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Estado de Minas POLÊMICA

Bayer é condenada a pagar indenização pelo uso de glifosato

Decisão é da justiça dos Estados Unidos, mas cabe recurso


postado em 02/04/2019 10:57 / atualizado em 02/04/2019 10:59

(foto: Bayer/Divulgação)
(foto: Bayer/Divulgação)

Na última quarta, dia 27 de março, a justiça dos Estados Unidos condenou a empresa farmacêutica Bayer a pagar mais de US$ 80 milhões (cerca de R$ 308 milhões) de indenização a um morador do estado da Califórnia (EUA) que alega que o herbicida Roundup, produzido pela Monsanto (adquirida em 2016 pela Bayer), contribuiu para que ele desenvolvesse câncer. A informação foi divulgada pela emissora estatal alemã Deutsche Welle. O agrotóxico em questão é composto pelo polêmico glifosato.

Esse caso pode influenciar milhares de outros processos contra a companhia nos tribunais americanos. A Monsanto enfrenta 11,2 mil processos similares na justiça envolvendo o Roundup.

Na decisão mais recente, o júri condenou a Bayer a pagar a Edwin Hardeman, de 70 anos, uma quantia de US$ 5 milhões a título de compensação, US$ 75 milhões como punição e US$ 200 mil por despesas médicas depois de concluir que o Roundup foi fabricado com problema e que a empresa não fez advertências sobre o risco apresentado pelo herbicida, o que foi considerado negligência pela justiça.

Ao longo de anos, Hardeman usou produtos à base de glifosato para tratar carvalhos, ervas e outras plantas em sua propriedade em São Francisco, na Califórnia. Segundo ele, citado pela Deutsche Welle, o uso do Roundup levou ao desenvolvimento de um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que afeta as células do sistema imunológico.

Vale lembrar que o herbicida glifosato, amplamente utilizado ao redor do mundo, inclusive no Brasil, passou a ser classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "provavelmente cancerígeno" em 2015.

Em resposta enviada à emissora alemã, a Bayer afirma que, embora simpatize com a situação de Edwin Hardeman, vai recorrer da decisão. "Estamos desapontados com a decisão do júri, mas esse veredito não tira o peso de mais de quatro décadas de pesquisa extensiva e as conclusões de órgãos reguladores ao redor do mundo que apoiam a segurança de herbicidas baseados em glifosato e que eles não são cancerígenos", afirma a farmacêutica no comunicado à Deutsche Welle.

"O veredito nesse julgamento não tem impacto em casos e julgamentos futuros, pois cada um é moldado por suas próprias circunstâncias factuais e jurídicas", acrescenta a Bayer.

Apesar de a OMS ter classificado o glifosato como provavelmente cancerígeno, agências reguladoras como a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês), a Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) e a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) não seguiram a decisão do órgão da ONU.

A Bayer nega que o herbicida cause câncer e questiona as conclusões da OMS.

No Brasil, o glifosato é amplamente empregado pelo agronegócio, principalmente nos plantios de soja e milho transgênicos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a substância não causa câncer, mutações, e não é tóxica para reprodução ou provoca malformação no feto.

(com Deutsche Welle)

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