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Como a fisioterapia pode ajudar a combater dores crônicas

Especialistas mostram como a modalidade atua nos males causados pelo estresse, sedentarismo e má postura em frente a aparelhos eletrônicos


postado em 27/11/2024 01:03 / atualizado em 28/11/2024 13:53

A fisioterapeuta Fernanda Saltiel, com a paciente Juliana Barbosa, explica que a fisioterapia pélvica veio para ajudar a mulher a recuperar a qualidade de vida com técnicas de consciência corporal:
A fisioterapeuta Fernanda Saltiel, com a paciente Juliana Barbosa, explica que a fisioterapia pélvica veio para ajudar a mulher a recuperar a qualidade de vida com técnicas de consciência corporal: "É uma região que deveria ser tratada como qualquer outra parte do corpo" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
"Velho que não anda, desanda". O ditado popular está cada dia mais realista, mas o que não se imaginava é que as gerações mais jovens compartilhariam  de problemas que se acreditavam ser inerentes somente ao avanço da idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), estima-se que mais de 60 milhões de pessoas convivam com a dor crônica no Brasil, aquela que persiste por mais de três meses consecutivos. O problema atinge desde pessoas sedentárias a atletas de alto desempenho e não faz distinção de faixa etária, sendo muito comum em adolescentes. A dor musculoesquelética é a mais prevalente na população mundial e afeta os ossos, articulações, músculos, tendões e ligamentos. O impacto gerado pela dor crônica na vida dos indivíduos reflete-se diretamente em sua qualidade de vida, prejudicando a saúde física e mental e interferindo em suas relações interpessoais. Em casos mais graves, pode levar até mesmo à incapacidade funcional e resultar na dependência de outras pessoas.

A fisioterapeuta Ana Paula Miranda Gazzola buscou a fisioterapia pélvica para prevenir problemas em sua gestação:
A fisioterapeuta Ana Paula Miranda Gazzola buscou a fisioterapia pélvica para prevenir problemas em sua gestação: "Comecei antes de engravidar para conhecer melhor o meu assoalho pélvico e prepará-lo para a sobrecarga da gestação e parto" (foto: Adriana Costa/Divulgação)
Por isso é bom ficar atento. Os principais sinais de que o corpo está pedindo socorro são as dores musculares e articulares, acompanhadas pela fadiga, insônia, queimação, pontada, ansiedade, irritabilidade e depressão. Diante dos malefícios que o excesso de medicamentos traz ao organismo e, muitas vezes, da sua ineficiência na redução da dor, a fisioterapia surge sob a ótica de uma abordagem multidisciplinar e complementar na saúde, conferindo bem-estar, liberdade e qualidade de vida aos pacientes. "A ciência da fisioterapia tem sido cada vez mais resolutiva no processo da cura da dor e liberação dos movimentos por meio de tratamentos precisos e uso de tecnologia de ponta", diz o fisioterapeuta e professor Arno Nunes Ribeiro, especialista em osteopatia estrutural, anatomia e clínica de dor. Em 2021, a Organização Mundial da Saúde alertou que a dor lombar, também conhecida como lombalgia, é a segunda maior causa de ida dos pacientes aos consultórios médicos, perdendo apenas para a dor de cabeça. A explicação é simples: algumas das mudanças de hábitos e costumes advindos da contemporaneidade fazem muito mal à saúde.  Passar horas na frente de aparelhos como celulares, tablets e computadores, por exemplo, estimula a má postura e o sedentarismo, resultando em dores nos ombros, na região lombar e dorsal, quadril, pescoço,  joelhos e até no chamado distúrbio temporomandibular (DTM). Outro agravante é o estresse característico da vida contemporânea.

O fisioterapeuta Arno Nunes Ribeiro, especialista em osteopatia estrutural, anatomia, clínica de dor e fisioterapia regenerativa:
O fisioterapeuta Arno Nunes Ribeiro, especialista em osteopatia estrutural, anatomia, clínica de dor e fisioterapia regenerativa: "A ciência da fisioterapia tem sido cada vez mais resolutiva no processo da cura da dor e liberação dos movimentos através de tratamentos precisos e uso de tecnologia de ponta" (foto: Bruno Hanelt/Encontro)
No Brasil, a regulamentação da fisioterapia como profissão de nível superior ocorreu em 1969 com o Decreto-Lei 938, no auge da ditadura militar. A partir da década de 1980 houve ampla expansão da especialidade, que atualmente possui um arsenal de recursos terapêuticos. "A avaliação criteriosa do paciente é uma etapa muito importante para achar a causa da dor, realizada por meio de exame biomecânico e cinesiológico, além de exames de imagem e bioquímicos e o uso de aparelhos específicos", diz Arno. Seguindo a teoria de Hipócrates, em 400 a.C, que diz que "em qualquer parte do corpo, se houver excesso de calor ou de frio, a doença existe e é para ser descoberta", criou-se o exame de termografia infravermelha, instrumento capaz de analisar funções fisiológicas relacionadas ao controle da temperatura da pele e de mostrar mudanças fisiológicas como síndromes e lesões.

