão que traz consequências muito graves para qualquer processo democrático, e também para os processos de consumo. As empresas terão de se preparar para aprender a lidar com esse Brasil que a gente chama de calcificado, do Lulanaro, porque o padrão de consumo passou a ser um padrão ditado, em certa medida, por essa visão de mundo. Eu compro certos produtos se eu sou bolsonarista ou se eu sou lulista; eu vou a determinados restaurantes, moro em determinados bairros e prefiro colocar meu filho nesta ou outra escola se os pais têm uma visão parecida com a minha. Então, o hábito de consumo e a visão de mundo das pessoas ficou contaminada por essa questão política. É o que a gente chama de transbordo. A política transbordou para a vida cotidiana e isso é muito diferente do que estávamos acostumados com PT e PSDB. A eleição acabava, íamos para casa e tudo certo. Agora não, agora a gente vive política o tempo todo.

A posição política passou a ser parte da identidade da pessoa? Ser petista ou ser bolsonarista está quase que no RG dos brasileiros?

Está na identidade mesmo, no RG de cada um de nós. É curioso, porque essa identidade está ficando tão forte que as pessoas agora estão dizendo assim: "olha, eu penso isso, mas não sou petista não" ou "eu estou defendendo isso aqui, mas eu não sou bolsonarista não". O medo de as pessoas serem classificadas como de um lado ou de outro, dependendo do público com o qual eles estão convivendo,é uma marca da importância desse RG, dessa identidade que a gente carrega depois que o jogo terminou. Essas identidades estão tão fortes, estão determinando tanto o padrão de comportamento das pessoas, que nós viramos torcedores. Do mesmo jeito que existem os atleticanos e cruzeirenses, que depois que acaba o clássico vão para casa e não deixam de torcer para seu clube. E isso determina a maneira como cada um olha para o jogo, se o juiz roubou, se foi pênalti, se estava impedido ou não. A sua identidade, muitas vezes, determina a maneira como você vê o jogo. Isso também está acontecendo com a política. Viramos torcedores, que querem que uma coisa dê certo ou dê errado dependendo dessa identidade que a gente carrega.

"É uma polarização que é baseada não mais em um adversário contra o outro, mas na intolerância, na ideia de que o outro é meu inimigo e que, portanto, tem de ser não derrotado, mas aniquilado"

Felipe Nunes, sócio-fundador do instituto Quaest e co-autor do livro "Biografia do Abismo"

Você falou que esse Lulanaro está balizando muitas decisões, seja de qual escola cursar, seja que bar ou restaurante frequentar. Como as empresas podem se relacionar com essa dinâmica?

A primeira coisa é que todo mundo, toda marca, toda empresa vai ter de aprender e se adaptar a esse mundo. As empresas terão de criar códigos de conduta em relação a isso. Este ano tem eleições municipais E aí, como fica? O funcionário pode se candidatar a vereador, a prefeito? Os colaboradores podem pregar adesivo de candidatos ligados a um lado ou a outro? O que eles podem falar nas redes sociais? Até que ponto essa fala dos colaboradores, ou dos diretores da empresa ou do CEO da empresa, vai estar vinculada a uma identidade política que pode prejudicar a marca? Então, o primeiro papel que toda empresa vai ter de fazer é criar um ajuste de compliance para essa polarização. E dois, na ideia do marketing, as empresas vão ter de aprender a conhecer melhor seus clientes. Não basta saber se o cliente é rico ou pobre, mora no sul ou no norte, se ele é branco ou preto. Será necessário saber se o seu cliente tem uma posição política calcificada ou não, porque dependendo da sua posição e da posição do seu cliente, você pode perder mercado. Vou dar um exemplo: a Lacta contratou o Felipe Neto para fazer um jogo, e esse jogo basicamente era ficar comendo Bis ao longo da transmissão. O que a gente percebeu logo em seguida foi um boicote dos bolsonaristas ao Bis e uma campanha para o consumo de Kit Kat, como se o Kit Kat fosse bolsonarista e Bis, lulista. O que percebemos, fazendo pesquisa, é que houve um percentual significativo de consumidores que trocou sua opção por chocolate exatamente por essa associação com os lados, Lula e Bolsonaro. Esse não é um desafio pequeno, é um desafio que pode ter consequências econômicas. Esse é o alerta que fazemos: as empresas precisam ter cada vez mais informação sobre os seus consumidores e os seus clientes, mas também sobre os seus funcionários e colaboradores porque há aí um desafio enorme para saber como é que se posiciona nesse mundo.

No livro, vocês dizem que a posição de Lula é muito solidificada no nordeste e a posição do Bolsonaro, muito solidificada no sul e no centro-oeste. O sudeste ainda é o campo a ser conquistado?

