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Estado de Minas CURIOSIDADE

Leonardo Da Vinci tinha estrabismo, diz estudo

Desvio do olho foi descoberto em pinturas baseadas nele


postado em 25/10/2018 09:55 / atualizado em 25/10/2018 10:24

Cientistas analisaram obras que foram baseadas na aparência de Leonardo Da Vinci e descobriram que o célebre pintor era estrábico(foto: Jamanetwork.com/Reprodução)
Cientistas analisaram obras que foram baseadas na aparência de Leonardo Da Vinci e descobriram que o célebre pintor era estrábico (foto: Jamanetwork.com/Reprodução)

O estrabismo é um distúrbio da visão binocular caracterizado pela incapacidade parcial ou total de manter o alinhamento do olho em determinado objeto. O problema atinge de 5% a 10% dos brasileiros, segundo estimativa do Ministério da Saúde. Muitas celebridades também são vítimas desse distúrbio, como o cantor argentino Noel Schajris, a atriz Demi Moore, a socialite Paris Hilton, a ex-modelo Kate Moss e a cantora coutnry americana Reba Mcentire. Além deles, o célebre pintor renascentista italiano Leonardo Da Vinci (1452-1519) também pode ter sido estrábico.

Essa informação faz parte de um estudo realizado pela Escola de Optometria e Ciências Visuais da Universidade de Londres, na Inglaterra, e publicado no periódico científico JAMA Ophthalmology no dia 18 de outubro.

Os cientistas descobriram que as obras que tiveram Da Vinci como modelo apresentam uma tendência do olho esquerdo ser virado para fora.

O pintor, inventor, matemático, engenheiro e escultor italiano adaptou o problema visual na criação das suas obras, à semelhança, aliás, de outros artistas como o holandês Rembrandt, o francês Degas ou o espanhol Picasso.

"Vários artistas famosos têm sido identificados como portadores de estrabismo com base no evidente alinhamento dos olhos nos autorretratos", comenta o neurocientista Christopher Tyler, responsável pelo estudo, no artigo recém publicado.

No caso de Leonardo da Vinci, os pesquisadores enfrentaram o problema da escassez de autorretratos considerados autênticos. Mas, os responsáveis pelo estudo lembram que no texto do Codex Atlanticus, coleção de documentos do pintor, há uma parte que diz: "[A alma] guia o braço do pintor e leva-o a reproduzir a si próprio, uma vez que parece à alma que esta é a melhor forma de representar um ser humano".

Se ter dois olhos focados num objeto – visao estereoscópica – nos dá uma noção de profundidade, por outro lado, dificulta a transposição do que vemos em três dimensões para uma folha de papel ou tela, uma vez que cada olho vê a realidade ligeiramente mais para a esquerda ou para a direita. Com um olho desviado, como ocorre no estrabismo, são formadas duas visões monoculares de duas dimensões, que acaba sendo "vantajoso" para pintar e desenhar, conforme explica o cientista Chistopher Tyler. O cérebro se adapta ao problema e desconsidera os sinais recebidos pelo olho desviado, enquanto a outra visão, sozinha, fornece uma imagem mais estática.

Na pesquisa da Universidade de Londres, os cientistas mediram o alinhamento dos olhos em seis trabalhos que, supostamente, foram parcialmente inspirados em Da Vinci, incluindo o famoso Homem Vitruviano e a escultura de David. Em todos foi possível encontrar o desalinhamento, com um desvio médio de 10,3º, o que equivale a dizer que o olho desviado tem tendência a olhar para fora.

Ainda assim, Tyler acredita que o pintor renascentista tinha ainda outra vantagem: o estrabismo dele seria intermitente, ou seja, conseguiria alinhar os dois olhos ao focar atentamente num objeto; o olho só se desviava quando o artista estava relaxado, pintando, o que lhe dava "o melhor" das duas visões.

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