O fisioterapeuta esportivo Ronner Bolognani:
O fisioterapeuta esportivo Ronner Bolognani: "Na fisioterapia esportiva buscamos prevenir as lesões, tratá-las efetivamente quando ocorrem, além de otimizar o desempenho esportivo do atleta", diz Ronner (foto: Gustavo Aleixo/Divulgação)
Entre as áreas de atuação da especialidade estão a fisioterapia ortopédica, neurológica,  cardiovascular, respiratória, pediátrica, geriátrica, desportiva e uroginecológica, além da quiropraxia e osteopatia. As terapias são indicadas de acordo com o diagnóstico de cada paciente, fazendo uso de técnicas modernas como a crioterapia, fototermoterapia, ondas de choque extracorpórea, laserterapia, ozonioterapia, eletroterapia, dry needling (agulhamento a seco) e acupuntura. "Alguns tratamentos são feitos com injetáveis como anti-inflamatórios, aplicados diretamente em articulações e músculos para tratamento de pontos gatilhos, especialmente em casos de fibromialgia", explica o fisioterapeuta e professor Wesley Edgard da Silva, especialista em quiropraxia, ergonomia e fisioterapia cardiorrespiratória. A infiltração de ácido hialurônico em joelhos, diz ele, auxilia nos casos de artroses e até mesmo de forma preventiva. A toxina botulínica é utilizada tanto para tratar patologias como derrames e paralisia cerebral, quanto para  auxiliar em questões estéticas.

Especialista em quiropraxia, o fisioterapeuta Wesley Edgard (junto aos pacientes Rogério Modesto, à esq., e Bernardo Freitas) também trabalha com tratamentos injetáveis:
Especialista em quiropraxia, o fisioterapeuta Wesley Edgard (junto aos pacientes Rogério Modesto, à esq., e Bernardo Freitas) também trabalha com tratamentos injetáveis: "Um exemplo são os anti-inflamatórios usados para tratar pontos gatilhos da dor" (foto: Isnar Santos/Divulgação)
O MC e DJ Rogério Modesto da Silva Júnior, de 29 anos, recorre à quiropraxia para ter um melhor desempenho em suas atividades. "Além de não sentir mais dores musculares, durmo bem melhor", diz ele. O modelo e empresário Bernardo Freitas Santos, de 26 anos, compartilha da opinião do amigo: "Eu me sentia travado e após o tratamento tenho mais mobilidade e disposição física". Além das dores musculoesqueléticas, um terço da população feminina também sofre com Disfunções do Assoalho Pélvico (DAP), com sintomas como perda de urina e dor na relação sexual. "É uma região que deveria ser tratada como qualquer outra parte do corpo, de forma natural", diz a fisioterapeuta e professora Fernanda Saltiel, especialista em saúde da mulher. Pesquisas apontam que as disfunções pélvicas mais frequentes são incontinência urinária (IU), incontinência fecal e prolapso genital. Estudo da  Sociedade Internacional de Continência (ICS) mostra que a prevalência de incontinência urinária ocorre entre 25% e 49% da população feminina. A fisioterapia pélvica veio para ajudar a mulher a recuperar a qualidade de vida com técnicas de consciência corporal, respiração e relaxamento. "O treinamento muscular é tratamento de primeira linha para as DAP e também previne a ocorrência da IU na gestação e pós-parto, por exemplo", diz Fernanda. Sabendo disso, a fisioterapeuta Ana Paula Miranda Gazzola, de 34 anos, buscou a fisioterapia pélvica para prevenir problemas em sua gestação. "Comecei antes de engravidar para conhecer melhor o meu assoalho pélvico e prepará-lo para a sobrecarga da gestação e parto", afirma.

O fisioterapeuta e professor Ronner Bolognani é especialista em fisioterapia esportiva, reconhecido por acompanhar atletas de clubes de futebol nacionais e internacionais. Segundo ele, o excesso de atividades também acarreta dores, o que ocorre muito com atletas de alto desempenho e impacto. "Pesquisas já apontam que o ideal seria estarmos em um nível intermediário para evitar as dores crônicas", diz. Ele avalia que viver com dor não é normal e que, para cada problema, uma técnica pode ser indicada. "Na fisioterapia esportiva buscamos prevenir as lesões, tratá-las efetivamente quando ocorrem, além de otimizar o desempenho esportivo do atleta."

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