Mais até do que o sudeste, Minas Gerais é o grande campo debatalha. O que para Napoleão foi Waterloo, e para a Segunda Guerra Mundial foi a Normandia, para a eleição presidencial brasileira é Minas Gerais. Minas continua sendo um micro - cosmos político brasileiro, que recebe influência de todas as regiões, do nordeste, do sul, do leste, da área mais agrícola no oeste. Ou seja, é realmente um grande campo de batalha. E, mais especificamente, a região metropolitana de Belo Horizonte, incluindo BH, a Zona da Mata, ali na grande região de Juiz de Fora, e a região central mineira, próximo de Divinópolis. Nessas três grandes áreas há ainda uma indefinição política por parte dos seus eleitores. Não há maiorias sólidas e estáveis nessas três regiões. A mesma coisa acontece na cidade de São Paulo, que a cada eleição vai para um lado ou para o outro. Essas três regiões mineiras mais a cidade de São Paulo, são os espaços de disputa de narrativas e de opinião pública, que vão determinar quem vai ganhar a eleição de 2026. Quem sair na frente nesses lugares, terá vantagem em 2026, porque o resto do país está mais ou menos consolidado.

Com essa solidificação, quem decide as eleições é o eleitor que está fora das bolhas, aquele que pode dizer "eu não sou nem Lula, nem Bolsonaro". Como conquistá-lo?

Eu acho que essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Para conquistar esse cara será necessário entender suas preferências, porque ele não gosta de nenhum dos dois lados e o que faz ele rejeitar os dois lados ao mesmo tempo. É bastante contraditório, porque você tem visões de mundo muito diferentes dos dois lados - e ainda assim esse eleitor do meio não consegue ser seduzido por nenhuma dessas pontas. E diria que o principal elemento para conquistar esse eleitor independente é conseguir entregar resultados de bem-estar social, resultados econômicos que possam ser vistos por esse eleitor como de fato uma melhora de vida. Esse é o eleitorado pragmático, que quer ver resultados positivos na economia.

"Os dois extremos, os dois lados mais radicais, têm muito mais semelhanças do que parece. É como se fosse uma ferradura. Eles se aproximam na parte debaixo da ferradura, mesmo ideologicamente tão distantes"

Felipe Nunes, sócio-fundador do instituto Quaest e co-autor do livro "Biografia do Abismo"

e acordo com as pesquisas que vocês fizeram para o livro, podemos dizer quem são os eleitores de um e de outro? Dá para ter uma persona Lula e uma persona Bolsonaro?

Isso é uma característica inédita no Brasil. É a primeira vez em que identificamos grupos socialmente divididos dessa maneira. O eleitor de Lula é de baixa renda, baixa escolaridade, predominantemente feminino, preto, morador do nordeste, composto por quatro identidades: o petismo, o progressismo, a classe D e Ee os liberais sociais. Do lado bolsonarista, você tem os evangélicos e a população de classe média e alta, homens brancos e, principalmente, moradores do sul e do centro-oeste brasileiro. Dentro dessas personas existem quatro identidades: a extrema direita, o público do agro, o público conservador cristão e o público dos empreendedores de médias e pequenas empresas. O Brasil é um país que pode ser descrito a partir tanto das suas características socioeconômicas, como também de suas identidades e preferências políticas.

Há uma diferença também entre os eleitores conectados à TV e os conectados às redes sociais. Considerando o público ligado à TV, 37% dos eleitores considera - vam o governo Lula positivo em junho de 2023 e 27% tinham avaliação negativa. Já se a informação vinha majoritariamente pelas redes sociais, os números mu - davam para 39 de avaliação negativa e 26 positiva. Por que isso?

Vivemos hoje um processo chamado de "bolhificação", em que você tem um ecossistema de comunicação enviesado, que nos força a assistir e a ouvir opiniões e notícias que confirmam os nossos vieses. O nome disso na psicologia é dissonância cognitiva. Tentamos evitar aquilo que nos incomoda, o que reforça a ideia de um viés de confirmação total. Quando você passa a ter vários veículos de comunicação, quando você passa a ter vários canais de internet, quando você passa a ter muita revista, jornal diferente, cada um assumindo de certa maneira posições editoriais mais claras, o eleitorado começa a se dividir, começa a procurar a informação que confirme o seu viés e lhe dê mais elementos de argumentação para satisfazer a sua crença. Isso vai nos "bolhificando" cada vez mais. Passamos a viver dentro de bolhas, redomas que nos impedem de olhar para o lado e ver que há aí um abismo enorme entre nós e eles ou eles e nós. Esse é o desafio da comunicação moderna.

Um fenômeno que vemos nas redes sociais é a disseminação de notícias falsas. Elas podem decidir uma eleição?

As notícias falsas são decisivas, não pela sua capacidade persuasão, mas pela sua capacidade de mobilização. Explico: temos feito uma série de estudos mostrando que dificilmente alguém passa a acreditar em algo quando assiste a um vídeo ou vê uma notícia. As pessoas têm senso crítico em relação ao que é verdade ou o que é mentira. Mas, quando as pessoas recebem um vídeo, falso ou verdadeiro, que confirma aquilo que ela acredita, tende a ficar mais mobilizada, mais ativa num processo eleitoral. Com isso, você passa a querer convencer os outros daquilo que acha que é certo, porque viu uma notícia que confirma o seu pensamento. Então, sim, as notícias falsas podem definir eleições mas não porque elas persuadem, convencem as pessoas, mas porque elas têm capacidade de ativar o eleitor a ir para a rua, a fazer campanha digital e espalhar aquela mensagem que todo mundo está dizendo que é falsa, mas que você acha que é verdadeira porque confirma o seu viés e aí você tende a reproduzir isso para outras pessoas.

No livro, vocês citam Friedrich Nietzsche (1844-1900), que em "Além do Bem e do Mal" disse: "quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne também um monstro". O extremo de cada um dos polos acaba se tornando mais parecido do que eles gostariam de admitir?

Nietzsche foi fundamental inclusive para a definição do título do livro. É curioso nos escritos de Nietzsche essa ideia de que você tem de tomar cuidado para não virar um abismo de tanto que você olha para ele. Os dois extremos, os dois lados mais radicais, têm muito mais semelhanças do queparece. É como se fosse uma ferradura. Eles se aproximam na parte debaixo da ferradura, mesmo ideologicamente tão distantes. Eles se parecem em quê? No comportamento, na atitude, na maneira radicalizada, na incapacidade de ouvir, de participar de conversas tolerantes, na incapacidade de se colocar no lugar do outro.

"Minas Gerais é o grande campo de batalha. o que para napoleão foi Waterloo, e para a segunda Guerra Mundial foi a Normandia, para a eleição presidencial brasileira é Minas Gerais"

Felipe Nunes, sócio-fundador do instituto Quaest e co-autor do livro "Biografia do Abismo"

As eleições municipais deste ano serão marcadas por essa polarização ou haverá espaço para uma terceira via em algumas cidades?

Eu acho que as grandes cidades brasileiras devem conviver com o fenômeno da polarização. Isso porque as eleições nas cidades grandes brasileiras são de segundo turno. Basta você se vincular a Lula ou a Bolsonaro para ter 20%, 25% de votos no primeiro turno, e isso é sufi ciente para te levar para o segundo. O próprio sistema eleitoral força os candidatos a buscarem posições mais polarizadas, para abocanhar o eleitorado lulista e bolsonarista que existe nas cidades. Mas tão importante quanto a polarização parece que vai ser a tendência de reeleição dos prefeitos. Como estão com menos dificuldades financeiras que no passado, têm obras para mostrar. "Polarização" e "reeleição" são as duas palavras que vão marcar essa eleição de 2024.

Isso vale também para BH?

Belo Horizonte é a cidade mais difícil de se fazer qualquer prognóstico. Se existe uma cidade brasileira com muita competição, é BH. Você ainda tem um prefeito desconhecido e um candidato bolsonarista indefinido. Um outro candidato que pode disputar a direita, via evangélicos, é o senador Carlos Viana. A esquerda está completamente fragmentada com Rogério Correia, Bella Gonçalves, Duda Salabert, Ana Paula Siqueira. E você ainda tem o (presidente da Câmara Municipal) Gabriel Azevedo disputando ali no meio de tudo isso. É uma eleição muito fragmentada. Em eleições fragmentadas demais, a tendência é que as pequenas diferenças projetem candidatos para o segundo turno. BH é uma cidade hoje mais conservadora, tem valores mais tradicionais, em que o Bolsonaro conseguiu vencer nas duas últimas eleições, isso é importante salientar. Mas o prefeito parece que terá o Lula como aliado, apesar de o deputado federal Rogério Correia aparecer como candidato oficial do PT. Por enquanto, as mensagens da polarização são mais nebulosas. Mas a capital está polarizada. Você tem os dois lados claramente definidos, inclusive espacialmente na cidade.

O penúltimo capítulo do livro traz um título sugestivo: "tem saída?". Sem dar spoiler para quem ainda não leu eu lhe pergunto: tem saída?

Essa é a pergunta que a gente geralmente não responde, para fazer as pessoas lerem o livro. Mas a resposta simples e curta é: acreditamos que sim, tem saída, mas vai demandar muito esforço, muito trabalho, muita adaptação dos políticos, dos empresários, da sociedade geral, das instituições, das famílias, ou seja, a gente só vai sair desse cenário se todo mundo estiver imbuído da importância de despolarizar afetivamente o país.

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